Belo Horizonte: 12 são detidos em manifestação contra as arbitrariedades da Copa
O ato "Copa sem Povo, Tô na Rua de Novo" na tarde de quinta-feira em Belo Horizonte foi marcado pela manifestação contra a Copa do Mundo, no dia da abertura do evento, e pela repressão policial na capital mineira.
Com cartazes, faixas, bandeiras e instrumentos musicais, os cerca de 400 manifestantes também tiveram o apoio dos moradores da Ocupação William Rosa, de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Algumas das reivindicações eram a implantação da tarifa zero no transporte público, o direito à livre manifestação e contra a criminalização dos movimentos sociais, a desmilitarização da polícia e a auditoria referente ao dinheiro gasto com a organização do Mundial.
Roberto Verônica, representante do movimento Luta Popular, disse que o objetivo do protesto era dar visibilidade para os problemas da ocupação, além de protestar contra os altos gastos com a realização da Copa.
De acordo com Isabella Miranda, pesquisadora e fundadora do Copac (Comitê Popular dos Atingidos pela Copa), "são 14 mil desalojados de suas casas para as obras do Mundial".
Segundo o integrante do Movimento Tarifa Zero, André Veloso, "o ato critica toda a violência e o estado de exceção que está colocando para que a Copa aconteça", como a situação dos feirantes que trabalhavam no entorno do Estádio do Mineirão e que perderam o local de trabalho a partir do início das obras para o Mundial.
A confusão começou na Praça da Liberdade, região centro-sul de BH, onde havia um relógio para a contagem do tempo que restava para a abertura do Mundial. Policiais usaram gás de pimenta e balas de borracha para reprimir os manifestantes, que reagiram atacando pedras.
Segundo o major Gilmar Luciano, chefe de imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, os ativistas "queriam quebrar o relógio e jogaram pedras contra os policiais".
Mas de acordo com Pedro Rocha, integrante da Assembleia Popular Horizontal de Belo Horizonte, os manifestantes começaram a se aproximar do relógio, e quando estavam próximos, "a polícia atirou bala de borracha e bomba de efeito moral".
"A força desproporcional da polícia acabou gerando certo descontrole, e as pessoas começaram a revidar com pedras", conta Pedro. "O que a PM fez foi novamente usar da sua força e da violência legitimada para dispersar a manifestação."
A PM contou com a ajuda de agentes do Batalhão Copa e Batalhão de Eventos para reprimir o protesto.
O servidor público Pedro Ribeiro, que também participou da manifestação, disse à Agência Brasil que viu uma pessoa ser detida de forma arbitrária pela polícia. "A PM estava levando duas pessoas e tinha um pessoal filmando. Aí veio um homem negro sozinho atrás, um guarda apontou para ele e mandou ele encostar em uma banca. Na hora, chegou um outro PM como se fosse para revistar, mas dai já foi levando."
Doze pessoas foram detidas durante a tarde e o início da noite. A manifestação foi sendo dispersada a partir das 18h.
(Com Agência Brasil, Terra e R7, Diário Liberdade)
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