JORNALISMO CIDADÃO
Novo tipo de jornalismo surge no YouTube, revela estudo
Tradução: Larriza Thurler (edição de Leticia Nunes)
O YouTube é agora lar de um novo tipo de jornalismo visual interativo, com produção de milhões de “cidadãos testemunhas” todos os dias, revelou um estudo do Pew Research Center. Um exemplo marcante foi o tsunami que atingiu o Japão, em março de 2011. Na semana seguinte ao terremoto que causou a onda gigante, os 20 vídeos mais assistidos no YouTube receberam 96 milhões de visitas. A maior parte dos registros veio não de profissionais, mas de usuários que estavam no meio do desastre que matou mais de 18 mil pessoas. “Cidadãos estão criando seus próprios vídeos sobre notícias e os postando. Eles também estão compartilhando ativamente vídeos produzidos por jornalistas profissionais. E organizações de mídia estão tirando vantagem do conteúdo cidadão e o incorporando a seu conteúdo jornalístico”, afirma o relatório.
Parceria emergente
De acordo com o Pew Research Center, há uma parceria emergente entre veículos tradicionais e jornalistas cidadãos. Muitos dos vídeos do tsunami foram gerados por cidadãos, mas eles receberam mais audiência depois de terem sido compartilhados pela grande mídia em seus sites.
A rede de TV americana CNN apoia oficialmente o jornalismo cidadão desde 2006, com o projeto iReport, que encoraja usuários de todo o mundo a compartilhar notícias, imagens e vídeos sobre os mais diversos temas. O segundo iReport Awards, premiação anual, homenageou este mês uma gravação da queda de um palco na feira Indiana State Fair, em 2011, dentre outros vídeos.
O Projeto para Excelência em Jornalismo, do Pew Research Center, analisou vídeos entre janeiro de 2011 e março de 2011, avaliando os cinco vídeos mais populares a cada semana no canal “News&Politics” do YouTube. “Os dados mostram que se desenvolveu uma relação complexa e simbiótica entre cidadãos e organizações de notícias no site, relação que se assemelha ao diálogo jornalístico contínuo que muitos críticos previram que seria o novo jornalismo online”, avaliou a pesquisa.
O estudo revelou ainda que vídeos de desastres naturais tendem a ser os que mais atraem atenção. Eventos fora dos EUA foram os mais populares (70% do tráfego do YouTube vêm de fora do país); os três temas mais procurados foram tsunami, eleições russas e manifestações no Oriente Médio. Mais de 1/3 dos vídeos mais assistidos foram gerados por cidadãos e outros 51% vieram de organizações de notícias, porém muitos com conteúdo criado originalmente por usuários.
Ainda modestos
Embora os números sejam impactantes, eles ainda são modestos se comparados aos de telespectadores de notícias da TV tradicional. O relatório compara as 96 milhões de visitas por semana dos vídeos do tsunami às 22 milhões de pessoas que assistem a telejornais a cada noite – o que totalizaria 154 milhões em um período de sete dias, sem contar a TV a cabo e emissoras locais. A diferença é que sites como o YouTube permitem que os internautas montem sua própria programação.
O relatório não aborda um aspecto problemático do compartilhamento de vídeos do YouTube, que é dar crédito aos vídeos. Muitos noticiários exibem vídeos gerados por cidadãos sem dar o devido crédito. Informações de Doug Gross [CNN, 16/7/12]. (Com o Observatório da Imprensa)
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