Governo concede anistia a Alexandre Vannuchi . Família de Vladimir Herzog receberá novo atestado provando que ele morreu sob tortura

                                                     

Cláudia Souza (*)
11/3/2013 

Os 40 anos da morte de Alexandre Vannuchi Leme, estudante de geologia da USP, morto aos 22 anos, pela ditadura militar, em março de 1973, serão lembrados em uma série de atos ao longo desta semana. Na quinta-feira, dia 14, às 19h, será realizado o show “Conversando com a Paz”, no Centro Cultural São Paulo, que vai reunir o músico Sérgio Ricardo e convidados. Na 6ª feira, dia 15, às 12h, no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça realizará o Ato Oficial de Reconhecimento pelo Estado Brasileiro de Alexandre Vannuchi Leme como anistiado político.

No final do julgamento simbólico do caso do estudante, militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN), preso pela Operação Bandeirantes e assassinado após sessões de tortura, o Estado brasileiro pedirá oficialmente desculpas e retirará a acusação de terrorista atribuída ao jovem à época.

"A declaração dele como anistiado político acaba com o estigma de terrorista e subversivo que o regime lhe impôs", disse o tio de Alexandre, Aldo Vannuchi, ouvidor da Universidade de Sorocaba, cidade natal de Alexandre.

O Ministro dos Direitos Humanos no Governo Lula, Paulo Vannuchi, é primo de Alexandre e foi um dos organizadores das homenagens.

Ainda na sexta-feira, 15, às 18h, será celebrada uma missa na Catedral da Sé, pelo bispo emérito da capital D.Angélico Sândalo Bernardino, que ocupava o cargo de bispo auxiliar do arcebispo D. Paulo Evaristo Arns em 1973, na missa celebrada por ocasião da morte de Alexandre Vannuchi Leme, considerada um dos primeiros atos públicos contra a ditadura no Governo Médici. Cerca de três mil pessoas participaram da cerimônia religiosa após enfrentarem forte aparato policial para evitar o acesso dos manifestantes ao centro da cidade.

Em 1978, os estudantes da USP deram o nome de Alexandre ao Diretório Central da universidade.

Herzog

Na solenidade no Instituto de Geociências, Paulo Sérgio Pinheiro, Coordenador da Comissão Nacional da Verdade, entregará aos familiares do jornalista Vladimir Herzog um novo atestado de óbito constando que Vlado morreu sob tortura. Por decisão judicial, onde constava no documento como causa da morte a frase “asfixia mecânica por enforcamento”, passará a constar “morte por decorrência de lesões e maus tratos sofridos durante interrogatório nas dependências do 2º Exército (DOI-Codi)”.

A família de Alexandre Vannuchi também vai solicitar um novo atestado de óbito. De acordo com relatos de presos, o estudante morreu após de barbaramente torturado, mas o laudo divulgado pelas autoridades informa que Alexandre teria sido atropelado por um carro ao tentar fugir. Sem avisar à família, o corpo foi enterrado em uma cova rasa forrada com cal para acelerar a decomposição, no Cemitério de Perus, em São Paulo. Egle Maria Vanuchi Leme e José Oliveira Leme, pais de Alexandre, só conseguiram enterrar o corpo do filho dez anos depois, em Sorocaba. 

(*) Com O Estado de S. Paulo, Gazeta do Povo. (Com a Associação Brasileira de Imprensa)

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