Derrota de nazistas completa sete décadas
Grande Guerra Patriótica é o nome que os russos deram ao conflito que durou desde a invasão alemã à União Soviética, em 22 de junho de 1941, até a assinatura da rendição da Alemanha, em 9 de maio de 1945.Essa denominação surgiu em um comunicado de rádio feito por Iossif Stálin ao povo soviético em 3 de julho de 1941, quando o líder da URSS apelou a toda a nação que lutasse contra os invasores. O confronto da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas contra a Alemanha e seus associados Bulgária, Hungria, Itália, Romênia, Eslováquia, Finlândia e Croácia foi parte decisiva da Segunda Guerra Mundial. Fora do país, no entanto, a Grande Guerra Patriótica é mais conhecida como a “Frente Oriental” da Segunda Guerra Mundial.
David Miller, especial para Gazeta Russa
Comemorado em 9 de maio, o Dia da Vitória é o feriado mais importante do país, homenageando os cerca de 27 milhões de soviéticos mortos durante a guerra contra a Alemanha Foto: Fotosoyuz/Vostock-Photo
Quando as forças nazistas se aproximavam de Moscou, no final de 1941, os riscos para a União Soviética não podiam ser maiores. Os eslavos, povos nativos do Leste Europeu, eram considerados por Hitler uma etnia inferior. Registros nazistas sugerem que, se a Alemanha tivesse vencido a guerra, os russos teriam sofrido um genocídio sem precedentes.
Assim, é fácil compreender por que quase toda família na Rússia tem ligação direta com o conflito. A Grande Guerra Pátria tem uma força tão grande sobre os russos que estrangeiros visitando o país ainda se surpreendem.
“Na mente dos russos, a Segunda Guerra Mundial foi um evento muito diferente da concepção que têm os norte-americanos e europeus ”, diz o analista político Paul Goble. “Para os russos, a Segunda Guerra Mundial foi, e continua a ser, a principal cena de sua história no século passado. Já para americanos e europeus, o conflito é cada vez mais uma questão distante.”
Ausência de Aliados
É evidente que, com tamanha importância, os russos tenham se desapontado com a ausência massiva de líderes ocidentais no maior feriado do país, a parada da Vitória, que ocorre neste sábado (9). Para além das sanções impostas a Moscou devido à crise ucraniana, até a celebração das sete décadas de vitória dos Aliados sobre o nazi-fascismo entrou no alvo das disputas.
No final de março, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguêi Lavrov, anunciou que líderes de 26 países planejavam participar das comemorações em Moscou em 2015, incluindo o chinês Xi Jinping e o norte-coreano Kim Jong-un.
Entre as potências ocidentais, porém, nenhum líder pretende participar - nem mesmo os chefes de Estado dos antigos Aliados.
A chanceler alemã Angela Merkel deverá se juntar a Pútin na colocação de flores no túmulo ao soldado desconhecido, junto à muralha do Kremlin, em 10 de maio. E, apesar de não planejar participar no Dia da Vitória em si, explicou sua presença no evento seguinte em seu videoblog no site do governo.
“Hoje, temos pontos de vista muito diversos dos da Rússia, inclusive no que diz respeito ao que ocorre na Ucrânia. Mesmo assim, para mim é importante colocar, junto ao presidente russo, a coroa de flores no Túmulo ao Soldado Desconhecido, para pagar tributo aos milhões de mortos que são de responsabilidade da Alemanha na Segunda Guerra Mundial”, declarou no início do mês.
Eterna e onipresente
Todo 9 de maio, a Rússia comemora a vitória sobre a Alemanha nazista com um zelo incomparável. Os serviços governamentais e mercados financeiros fecham, a principal via de Moscou se transforma em um imenso calçadão para pedestres e é enfeitada com bandeiras e fitas laranjas e negras de São Jorge, o símbolo russo para o heroísmo militar.
E o feriado não é comemorado apenas em Moscou. Praticamente todas as cidades russas têm um monumento à guerra e uma chama eterna, junto da qual se realizam as cerimônias.
A dedicação russa à memória da guerra também pode ser explicada em números: a URSS teve a maior quantidade de vítimas na Segunda Guerra, superando qualquer outro país que tenha tomado parte nos confrontos. As estimativas variam entre 20 e 28 milhões de baixas.
O colossal sacrifício humano empenhado pela União Soviética faz com que muitos russos sintam, ainda na atualidade, que seu país pagou o preço mais alto na derrota da Alemanha nazista.
Exibindo o arsenal
O desfile original da vitória aconteceu em junho de 1945, quando muitas tropas soviéticas já haviam retornado do fronte. Depois disso, em 1965, por ocasião do 20° aniversário da vitória, foram realizadas paradas militares no dia 9 de maio e, em seguida, em 1975 e 1985.
Os desfiles se tornaram anuais em 1995, quando se comemorou o 50º aniversário da vitória.
Hoje, eles são tanto uma oportunidade para honrar os sacrifícios e as realizações do passado, como para exibir o que há de mais moderno no arsenal bélico do país. (Com a Gazeta Russa)
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