Instituto Millenium: A verdadeira face que a direita oculta

                                             
Com espaço na grande mídia e forte apoio do empresariado, entidade desenvolve papel fundamental no projeto da direita

Débora Prado

Caros Amigos

“Direito de propriedade, liberdades individuais, livre iniciativa, afirmação do individualismo, meritocracia, transparência, eficiência, democracia representativa e igualdade perante a lei”. São esses os valores e princípios que o Instituto Millenium (IMIL) afirma promover “com base na filosofia que combina respeito pelas virtudes das democracias de mercado com sólido compromisso com os indivíduos que, por deficiências, idade, despreparo, infortúnios ou políticas públicas inadequadas, permanecem à margem da sociedade”.

Disfarçado de inofensivo, em sua carta de princípios, o IMIL já adianta um pouco a que veio: defende a liberdade do mercado acima de todas as outras, faz apologia ao individualismo e considera que a existência de marginalizados é fruto de infortúnios da vida, peças pregadas pelo destino ou má sorte – omitindo relações com o processo histórico e contexto social. Ignora a desigualdade estrutural existente no Brasil e propõe princípios que devem ter validade universal, aplicáveis mesmo nas mais diferentes condições. Apesar de listar a transparência entre um dos seus princípios norteadores, ironicamente a entidade parece não segui-la ao pé da letra.

O que as entrelinhas do conteúdo veiculado pelo Millenium guardam é seu papel protagonista na reorganização de um projeto de extrema direita, que busca reafirmar a agenda neoliberal em um momento no qual a crise econômica global poderia incentivar a busca por novos modelos.

Nesse sentido, privatizações, defesa do sistema financeiro mesmo quando ele entra em colapso, campanha permanente contra a regulamentação das comunicações, redução dos direitos sociais e combate a qualquer tipo de política afirmativa por parte do Estado seriam, talvez, princípios mais honestos a serem listados pela entidade, avalia o historiador da Universidade Federal Fluminense Demian Bezerra de Melo, que desde 2009 acompanha o IMIL. (Com a Pátria Latina)

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