Segurança de fazendeiro esfaqueia Quilombola - Brejo dos Crioulos
“Ai de vós, que juntais casa a casa e que acrescentais campo a campo, até que não hajas mais lugar e sejais os únicos donos da terra.” (Isaías 5,8)
Na madrugada de hoje, 20 de agosto de 2011, por volta de uma hora da madrugada, no Território Brejo dos Crioulos, norte de Minas Gerais, local onde a comunidade luta pela conquista da sua Terra, o "segurança" Roberto Carlos Pereira do fazendeiro Raul Ardido Lerário, dono de um dos maiores latifúndios dentro do território, esfaqueou um Quilombola. Foram duas facadas em Edmilson de Lima Dutra (conhecido por Coquinho)que está em grave estado de saúde no hospital da cidade de Brasília de Minas. Roberto, foragido, há mais de 12 anos trabalha (sem registro) para o fazendeiro paulista Raul Ardido Lerário. Informações estas recebidas da Comunidade e do Cabo Ruan, da PM de São João da Ponte - BO número 1122 – REDS 2011-001486740-001. Roberto andava armado e já tinha feito ameaças de morte aos moradores, inclusive a Zé do Mário. A história dos empregados de Raul Ardido Lerário já é marcada pelo assassinato de Lídio Ferreira Rocha, há pouco mais de um ano, quilombola irmão de Francisco Cordeiro Barbosa – Ticão -, vice-presidente da Federação quilombola e liderança local. O assassino, João Borges, está com processo na justiça.
A comunidade luta pela conquista dos seus direitos e pela titulação do território há mais de 10 anos. A morosidade do governo e a violência dos latifundiários, com suas milícias armadas, vêm aumentando a tensão em Brejo dos Crioulos. Outros Quilombolas já foram baleados pelos pistoleiros a mando dos fazendeiros. E os casos de violência e ameaça são freqüentes. Os fazendeiros mantêm um grupo de pistoleiros que vem aterrorizando a comunidade, o que caracteriza uma organização criminosa de milícias armadas. Com a situação alguns Quilombolas estão inseridos no programa de proteção aos ameaçados.
O processo de regularização está na Casa Civil para assinatura do decreto de desapropriação pela presidenta Dilma Rousseff. A não assinatura do decreto ou sua demora significa a continuidade desta violência com possibilidades de vidas serem ceifadas no futuro.
Até quando...??? Será necessário mais mortes e massacres?
Montes Claros, 20 de agosto de 2011
Comissão Pastoral da Terra
Minas Gerais
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