Tribunal russo libera sob fiança ativista brasileira do Greenpeace, confirmando nossa informação de ontem
Ria/Nóvosti |
Poucas horas antes de o ministro das Relações Exteriores brasileiro chegar a Moscou para visita oficial, um tribunal de São Petersburgo anunciou nesta terça-feira (19) a decisão de libertar sob fiança ativista brasileira do Greenpeace, Ana Paula Maciel.
O tribunal ordenou que Maciel seja libertada mediante pagamento de 2 milhões de rublos (R$ 141 mil), quantia que será assumida pelo próprio Greenpeace .
O governo brasileiro não chegou a fazer comentários públicos sobre as acusações, mas esteve sob forte pressão de grupos ambientalistas e facções internas, incluindo o Ministério do Meio Ambiente. Alguns oficiais do governo temem que Maciel possa se tornar uma causa célebre nas próximas eleições. O caso foi alardeado pela oposicionista Marina Silva, ambientalista que ficou em terceiro lugar na última eleição presidencial e é vista como uma das principais candidatas à vice-presidência no ano que vem.
Apesar de a decisão satisfazer as autoridades brasileiras, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguêi Lavrov, ainda pode enfrentar certa pressão sobre o caso ao se reunir com seu homólogo brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, nesta quarta-feira (20).
“O assunto já foi encaminhado entre os embaixadores dos dois países, mas o tema vai agora integrar a primeira reunião de alto nível entre os dois lados em que o brasileiro expressará as preocupações da presidente Dilma Rousseff”, declarou uma porta-voz do ministério brasileiro pouco antes do anúncio da decisão.
Esta será a primeira viagem de Figueiredo fora da América do Sul desde que assumiu o cargo em agosto passado, mas a porta-voz negou qualquer ligação entre a decisão de visitar a Rússia, que é um parceiro próximo do Brasil no G20 e no Brics, com a prisão da ativista. “É apenas uma coincidência”, disse ela.
O governo brasileiro havia pedido a Rússia para liberar Maciel sob fiança, e Figueiredo planejava oferecer garantias de que ela não fugiria do país durante o processo judicial. Porém, o primeiro-ministro russo Dmítri Medvedev disse que o governo não poderia intervir no caso Greenpeace.
Movimento internacional
Os ativistas do Greenpeace foram presos após alguns integrantes do navio Arctic Sunrise tentarem escalar uma plataforma de petróleo da Gazprom, em protesto contra a exploração de petróleo no Ártico russo. Eles estão atualmente presos em São Petersburgo e podem pegar até sete anos de prisão sob acusação de vandalismo.
Depois de a Justiça russa negar por diversas vezes os pedidos de fiança aos ativistas, um tribunal de São Petersburgo autorizou nesta segunda-feira (18) a liberação de três cidadãos russos mediante pagamento de fiança. No entanto, o mesmo pedido feito por um quarto detido, de nacionalidade australiana, foi rejeitado. Pela decisão do tribunal, o ativista australiano será mantido sob custódia até 24 de fevereiro.
O ministro das Relações Exteriores da Austrália e o primeiro-ministro britânico se uniram a outras vozes internacionais que denunciaram as prisões e sentenças potencialmente severas, pedindo a libertação dos ativistas.
Publicado originalmente pelo The Moscow Times (Com a Gazeta Russa)
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