Um genocídio nos conflitos pelo mundo

                                                                    
Cerca de 300 crianças morrem todos os dias no mundo em decorrência dos efeitos das guerras, como fome, doenças e falta de ajuda, estimou nesta quinta-feira (14/02) a organização caritativa Save the Children com base em dados de 2017.

Segundo a organização, quase uma em cada cinco crianças no mundo – cerca de 420 milhões – vive em regiões de conflito.

As consequências das guerras matam 100 mil bebês todos os anos nos dez países mais afetados por conflitos, relatou a Save the Children na véspera da 55ª Conferência de Segurança de Munique.

Além disso, segundo o relatório da organização, praticamente um quinto das crianças vive em zonas afetadas por conflitos – mais do que em qualquer outra época nas últimas duas décadas.

"É chocante que no século 21 estamos retrocedendo em princípios e padrões morais tão básicos", disse a presidente-executiva da Save the Children, Helle Thorning-Schmidt. 

"Crianças e civis nunca deveriam ser alvos", insistiu a ex-primeira-ministra da Dinamarca, que lamentou o desrespeito às regras e normas internacionais.

O relatório denominado Stop the War on Children relacionou os dez piores países para crianças: Afeganistão, Iêmen, Iraque, Mali, Nigéria, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Somália, Sudão do Sul e Síria.

O relatório feito pelo Instituto de Pesquisa para a Paz de Oslo e baseado em dados da ONU entre 2012 e 2017, além de um estudo publicado no jornal científico Lancet, concluiu que mais de 550 mil bebês morreram "devido ao impacto reverberante de conflitos" durante esse período.

Os conflitos se tornaram "mais propensos a serem duradouros, urbanos e combatidos entre populações civis" e, como reflexo, estimadas 420 milhões de crianças – ou 18% da população infantil mundial – vivia em áreas de conflito em 2017.

O relatório aponta uma preocupação particular com as 142 milhões de crianças que viviam próximas de zonas de conflitos de alta intensidade, como no Iêmen, na Síria e na Somália.

Nessas áreas, crianças foram mortas, mutiladas, sequestradas, abusadas sexualmente, recrutadas como crianças-soldado e expostas ao que Thorning-Schmidt disse ser um "aumento alarmante do uso da recusa de ajuda humanitária como arma de guerra".

"Infelizmente o disparo deliberado em crianças tem sido parcialmente usado como uma tática militar porque isso enfraquece o oponente. 

Essa é uma das conclusões desde relatório", acrescentou Meike Riebau, da seção alemã da Save the Children. Ela exigiu que os perpetradores sejam punidos de forma mais rigorosa.
                                                                     
Riebau disse ainda que o sofrimento das crianças em conflitos armados é frequentemente ignorado e que o número "chocantemente alto" de crianças afetadas apresentadas no relatório pode ser ainda maior.

Praticamente uma em cada cinco crianças – cerca de 420 milhões – vivem em zonas de conflito em todo o mundo

Os "mais de 25 mil casos" de graves violações contra crianças verificados pela ONU em 2017 representam o número mais alto já registrado e, segundo o relatório da Save the Children, "apenas a ponta do iceberg".

O documento detalhou crianças mortas e mutiladas no Afeganistão por explosivos improvisados e materiais bélicos abandonados. 

Na Nigéria, crianças foram forçadas a executar atentados suicidas. E ataques aéreos no Iraque, na Síria e no Iêmen resultaram num "impacto particularmente pesado sobre as crianças".

"As crianças estão arcando as consequências do horror do conflito armado", disse Kevin Watkins, chefe do braço britânico da Save the Children.

"Se trata de uma autêntica guerra contra a infância. Nos atuais conflitos há cinco crianças assassinadas para cada soldado morto em combate. 

Exigimos dos líderes mundiais que deixem de olhar para o outro lado e adotem medidas contra aqueles grupos armados, forças militares e Estados que descumprem leis e tratados internacionais que os obrigam a proteger a infância em situações de conflito", afirmou o diretor-geral da Save the Children, Andrés Conde.

(Com a Deutsche Welle)

Comentários