A incrível Moto Fantasma da Concórdia
José Carlos Alexandre
Estou a ouvir constantemente a história de uma moto fantasma no bairro da Concórdia, em Belo Horizonte.
Até parece que voltamos no tempo...
Quando de meus primeiros dias na imprensa cheguei a ouvir de Moacyr Andrade, então colunista da cidade, a história da Moça Fantasma que andou assustando os belo-horizontinos,
Lá pelos lados da Lagoinha...
O caso rendeu noticiário e, principalmente, crônicas e mais crônicas na jovem Belo Horizonte, a capital dos mineiros.
Em pleno século XXI eis que a história se repete.
Agora não apenas através de uma diáfana figura feminina que aparecia nas madrugadas um tanto quanto frias das proximidades dos bairros Bonfim e Lagoinha.
Estamos na época do modernismo e, como tal, a história (pena não ter pego a expressão estória, como quiseram implantá-la cronistas dos primeiros anos 60).
Mas vamos lá.
Não mais temos a Moça Fantasma mas a Moto Fantasma...
E com seu personagem utilizando não bota, como seria o caso da menina-moça do passado, mas um
mero chinelo vermelho.
Ignoro se a cor do calçado seria para dar-lhe um toque andrógino, de acordo com os tempos atuais, se para evitar eventual comparação com os sapatinhos de cristal dos velhos contos.
Só sei que dezenas e dezenas de moradores da Concórdia, principalmente das imediações das ruas Tamboril com Juparaná, não se cansam de relatar estórias (ok, histórias) do aparecimento desta estranha figura de moto e chinelos vermelhos.
Até aí tudo bem.
Só tem uma coisinha para atrapalhar; todas as vezes que moto e chinelos juntos surgem, há furtos e roubos no pedaço...
Isto mesmo: longe do romântico aparecimento da Moça Fantasma, que, no máximo, dava susto nos notívagos de antigamente, agora o ocupante da Moto Fantasma, além de assustar, leva pertences de moradores e de quem quer que se encontre na sua frente.
A Concórdia, um dos bairros mais situados da capital e também dos mais simpáticos, está em alvoroço...
Já que o policiamento é precário na região, como de resto em quase toda a cidade, resta aos moradores, seus visitantes e quem quer que apareça por lá à noite, apenas fazer orações...
Como faziam, certamente, os que deparavam com a Moça Fantasma...
Só que elas não imunizam contra assaltos...
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