O crescimento exponencial da insegurança
Arquivos em papel são muito mais seguros. O malware não pode ser neles introduzido. Roubar uma informação pessoal exigiria saber a localização da mesma, a intrusão no edifício, a busca de dados em arquivos e a cópia da informação. Interceptar uma comunicação de voz exigia um mandado para escutar (wiretap) uma linha telefónica específica.
Paul Craig Roberts
Não há isso de ciber segurança. A única escolha é mais ou menos segurança, como demonstra o recente hack da National Security Agency.
Hackers roubaram uma ciber arma da NSA, a qual foi utilizada em ataques (no momento em que escrevo) a 150 países, encerrando elementos do Serviço Nacional de Saúde britânico, da companhia de telecomunicações espanhola Telefonica, montadores de automóveis como a Renault e a Nissan, o Ministério do Interior russo, o Federal Express, a companhia de energia PetroChina e muito mais.
A tendência dos noticiários não é culpar a NSA por sua falta de cuidado e sim atribuir a culpa aos utilizadores da Microsoft por não actualizarem seus sistemas com um patch (remendo) emitido dois meses atrás. Mas as questões importantes não têm sido perguntadas: O que a NSA estava a fazer com tal malware e porque a NSA não informou a Microsoft do mesmo?
Claramente, a NSA pretendia utilizar a ciber arma contra algum país ou países. Por que tinha ela de mantê-la em segredo para a Microsoft?
Era para ser utilizada a fim de deitar abaixo sistemas russos e chineses antes de lançar um primeiro ataque (first strike) nuclear contra estes países? O Congresso deveria estar a perguntar isto pois é certo que os governos russo e chinês estão. Como informei anteriormente, o Alto Comando Russo já concluiu que Washington está a preparar um primeiro ataque contra a Rússia, assim como a China.
É extremamente perigoso que duas potências nucleares tenham esta expectativa. Este perigo não recebeu atenção de Washington e dos seus vassalos da NATO.
O presidente da Microsoft, Brad Smith, comparou o roubo da ciber arma da NSA a "os militares dos EUA terem alguns dos seus mísseis Tomahawk roubados". Por outras palavras, com ciber armas, tal como com armas nucleares e prazos curtos de advertência, as coisas podem desandar muito. http://www.bbc.com/news/technology-39915440
E se os hackers tivessem atacado com êxito o Ministério da Defesa russo ou sistemas de advertência por radar? Será que o Alto Comando Russo teria concluído que o ciber ataque era o prelúdio de Washington para a chegada de ICBMs?
O facto de que ninguém em Washington ou qualquer governo ocidental tenha se aproximado para tranquilizar o governo russo e pedir a remoção das bases de mísseis dos EUA que cercam a Rússia indica um nível de arrogância ou recusa que vai além da compreensão.
No meu texto de 12 de Maio escrevi: "Os custos da revolução digital excederam os seus benefícios muitas vezes. A revolução digital rivaliza com as armas nucleares como a mais catastrófica tecnologia do nosso tempo".
Em resposta, Robert Henderson escreveu-me da Inglaterra a dizer que em 2010 havia tratado dos enormes custos da revolução digital. Aqui está o link para o seu artigo: "Men and Machines: Which is Master Which is Slave?" ("Homens e máquinas: Quem é o mestre e quem é o escravo?") livinginamadhouse.wordpress.com/...
A leitura do seu artigo elevará a sua consciência. Quando se acrescenta os vastos custos financeiros, a despersonalização do relacionamento humano e a completa perda de privacidade individual e segurança, o benefício de estar conectado é amplamente sobrepujado pelos custos.
Arquivos em papel são muito mais seguros. O malware não pode ser neles introduzido. Roubar uma informação pessoal exigiria saber a localização da mesma, a intrusão no edifício, a busca de dados em arquivos e a cópia da informação. Interceptar uma comunicação de voz exigia um mandado para escutar (wiretap) uma linha telefónica específica.
As pessoas nascidas num mundo onde a facilidade de comunicação vem ao preço da perda de autonomia nunca experimentam privacidade. Elas estão inconscientes de que foi perdido um fundamento da liberdade.
Na nossa era de imprensa e TV controladas, a revolução digital serve por enquanto como uma verificação da capacidade da elite dominante para controlar explicações. Contudo, a mesma tecnologia que actualmente permite explicações alternativas pode ser utilizada para impedi-las. Na verdade, esforços para desacredita e limitar explicações não aprovadas estão já a caminho.
Os inimigos da verdade têm uma arma poderosa na revolução digital e podem utilizá-la para arrebanhar a humanidade dentro de uma distopia tirânica. A revolução digital tem mesmo o seu próprio Buraco de Memória. Ficheiros armazenados electronicamente por tecnologias mais velhas já não podem saer acessados pois existem em formatos electrónicos ultrapassados que não podem ser abertos pelos sistemas actuais em uso.
Os humanos estão a demonstrar serem a mais estúpida das formas de vida. Eles criam armas que não podem ser utilizadas sem se destruírem a si próprios. Eles criam robots e mitos de livre comércio que eliminam seus empregos. Eles criam tecnologia de informação que destrói sua liberdade.
As distopias tendem a ser permanentes. As gerações nelas nascidas nunca chegam a conhecer algo diferente e os mecanismos de controle são totais.
E os écrans digitais servem como Soma .
15/Maio/2017
O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/2017/05/15/exponential-growth-insecurity/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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