Olga Benário.Texto em Aprendendo Sempre.Contém informações distorcidas sobre Olga e Prestes mas é interessante ler

OLGA BENÁRIO - PARTE II


Prisão

Durante alguns meses, Prestes e Olga conseguiram ainda viver na clandestinidade. No início de 1936, tentando encontrar responsáveis pelo fracasso do levante, Prestes manda matar a moça de 18 anos Elza Fernandes, namorada do secretário-geral do PCB. Prestes suspeitava que ela fosse informante da polícia, o que mais tarde se provou um engano. William Waack, que estudou arquivos do regime soviético, alega que Olga não se opôs à decisão, baseando-se em informações de um ex-agente soviético que chefiava as operações clandestinas no Rio de Janeiro. William Waack diz: "Prestes e Olga eram soldados do Partido, e a esses soldados não se admitiam crises de consciência." 
Em março de 1936, foram capturados pela polícia. Olga é levada para a Casa de Detenção, posta numa cela junto com mais de dez mulheres, muitas delas conhecidas suas. Aí, descobre estar esperando uma filha de Luís Carlos Prestes. Logo vem a ameaça de deportação para a Alemanha, sob o governo de Hitler. Seria a morte para ela: além de judia, comunista. Começa na Europa um grande movimento pela libertação de Olga e Prestes, encabeçado por D. Leocádia e Lígia Prestes, respectivamente a mãe e a irmã de Luís Carlos Prestes. 
O julgamento de Olga foi feito segundo os termos formais da ordem constitucional definida pela constituição federal, atendendo a um pedido de extradição do governo nazista. Nos termos da constituição em vigor, o julgamento era legal. O advogado de defesa de Olga pediu um indulto (Habeas Corpus), argumentando que a extradição era ilegal pois Olga estava grávida e sua extradição significaria colocar o filho de um brasileiro sob o poder de um governo estrangeiro. Havia também o aspecto humanitário da permanência dela no país: não obstante os campos de concentração nazistas, à época, não funcionarem como aparatos de extermínio, era de conhecimento público que eram centros de detenção extrajudicial onde os internos eram tratados com intensa crueldade. 
Não obstante tudo isto, o Supremo Tribunal Federal aprovou o pedido de extradição, Vargas não decretou indulto e Olga foi deportada para a Alemanha, juntamente com a amiga Sabo. Getúlio Vargas decretou o estado de sítio após a Intentona como resposta à radicalização político-ideológica no Brasil tanto da direita e da esquerda, polarização que estava acontecendo também fora do país.  Apesar de o contexto em parte justificar a decisão, em 1998 o então presidente do Supremo, Celso de Mello, declarou que a extradição fora um erro: "O STF cometeu erros, este foi um deles, porque permitiu a entrega de uma pessoa a um regime totalitário como o nazista, uma mulher que estava grávida."
Após a decisão, Olga foi transportada para a Alemanha de navio, o cargueiro alemão La Coruña, apesar dos protestos do próprio capitão pela violação do Direito Marítimointernacional - afinal, Olga já estava grávida de sete meses. Quando o navio aportou em 18 de outubro de 1936 diretamente na Alemanha, para evitar protestos em outros portos, oficiais da Gestapo já esperavam por ela, para levá-la presa. Não havia nenhuma acusação contra ela, pois o caso do assalto à prisão de Moabit já prescrevera. No entanto, a legislação nazista autorizava a detenção extrajudicial por tempo indefinido ("custódia protetora") e Olga foi levada para Barnimstrasse, a temida prisão de mulheres da Gestapo, onde teve a filha, que denominou de Anita Leocádia, futura historiadora, professora-adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Anita ficou em poder da mãe até ao fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D. Leocádia, em consequência das pressões da campanha internacional dirigida, como já dito, por Lígia Prestes e pela própria D. Leocádia, que morreria no exílio no México.
Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-P0220-304, Olga Benario-Prestes.jpg
Olga Benário no momento da sua prisão no Brasil, em 1936

Campo de concentração

Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg nos primeiros dias de março de 1938, e em 1939 seria transferida para o campo de concentração feminino de Ravensbrück. Aqui, as prisioneiras viviam sob escravidão e eram sujeitas a experiências pelo médico Karl Gebhardt. Relatos de sobreviventes contam que, durante o seu tempo em Ravensbrück, Olga organizou atividades de solidariedade e resistência, com aulas de ginástica e história.
Com a Segunda Guerra Mundial e sem mais possibilidades de recursos à opinião pública, Olga seria um alvo óbvio para as políticas de extermínio nazistas: na páscoa de 1942, já com 34 anos de idade e quase quatro anos depois de transferida para Lichtenburg, Olga foi enviada para o campo de extermínio de Bernburg, onde morreria. 
Como outros tantos comunistas alemães, Olga foi abandonada por Stalin, que, fiel ao seu princípio de não apoiar (e mesmo de responsabilizar por qualquer fracasso) revolucionários falhados, decidiu não aproveitar o Pacto Molotov-Ribbentrop para incluí-la numa troca de prisioneiros. Entrementes, como descobriria William Waack ao investigar os arquivos do Comintern - todos os comunistas estrangeiros que retornaram à URSS após participarem na "Intentona" de 1935 pereceriam nos Grandes Expurgos de 1936/1938 - provavelmente o destino de Olga Benário se tivesse retornado a Moscou.
Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-69186-0001, Luis Carlos Prestes, Besuch in Ravensbrück.jpg
Luís Carlos Prestes visita Ravensbrück, 28 de nov. 1959

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