União Brasileira de Mulheres lamenta a morte de Gilse Consenza

                                                                   
A União Brasileira de Mulheres(UBM) emitiu nota de pesar pela morte de Gilse Consenza, ocorrida na noite de domingo. Para a entidade, "encerra-se um dos mais belos capítulos da história das mulheres na luta pela democracia no Brasil". 

A nota da entidade descreve parte da aguerrida trajetória de Gilse ao longo de mais de cinquenta anos de militância política desde os tempos de estudante em Belo Horizonte. Ao longo da vida "Gilse suportou cicatrizes, medos e incertezas com coragem e sem se curvar diante da luta. 

Diante de sucessivos desafios, manteve-se sempre de peito aberto no decorrer da sua existência que, hoje, infelizmente, chegou ao fim". afirma UBM.

Leia abaixo a íntegra: 


Gilse Consenza vivera para sempre em nossos corações

A vida é feita de partidas e chegadas. Nesta noite de 28 de maio de 2017, encerra-se um dos mais belos capítulos da história das mulheres na luta pela democracia no Brasil: nossa grande guerreira Gilse Cosenza faleceu após uma dura luta contra o câncer.

Dia 1º de Abril de 1964 – dia do Golpe Militar no País, a caloura Gilse, que havia sido aprovada em 1º lugar para Serviço Social na PUC Minas, ingressa na luta contra a repressão. Como líder estudantil, foi presa e torturada. Permaneceu por longo período na clandestinidade, mudou de nome inúmeras vezes e lutou de forma aguerrida pelos direitos da mulher.

Integrante de uma lista de 17 estudantes onde era a única mulher do grupo, foi considerada perigosa pelos militares pelo fato de ser progressista e inteligente. Depois de formada, foi obrigada a fugir e viver na clandestinidade. 

Mesmo grávida, continuou ativa na militância e, em uma das reuniões, sua bolsa rompeu e foi levada ao Hospital das Clínicas onde descobriu que estava grávida de gêmeas. @s companheir@s que a acompanhavam conseguiram um médico progressista para fazer o parto, pois ali ela poderia ser descoberta e presa pelo regime militar.

Depois de quinze dias, uma das gêmeas morreu e Gilse ficou apenas com uma das meninas – sua filha, Juliana. Quando a pequena completou quatro meses de idade, Gilse foi presa pela ditadura e submetida barbaramente a torturas físicas e psicológicas. 

Os militares a ameaçavam dizendo que iriam pegar sua filha Juliana e torturá-la caso não colaborasse com os inquéritos. Jamais colaborou. Após todo o sofrimento, conseguiu ser libertada, foi para São Paulo reencontrar o marido e a filha, mas obrigada a continuar na clandestinidade. 

Foi, então, convidada a recompor o PCdoB no Ceará, onde permaneceu anos na presidência do partido no estado. Com a mesma dedicação e disposição de luta, se empanhava na luta feminista. Tivemos a honra de sermos lideradas por ela na presidência da UBM no período de 1991 a 1997.

Gilse suportou cicatrizes, medos e incertezas com coragem e sem se curvar diante da luta. Diante de sucessivos desafios, manteve-se sempre de peito aberto no decorrer da sua existência que, hoje, infelizmente, chegou ao fim. Gilse Cosenza viverá para sempre em nossos corações, iluminando os nossos passos em defesa das mulheres, do Brasil e democracia!

28 de maio de 2017

União Brasileira de Mulheres

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