O diário de Anne Frank em quadrinhos
Capa da edição alemã de O diário de Anne Frank em quadrinhos, da editora S. Fischer
Um dos livros mais lidos mundo afora ganha agora versão em graphic novel. Adaptação do cineasta Ari Folman e do ilustrador David Polonsky já foi publicada no Brasil, e em 2019 deve chegar ao cinema.
Publicada pela primeira vez há 70 anos, a trajetória de Anne Frank já tocou leitores e espectadores em todo o mundo. Agora o diário da menina judia que fugiu com a família da Alemanha para Amsterdã em 1933, ficou escondida na cidade após a ocupação alemã e acabou deportada para o campo de concentração nazista de Auschwitz, pode ser lido em forma de quadrinhos.
Em sua adaptação de O diário de Anne Frank, o roteirista e diretor de cinema Ari Folman e o ilustrador David Polonsky – nomeados ao Oscar por Valsa com Bashir (2008) – combinam o texto original do caderno de memórias da garota com diálogos fictícios. A graphic novel retrata uma jovem autoconfiante, que mira o leitor com uma expressão desafiadora.
Neste mês, o livro, com 160 páginas, é publicado em 50 países, incluindo os idiomas holandês, alemão, francês e espanhol. No Brasil, foi lançado pela editora Record com o título O diário de Anne Frank em quadrinhos. Após os primeiros lançamentos, mais idiomas devem se seguir.
O volume é baseado no diário originalmente publicado pelo pai da jovem, Otto Frank, em 1947, e foi autorizado pela Fundação Anne Frank. A dupla Folman e Polonsky também está preparando um filme sobre Anne Frank, que deve ser lançado em 2019.
O diário da adolescente judia, escrito enquanto se escondia com a família até sua captura pelos nazistas, em 1944, é um dos livros mais lidos mundo afora. Folman disse ter tentado "preservar o senso de humor mordaz de Anne, seu sarcasmo e sua obsessão com comida".
Polonsky também considera que o diário original tinha muito humor. "É um lindo trabalho escrito por uma linda pessoa, e a melhor coisa que podemos fazer é levar esse espírito adiante e tratá-lo como uma obra de arte."
Folman, nascido em Israel, afirma ter uma boa ideia do sofrimento da garota, já que os pais deles são sobreviventes do Holocausto. "Anne e a família chegaram aos portões de Auschwitz no mesmo dia em que meus pais chegaram lá", diz o cineasta.
Segundo Folman, de início ele resistiu à proposta de adaptar o diário feita pela Fundação Anne Frank, mas depois se deu conta da importância de transmitir a história a uma nova geração.
"Temo que estejamos chegando a um momento em que não haverá mais sobreviventes do Holocausto vivos e mais nenhuma testemunha para contar suas histórias", diz o diretor. "Há uma grave ameaça de que as coisas que temos que saber [sobre o Holocausto] não sejam mais ensinadas e aprendidas se não encontrarmos uma nova linguagem para elas."
Uma biografia ilustrada de Anne Frank já havia sido lançada em 2010 – no Brasil, foi publicada pela Companhia das Letras neste ano. A obra foi encomendada pela Casa de Anne Frank, em Amsterdã. O livro foi ilustrado pelo americano Ernie Colón, e os textos ficaram a cargo de Sid Jacobson.
Colón se manteve amplamente fiel aos documentos fornecidos, e o volume pode ser considerado bem mais clássico que o de Folman e Polonsky. Além disso, a nova versão em quadrinhos é a primeira reprodução gráfica do diário em si, e não da vida da jovem judia.
Depois de Auschwitz, Anne e a irmã foram enviadas ao campo de concentração de Bergen-Belsen. Ambas morreram no local no início de 1945, provavelmente de tifo. Anne tinha 15 anos. O campo foi liberado por soldados britânicos pouco depois.
Fugindo dos nazistas
Em 1933, Anne Frank e a família fugiram da Alemanha para Holanda. Para escapar dos nazistas, eles tiveram de se esconder durante a Segunda Guerra Mundial. Viveram dois anos nos fundos de uma casa em Amsterdã. Mas alguém denunciou o esconderijo, e, em 4 de agosto de 1944, a família foi descoberta, presa e deportada para o campo de extermínio de Auschwitz.
(Com a Deutsche Welle)
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