Hoje na História: 1935 - A Grande Marcha liderada por Mao Tsé-tung é concluída
Max Altman
Épica luta contra as forças nacionalistas de Chiang Kai-shek durou 368 dias e cobriu 10 mil quilômetros
Exatamente um ano depois do início da Longa Marcha, Mao Tsé-tung chega à província de Shensi, no noroeste da China, em 20 de outubro de 1935, com cerca de quatro mil sobreviventes e instala o quartel general do Partido Comunista. A épica luta contra as forças nacionalistas de Chiang Kai-shek durou 368 dias e cobriu 10 mil quilômetros.
A guerra civil entre nacionalistas e comunistas eclodiu em 1927. Em 1931, o líder comunista Mao Tse-tung foi eleito presidente da recém estabelecida República Soviética da China, baseada na província de Kiangsi, no sudoeste. Entre 1930 e 1934, os nacionalistas lançaram uma série de cinco campanhas para tentar o cerco da república soviética.
Sob a liderança de Mao, os comunistas empregaram táticas de guerrilha para resistir com sucesso às primeiras quatro campanhas, mas na quinta Chiang reuniu 700 mil soldados e construiu fortificações em torno das posições comunistas. Centenas de milhares de camponeses foram mortos ou morreram de inanição durante o sítio.
Nessa altura, Mao foi removido de seu posto pelo Comitê Central do Partido Comunista. A nova liderança comunista empregou táticas militares mais convencionais e teve como resultado que seu Exército Vermelho foi dizimado.
Início da Longa Marcha
Na iminência da derrota, os comunistas decidiram romper o bloqueio em seus pontos mais frágeis. A Longa Marcha começou então em 16 de outubro de 1934. O segredo mantido e as ações em sua retaguarda confundiram os nacionalistas e somente semanas depois se deram conta que o grosso do Exército Vermelho conseguiu escapar.
As forças em retirada consistiam inicialmente de 86 mil tropas, outras 15 mil pessoas e 35 mulheres. O armamento e os suprimentos eram carregados nas costas dos homens e em carroças puxadas a cavalo. A linha dos marchadores se estendia por 80 quilômetros.
Os guerrilheiros, em geral, marchavam à noite e quando os inimigos não estavam por perto, a longa coluna de tochas incandescentes podia ser observada à distância serpenteando entre vales e montanhas.
O primeiro desastre ocorreu em novembro. Quando as forces nacionalistas bloquearam a rota comunistas através do rio Hsiang. Levou uma semana para que os comunistas pudessem romper o bloqueio de fortificações e isto lhes custou cerca de 50 mil homens, mais da metade de todo o contingente. Após esse débâcle, Mao rapidamente reconquistou sua influência e em janeiro foi novamente alçado a chefe supremo durante uma reunião dos líderes do partido na cidade capturada de Tsuni.
Mao mudou a estratégia, separando suas forças em diversas colunas que tomavam distintos caminhos a fim de confundir o inimigo. Não haveria mais investidas diretas contra posições inimigas e o destino final seria agora a província de Shensi, no distante noroeste, onde os comunistas iriam combater os invasores japoneses e ganhar o respeito das massas chinesas.
Após um duradouro período de absoluta falta de alimentos, bombardeios aéreos e escaramuças quase diárias com as forces nacionalistas, Mao parou suas tropas ao pé da Grande Muralha em 20 de outubro de 1935.
Esperando por eles havia cinco metralhadoras e cavaleiros montados com suas bandeiras vermelhas, “Bem-vindo, camarada Mao”, disse um deles. “Estávamos esperando por vocês ansiosamente. Tudo o que temos está a sua disposição!”. A Longa Marcha estava terminada.
(Com Opera Mundi)
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