Mais uma liderança assassinada no Pará


Dia 25 mais um caso se somou à lista de assassinatos de trabalhadores rurais que ocorre com tamanha impunidade no estado do Pará, região Norte do Brasil. Dessa vez a vítima foi Valdemar Barbosa de Oliveira, 54 anos, que trafegava em sua bicicleta, quando foi abordado por dois pistoleiros e terminou sendo morto a tiros. O agricultor é a sexta vítima desde maio deste ano e a polícia ainda não se manifestou sobre a autoria do crime, que aconteceu em Marabá.
Os movimentos da região e a Comissão de Pastoral da Terra (CPT) estão se mobilizando para marcar uma audiência para a próxima semana com o secretário de Segurança Pública sobre o caso do agricultor e dos demais assassinados.
Valdemar foi morto na Avenida Belém-Brasília, no bairro São Félix, periferia de Marabá. O agricultor já havia registrado boletim de ocorrência na Polícia Civil, informando que vinha sendo ameaçado de morte desde o início do ano.
Valdemar tinha ligação com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Marabá, e coordenou por muitos anos as famílias ocupantes da fazenda Estrela da Manhã, na mesma cidade. O agricultor residia na ocupação Folha 06 no bairro Nova Marabá, que ajudou a ocupar. Ele coordenava ainda, a mais de um ano, as famílias que ocupavam a fazenda Califórnia no município de Jacundá. Como a terra não foi desapropriada para a reforma agrária, as famílias foram despejadas pela polícia militar do estado.
Para Geusa Cunha Morgado, da Comissão de Pastoral da Terra (CPT), o caso continua sem explicação. "Necessitamos saber como e por que Valdemar foi barbaramente assassinado”, disse.
Geusa explica que antes do fato acontecer, os trabalhadores vinham realizando, durante toda semana, ocupações na região por parte das mobilizações das Jornadas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em todo país. "As ocupações têm causado conflitos entre agricultores e fazendeiros”, disse.
Ela ainda reclama da violência dos pistoleiros e da polícia nos despejo das famílias que se utilizam da violência e também da morosidade da justiça na solução dos casos. "Desde o primeiro crime, que vitimou o casal de extrativistas, Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, não se tem uma resposta por parte da polícia”, criticou.
Nos últimos 20 anos, segundo levantamento divulgado na reunião do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública do Brasil, em Belém, estado do Pará, para cada família assentada no estado, ocorreu 237 crimes no campo. Outra pesquisa listada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) revela que dos 588 crimes mais recentes, 40% tiveram como motivo a briga pela posse da terra, 6% foram por motivos diversos, como crime passional e 54%, maior parte dos crimes, têm causas indefinidas.
Impunidade que justifica a violência
Entre maio e agosto desse ano, Valdemar Barbosa de Oliveira foi a 6ª vítima assassinada no estado do Pará. Com relação aos outros cinco homicídios registrados no estado não foi efetuada nenhuma prisão e os casos continuam impunes, até o momento.
As vítimas foram: o casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, assassinados em uma emboscada em Nova Ipixuna (481 km de Belém), em 24 de maio. Dias após, Eremilton Pereira dos Santos, 25 anos, foi encontrado morto no mesmo assentamento. No início de julho, o lavrador João Vieira dos Santos, 33 anos, foi morto a tiros em uma estrada de Eldorado dos Carajás (627 km de Belém). O quinto camponês foi Obede Loyola Souza, 31 anos, assassinado em Pacajá (521 km de Belém) no dia 9 de julho. (Com a Adital)

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