DEBATE

                                                     
A revolta popular e as perspectivas de luta no Brasil

As recentes manifestações que ocorreram por todo o Brasil, com características de revolta popular e marcadas pelo espontaneísmo, refletem uma profunda insatisfação do povo com a péssima qualidade de vida, resultado do modelo econômico-social. A educação e a saúde públicas têm sido negligenciadas em sucessivos governos. O transporte urbano é caótico e entregue a máfias empresariais que o controlam há décadas a fio. O ufanismo desenvolvimentista, a propaganda governamental e da grande imprensa, que enaltece que o Brasil avançou muito foi desmascarada. 

A revolta contra a repressão policial aos manifestantes e os gastos públicos com os estádios de futebol para a da Copa do Mundo foi geral. Os governantes de plantão recuaram diante da pressão popular. A suspensão dos aumentos das tarifas dos transportes, uma vitória das manifestações, fez com que várias parcelas do povo passassem a acreditar na luta para conquistar melhorias nas suas condições vida. A luta de classes se aprofundou. São novos tempos no Brasil.

Com: Marco Antonio V. dos Santos
1º de agosto – Quinta, às 18:30h
Rua Haddock Lobo, 408/ Sala 101 – Tijuca
Segue anexada Nota da Direção Nacional da Organização Comunista Arma da Crítica
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Organização Comunista Arma da Crítica/RJ e CeCAC
Rua Haddock Lobo, 408 / 101 – Tijuca - Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 2524-6042 e (21) 8892-5202
E-mails: o.c.armadacritica.rj@gmail.com; cecac@terra.com.br

Nota da Organização Comunista Arma da Crítica 

As recentes manifestações que ocorreram por todo o Brasil, com características de revolta popular e marcadas pelo espontaneísmo, refletem uma profunda insatisfação do povo com o aumento do custo de vida e com a péssima qualidade dos serviços públicos, resultado do modelo econômico-social. A educação e a saúde públicas têm sido negligenciadas em sucessivos governos. Os profissionais de saúde e educação são mal remunerados e não têm perspectiva de carreira. O transporte urbano é caótico e entregue a máfias empresariais que o controlam há décadas a fio, com a malha de metrôs e trens urbanos paralisada ou se expandindo muito lentamente.

As prioridades do governo Dilma são as grandes obras de infraestrutura – que beneficiam o setor exportador e o agronegócio –, as desonerações fiscais para salvar setores do empresariado industrial, estimulando a concentração do capital e a oligopolização da economia. Esse governo paralisou os assentamentos da reforma agrária, deixou aprovar um código florestal na medida do agronegócio e implodiu as demarcações de terras indígenas. Sua política social é prioritariamente as políticas compensatórias, de orientação do Banco Mundial, como a bolsa-família. Sinaliza com a contrarreforma trabalhista, via implantação do Acordo Coletivo Especial, e aprofunda a contrarreforma da previdência, com a perda de direitos. 

A opção pelo grande capital – agora também com os grandes eventos, tipo Copa do Mundo e Olimpíadas com seus gastos exorbitantes, concretizada com investimentos públicos – é feita em detrimento das políticas sociais. Pouco se avança no atendimento às necessidades do povo. O aumento da passagem foi a gota d’água que pôs a nu as contradições desse modelo de desenvolvimento capitalista, de integração subordinada do Brasil no sistema imperialista. As multidões acorreram às ruas em repúdio a este estado de coisas e à brutal repressão policial, agudizando a luta de classes no país.

A maioria dos sindicatos e entidades que anteriormente estavam no campo popular tem funcionado como correia de transmissão do governo, sendo dirigida e conduzida pelos interesses governamentais e da burguesia. Tal política desmobilizou e desarmou a classe operária em sua intervenção na conjuntura. Os meios de comunicação e as organizações de direita tiveram grande facilidade para tentar impor suas posições políticas e ideológicas na onda de mobilizações, com o objetivo de conter a revolta popular e acuar os setores populares organizados. Em alguns locais os militantes foram agredidos e expulsos de manifestações, bandeiras de partidos e organizações populares foram repelidas.

 Para as forças populares não é hora de temer as ruas. Com o intuito de garantir os seus lucros e temeroso de perder seus privilégios, o grande capital ataca os direitos do povo duramente conquistados. Com a bandeira anticorrupção, setores do grande capital tentam conter cada vez mais os investimentos públicos nos setores sociais, como saúde e educação e diminuir a participação estatal na economia nas áreas de interesse popular. Para isso, conta com o apoio de alguns setores das camadas médias. É preciso, portanto, mobilizar, entender as necessidades dos trabalhadores e do povo.

As forças revolucionárias não devem aceitar as provocações. Não devemos entrar em disputas de autoafirmação e autoproclamação. A rejeição aos partidos possui um componente fascista e antidemocrático. Porém, é a face da rejeição aos conchavos, à exclusão da população das decisões políticas e às políticas antipovo dos partidos no poder. Cabe aos comunistas e revolucionários não confundir os grupos fascistas, nazistas e policiais com parcelas das massas que vão para as manifestações influenciadas e iludidas por posições de direita. Cabe sim disputá-las para posições que correspondam à defesa de seus reais anseios.

A Organização Comunista Arma da Crítica vem orientando seus militantes e amigos a continuar nas mobilizações. Os militantes comunistas devem dirigir os seus esforços para que o centro da luta sejam as aspirações e necessidades da classe operária e do povo, como saúde, educação públicos, gratuitos e de qualidades. Contra toda a repressão policial e pela libertação dos presos nas manifestações. Combate à apropriação das verbas do Estado por empresários dos transportes, da saúde e da educação, fonte principal da corrupção. A prioridade é mobilizar a partir dos bairros e dos locais de trabalho e estudo, aproveitando as energias liberadas pelos acontecimentos das últimas semanas.

O grande capital e a direita são enfrentados nas ruas, e nas lutas concretas pelas legítimas aspirações populares - econômicas, sociais e políticas. E, num trabalho político dos militantes, cotidiano, permanente, com resultados a médio e longo prazo, ensinando e aprendendo com as massas populares, trilhar o caminho para por fim à violenta exploração capitalista. E, assim nesse processo, acreditamos que será forjada a unidade dos combatentes comunistas, reconstruindo o Partido revolucionário do proletariado e das massas oprimidas, com a perspectiva do socialismo.

São Paulo, 22 de junho de 2013

Organização Comunista Arma da Crítica/RJ e CeCAC
Rua Haddock Lobo, 408 / 101 – Tijuca - Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 2524-6042 e (21) 8892-5202
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