O Movimento 5 de maio e a crise política
Extrema direita avança sobre a direita
A atual luta política entre a direita (PT/PCdoB/parte do PMDB) e a extrema direita (PSDB/DEM/parte do PMDB) cria um cenário de tal forma complexo que alguns setores, até mesmo da esquerda, o confundem com a iminência de um golpe de estado ou, mesmo, com a existência já de tal golpe. É fato que a extrema-direita usa de expedientes às margens da lei, com forte e decisivo respaldo de seu braço midiático, em especial da velha e muito conhecida mentirosa Rede Globo. A configuração de um golpe de estado, no entanto, tem como exigência fundamental a supressão da vigência dos pilares fundamentais do estado democrático de direito. E não é o que ocorre nem ocorrerá no curto prazo.
Concretamente, no caso da modernidade capitalista, golpe de estado implica a instalação de um estado fascista ou de uma ditadura militar. E não há no curto prazo sequer a perspectiva da instalação de uma destas formas de dominação política da burguesia. A outra forma de dominação política do estado burguês é a democracia, como sabemos os comunistas. Já tratamos deste tema neste espaço, mas caberia repetir, no geral, que as forças fascistas existentes no país não se encontram política e organizatoriamente aparelhadas para desferir um golpe à moda de Hitler/Mussolini e, de seu lado, as Forças Armadas não dão quaisquer sinais de que querem ou podem tomar o poder, derrubar a democracia e instalar um seu governo autocrático. O fato é que não existem nas FFAA correntes de pensamento e/ou lideranças capazes e interessadas em galvanizar, como em 1964, o conteúdo político-ideológico (de inegável conteúdo fascista, é fato) exibido pelos segmentos da classe média nas recentes manifestações de rua.
Como marxistas, destacamos que os partidos encarregados de manter no campo da institucionalidade política a estrutura social capitalista se apropriam não apenas da identidade e ideologia do sistema, mas também de suas fontes de recurso e financiamento. Não é obra do acaso que as mesmas empresas financiem de forma igual os maiores partidos brasileiros. A própria estrutura de captação de recursos ilícitos é a mesma, apenas modernizada e ampliada de acordo com as necessidades atuais.
Os comunistas não diferenciamos a apropriação ilícita daquela prevista e autorizada em lei, diferenças existentes apenas nas tacanhas mentes burguesas, que se deliciam com sua falsa moral. Temos consciência de que as leis do capitalismo são estruturas jurídicas para a defesa da existência do próprio capitalismo e não lhes devemos o menor respeito. Seja para partidos, políticos individualmente, empresas ou empresários, a apropriação da riqueza no sistema é sempre resultado da exploração da força de trabalho proletária, da exploração capitalista.
O messias volta à cena
Direita e extrema direita se apropriaram, cada uma da forma mais conveniente pra unir suas fileiras, da condução coercitiva de Lula em 4 de março. Com sua habitual habilidade política, o ex-presidente capitalizou politicamente a situação. O discurso feito horas depois de deixar o interrogatório a que foi submetido mostra sua extraordinária capacidade de orador. Descreveu-se como um injustiçado por estar ao lado dos pobres, um perseguido por se opor a elite, um homem simples que não merecia tal situação. Uma postura que animou a militância petista e seus apoiadores. Os mandatos de Lula – caracterizados pela retirada de direitos dos trabalhadores, pelos lucros fabulosos propiciados bancos, pelos bilhões de reais dados aos empresários e, também, pelas migalhas distribuídas ao proletariado – desapareceram das palavras mágicas de Lula.
A extrema direita se lambuzou de um discurso moralista e delirante. Aécio, Alckmin, Serra e seus pares lutam para colher dividendos da situação, enquanto fascistas declarados da estirpe de Bolsonaro veem sua própria força se multiplicar.
Direita e extrema direita não se confrontavam antes de tal forma aguda e direta porque havia a perspectiva do crescimento econômico, permitindo às diferentes expressões da burguesia conviver de forma pacífica. A aliança PT/PCdoB foi fundamental no período anterior, conduzindo o desmantelamento do estado, a retirada de direitos, a implementação de novas formas de administração privada na educação e na saúde por meio de PPPs, o financiamento de entidades privadas de ensino superior, um programa de privatizações etc.
O PT, enquanto detentor de significativas bases sociais entre os trabalhadores, pôde levar as aspirações da burguesia a níveis que o PSDB não poderia então atingir. As reformas da previdência e da educação são os exemplos mais claros desta situação: quando FHC tentou implementá-las foi impedido pelos movimentos trabalhistas e estudantil. Conduzidas por Lula, foram realizadas exatamente graças à força do PT junto aos sindicatos e movimentos sociais. Usando a fachada dos programas sociais, o PT bancou a ampliação da exploração a níveis brutais. Apoiado pelas inovações produtivas e pelo consumismo, construiu a ilusão de avanços e redução da desigualdade, quando na verdade o fosso entre exploradores e explorados se amplia cada dia mais.
É preciso ampliar a exploração
A crise capitalista, de âmbito mundial, configura uma nova situação. Já não é mais possível garantir os lucros da burguesia sem fazer ataques ainda mais agudos aos trabalhadores, o que exigiria do PT um ataque ainda mais incisivo às suas próprias bases. Neste quadro, a extrema direita ganha forças junto à própria burguesia e à pequena burguesia, pois prega uma política adequada às necessidades imediatas das mesmas. Com sua voz amplificada por uma mídia ao mesmo tempo voraz e desavergonhada, a extrema direita navega na lama com a maior desenvoltura.
Mas não é uma disputa tão simples como supõe a banda fascista. O PT carrega não só um exército de burocratas e líderes sindicais enfurnados em postos do governo, mas também uma liderança remanescente em importantes faixas do proletariado, principalmente em seus estratos mais empobrecidos. Longe do poder o partido fatalmente se desmantelaria e perderia sua força institucional. E eis que surge a possibilidade de um Lula renascido, flagelado e perseguido, que aceita salvar o governo. Para cumprir seu papel messiânico de unir explorados e exploradores em direção à perpetuação do sistema capitalista.
É contra tal figura que extrema direita se prepara para lutar e ergue suas velhas armas. A frente de seu exército marcha a soturna figura do juiz Sérgio Moro, com sua aparência implacável e seus trajes negros. Tropas em verde e amarelo caminham pelas ruas atendendo os clarins da Rede Globo, Record e editoriais dos principais jornais do país.
Esta luta não é a nossa luta. Não é a luta do proletariado. Não é a luta dos comunistas. Se a direita e a extrema direita querem batalhar na lama para tomar o poder do pântano, este não é nosso caminho. Somos comunistas, nossa luta e nossos sonhos são maiores, nosso horizonte é a revolução do proletariado. Nosso lugar é nas ruas, sim, mas lutando pelos trabalhadores, pela revolução proletária. Esse é o desafio da esquerda: não se deixar levar pelas disputas entre os representantes da burguesia e trilhar seu próprio caminho. Sabemos que quando estivermos fortes e unidos, direita e extrema direita deixarão suas diferenças de lado e ombro a ombro marcharão para nos atacar com a mesma ferocidade com que a extrema direita parte hoje pra cima da direita. Mas que tenhamos claro: direita e extrema direita são e sempre serão serviçais da burguesia.
Juntos, trabalhadores! É tempo de luta!
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