Camponeses ocuam terras públicas na Espanha




 Organizados pelo Sindicato Andaluz de Trabalhadores (SAT) e pelo Sindicato de Trabalhadores do Campo (SOC), cerca de mil camponeses realizaram na terça-feira (24) a segunda ocupação de terras públicas do ano na Espanha. Os trabalhadores rurais ocuparam a propriedade Las Turquillas, localizada na província de Sevilha. A fazenda, pertencente ao Ministério da Defesa espanhol, tem 1.200 hectares e é utilizada pela cavalaria militar da cidade de Ecija.

O secretário-geral do SAT, Diego Cañamero, destacou que o objetivo da ocupação é que “a terra passe para as mãos dos trabalhadores” e que a propriedade, dedicada à criação de cavalos, comece a ser utilizada por cooperativas de trabalhadores e trabalhadoras. “Não queremos a propriedade da terra, queremos utilizá-la”, enfatiza Cañamero e defende “que a terra sirva para dar trabalho e criar riqueza, e não para receber subsídios da Europa”.

Atualmente, o aproveitamento agrícola da propriedade Las Turquillas alcança apenas 300 hectares, cedidos à prefeitura de Osuna para sua exploração. “Nesta comarca há 40% de desempregados e é necessário dar uma resposta a esta situação, antes que o Estado ou a prefeitura acabem vendendo estas propriedades a grandes produtores privados”, asseguram os camponeses.

Com a ocupação, Cañamero explica que os trabalhadores querem “mostrar que, nas mãos das cooperativas, a propriedade terá outro uso, pensando na criação de trabalho e em dar produtividade à terra e não somente em subsídios da União Europeia”. “As terras não podem servir para que quatro grandes proprietários recebam ajudas da Política Agrária Comunitária (PAC), deve-se colocá-las em produção para dar riqueza ao povo, mais ainda quando está tão assolado pelo desemprego”, afirma o líder sindical.

Não houve incidentes, apesar de um grande aparato policial ter acompanhado a ação dos camponeses. Participou da ocupação Juan Manuel Sánchez Gordillo, deputado do partido Esquerda Unida no Parlamento da comunidade autônoma de Andaluzia, prefeito de Marinaleda e dirigente do SAT, além de representantes municipais e deputados da província de Sevilha.

Desde o dia 4 de março, camponeses ligados ao SAT, formado em sua maioria por “jornaleros” (bóias-frias), ocupam a propriedade de Somonte. A fazenda de 400 hectares, pertencente ao governo de Andaluzia, está situada entre as cidades de Palma del Río, em Córdova, e Campana, em Sevilha. Participaram da ocupação em torno de 500 camponeses.

De acordo com Cañamero, as ações têm como objetivo reutilizar propriedades públicas para a agropecuária. “Pensamos que esta é a única forma de realizar nossas ideias de que a terra tem que ser autogestionada pelos próprios trabalhadores e trabalhadoras para criar o máximo de postos de emprego e favorecer o desenvolvimento da economia local e regional”, disse o SAT em nota logo após a ocupação de Somonte.

No entendimento dos camponeses, as ocupações, ainda que pontuais, por ocorrerem em meio à conjuntura de desmantelamento do Estado de bem estar, austeridade e ditadura de mercado, “podem animar mais sindicatos e organizações rurais a aderirem a esta forma sábia de luta”. (com informações do SAT e do Público.es)

(Com o Brasil de Fato)

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