Turismo em Cuba agrada norte-americanos
O primeiro grupo de norte-americanos a fazer turismo em Cuba sob as novas, e mais liberais, regras dos Estados Unidos para viagens ao país foi recebido com abraços, apertos de mão e boas-vindas do governo cubano, segundo um agente de viagens. Os 30 viajantes são pioneiros da nova era de intercâmbio “de povo a povo”, aprovada em janeiro pelo governo de Barack Obama para “ampliar o livre fluxo de informação” aos cubanos, contrariando as objeções dos que eram favoráveis à manutenção da política linha-dura contra o regime comunista da ilha.
Estima-se que entre 30 e 35 grupos tenham obtido até o momento licenças de viagem, em conformidade com a nova legislação, que reintroduziu normas baixadas pelo ex-presidente Bill Clinton em 1999, mas revogadas por seu sucessor, George W. Bush, em 2003. O primeiro grupo de viajantes foi a orfanatos, instalações médicas, museus de arte, apresentações musicais e fazendas de cultivo de tabaco. Eles também andaram pelas ruas da Velha Havana, na primeira prova do fruto proibido que Cuba tem sido há cinco décadas para os Estados Unidos, desde a imposição de um embargo comercial contra a ilha.
As reações foram bastante variadas, segundo Tom Popper, da Insight Cuba, a agência de viagens que levou o grupo.
– Algumas pessoas estão impressionadas pelo que veem e surpresas com o povo, a cultura e tudo ao redor. E algumas se sentem horríveis por ver que conseguir café é uma luta, e encontrar coisas para comer é difícil, e que há duas economias, e um médico precisa trabalhar como taxista para complementar sua renda – disse ele esta semana à agência inglesa de notícias Reuters.
Ele descreveu uma emotiva visita a uma unidade para cegos, onde 40 pessoas aguardavam o grupo e aplaudiram quando chegaram.
– Eles fizeram uma apresentação, dois deles tocaram, eles dançaram juntos. As pessoas se abraçaram. Houve muitas lágrimas. Foi simplesmente lindo. Tais trocas fazem diferença para os norte-americanos e também fazem diferença para os cubanos. Por isso, apenas espero que talvez um dia eles possam ver valor do que está sendo feito – contou Popper.
“Eles” é uma referência aos políticos e outros, na maioria exilados cubanos que vivem na Flórida, que se opõem à reaproximação com o governo liderado pelo presidente Raúl Castro e acreditam que a viagem de norte-americanos a Cuba ajuda o sistema comunista, cuja queda esperam há 50 anos. Eles lutam para manter parte do embargo que impede boa parte dos norte-americanos de ir a Cuba, e do qual as novas normas abriram uma brecha, de acordo com diretor do Fundo de Reconciliação e Desenvolvimento, John McAuliff, que defende a melhoria das relações EUA-Cuba.
– Em princípio, o anúncio feito pelo presidente em janeiro significa que virtualmente qualquer americano com um sério interesse em Cuba pode visitá-la – disse ele.
Entre outros aspectos, a nova lei permite que os norte-americanos viajem a Cuba por meio de agências como a Insight Cuba, que obtém uma licença dos EUA para realizar “viagens com determinados propósitos”, o que significa que tem de ser educacional e de interação com os cubanos.
– Sem praias – explicou Popper.
Esta semana os turistas se espalharam por Cuba. Na quinta-feira da semana passada, ao chegar à ilha, um participante enalteceu as virtudes da abertura para o turismo.
– É maravilhoso que mais gente possa vir aqui pelo fato de que é de povo para povo, e não de governo para governo. Acho que as pessoas têm um jeito de se entender sobre os problemas, algo que o governo não pode – disse o homem, que possivelmente diante da sensibilidade política da questão, se identificou como James Bond.
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