A morte de Hugo Chávez: fatal confluência de circunstâncias ou represália premeditada contra oponente político?
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A pergunta segue sem resposta na Venezuela
O governo do país pretende efetuar uma investigação detalhada das causas do falecimento do antigo presidente. Uma das principais versões baseia-se, como declarou Nicolás Maduro, chefe de Estado interino, na hipótese de o Comandante ter sido envenenado.
O tema de falecimento do líder venezuelano vai descendo dos topos das agências noticiosas mundiais. Há muitas notícias de outra índole. No entanto, na Venezuela as paixões em torno do destino triste de Chávez não se apagam. É que o revolucionário latino-americano número um da época moderna teve uma personalidade muito brilhante e carismática. Com suas políticas intransigentes não só ganhou inumeráveis partidários, mas também gerou influentes inimigos. E, nesse sentido, não se trata apenas da oposição interna.
Nicolás Maduro, com o emocionalismo caraterístico dele, proclama: a intuição nos sugere que o Comandante foi envenenado pelas forças escuras que queriam obrigá-lo a desviar do caminho correto. Segundo Maduro, foi exatamente um veneno que causou o câncer fulminante e exitus lethalis. O perito da faculdade de ciências políticas de Universidade Estatal de Moscou, Alexander Bovdunov, concorda em que a morte de Chávez foi vantajosa para seus adversários políticos.
“Fica bem claro, para quais adversários. Em primeiro lugar, para os Estados Unidos e seus aliados regionais: tanto certos regimes políticos como organizações não governamentais. Tudo o que Chávez estava fazendo na América Latina e no palco mundial em geral, tudo isso contradizia as aspirações globais dos EUA. Para eles, a morte de Chávez era proveitosa, naturalmente. Se foi consequência de aplicação de uma arma superpoderosa ou não, nós só podemos conjeturar. Mas as acusações atuais da direção venezuelana não são infundamentados. O motivo existia, embora por enquanto não haja provas concretas de cumplicidade nem não-cumplicidade de quaisquer forças.”
O especialista acrescenta que o presidente da Venezuela partiu num momento muito oportuno para Washington, caraterizado pelo agravamento da situação global. Tomando em consideração que Chávez gozava de enorme prestígio em toda a região e muitos outros países, ele foi, na realidade, uma figura extremamente incômoda para os EUA.
Os especialistas chamam a atenção ao fato de o câncer se converter em verdadeira praga dos líderes de países latino-americanos que não compartilham a política dos Estados Unidos. Ultimamente, já várias personalidades têm defrontado essa doença. Acaso, seria realidade que o “método médico” viesse substituindo as ingerências direitas nos assuntos internos dos países vizinhos, que Washington tinha praticado amplamente ao longo dos séculos passados? Por enquanto essa pergunta segue sendo figura retórica. Provavelmente, o inquérito das autoridades venezuelanas irá esclarecer em certo grau o problema.
A especialista do Centro de Conjunturas Políticas, Evguenia Voiko, adivinha motivos pragmáticos nas declarações de Maduro.
“Essa versão é útil para a equipe de Chávez, visto que após a notícia de seu falecimento a popularidade de Nicolás Maduro e seus partidários decresceu em certa medida. Eu tenho determinadas dúvidas em relação a ter sido fator exclusivamente externo. Na véspera das eleições tal lance é vantajoso para a força governante.”
Entretanto, os líderes da oposição apessaram-se em dizer que as suspeitas de envenenamento de Chávez são absurdas. Na opinião deles, as autoridades tentam distrair, desta forma, a população dos problemas prementes, convencendo as pessoas na vigência da teoria de conspiração dos “Estados imperialistas”. É bem compreensível que a oposição profere similares palavras, como se costuma dizer, ex-officio, pois a oposição para tal existe.
Por seu lado, o candidato ao cargo presidencial Nicolás Maduro parece ser sincero em seu desejo de apurar as causas de seu falecido patrão. Mesmo apesar de um decrescimento temporal do ranking, ele goza na Venezuela de enorme apoio do eleitorado como sucessor de pleno direito de Chávez. Portanto, ele não precisa, em absoluto, de tais procedimentos duvidosos para aumentar o capital político. (Com a Voz da Rússia)
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