Chávez, unanimidade latino-americana


                               
Viva Chávez!

João Pedro Stedile

Do MST e da Via Campesina

A morte de Hugo Chávez, no dia 5 de março de 2013, representa uma perda irreparável para todos os povos da América Latina.
Sua origem humilde, sua trajetória de militar nacionalista e seu compromisso inquebrantável com um projeto de libertação do povo venezuelano o transformou em um líder popular de todo o continente.
Foi o primeiro a enfrentar de armas em punho as mazelas do neoliberalismo na década de 90. Amargou a prisão. O povo o reconheceu e o conduziu ao governo com o maior apoio eleitoral da história do país.
Promoveu mais de dez eleições, com ampla participação popular e com extremo rigor de controle popular sobre a lisura das urnas. Ganhou todas.
Enfrentou o Império e a mídia burguesa de todo o mundo. Enfrentou os empresários lúmpens e corruptos marionetes da CIA, que lhe deram um golpe.
Mas o desdenhado protagonismo do povo o salvou!
Nesses anos todos, implementou mudanças fundamentais na sociedade venezuelana.  Depois de um século de uma economia dependente das exportações do petróleo, deu uma virada.
Primeiro distribuiu a renda petroleira para resolver os problemas do povo, de saúde, educação, moradia e alimentação.
Depois implementou mudanças para reorganizar a economia com um processo de industrialização do país e de autonomia nacional.
Na política, incentivou com todas as forças a participação popular. Não apenas nos processos eleitorais e governamentais, mas estimulou o protagonismo dos trabalhadores em todos espaços da sociedade.
Solidário com outros países mais empobrecidos, criou a Petrocaribe, que vende a preço de custo o necessário petróleo.
Como MST e demais movimentos da Via Campesina, sempre tivemos uma identidade muito grande com seu projeto. E um carinho especial por esse líder comprometido unicamente com seu povo. 
Conhecemo-nos em atividades do Fórum Social Mundial (FSM) para debater o neoliberalismo e as saídas para a crise capitalista.
Construímos juntos uma proposta continental de agroecologia, que pudesse servir de base para uma política de produção de alimentos sadios para toda população.
Organizamos uma rede continental de escolas de agroecologia e de experimentos de sementes, nossa rede IALA (Institutos Agroecologicos Latinoamericanos).
Juntos colocamos as bases para um projeto de integração continental, porém popular, que fosse mais além das articulações governamentais e comerciais.
Uma integração que pudesse servir de integração popular, com iniciativas produtivas. Com iniciativas educacionais para erradicar o analfabetismo de nossa população, além de sociais e políticas.
Para tanto, estamos construindo uma articulação de todos os movimentos sociais da América que se identificam com esse projeto. 
Foi uma década de derrotas para o neoliberalismo, para os setores da burguesia e aos  eternos serviçais dos interesses do capital estrangeiro. 
Foram dez anos de construção de um processo de alternativas. Com desafios enormes, vitórias e pequenas derrotas, mas sempre caminhando para frente!
Chávez nos fará falta!
Mas com a intensidade de um líder verdadeiro, colocou as bases fundamentais na sociedade venezuelana para que o projeto tenha continuidade. 
Seu exemplo e lucidez servirão de ânimo para toda a militância social da América Latina, forças populares e governos progressistas, para que se possa seguir construindo processos de verdadeira libertação popular.
Processos de verdadeira integração continental
Viva Chávez!
Viva a integração popular de nosso continente! (Com a página do MST na internet)

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