A reação do preconceito cruel contra o analfabeto. Analisando o caso de Damião, em Raposos.
Jornalista Jurandir Persichini Cunha
“O pior analfabeto é o analfabeto político...”
Escreveu Bertholt Brecht (Eugen Bertholt Friedrich Brecht), dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.
Analisando citações e expressões valorizadas como cidadania e sabedoria, é curioso constatar que se configuram algumas exceções nesse quadro. É preciso explicar os motivos que levam à existência de pessoas analfabetas na sociedade brasileira, vinculando o analfabetismo à exclusão social, à pobreza e à fome, à dominação de classe e à ausência de direitos. Um terceiro grupo de expressões relaciona o analfabetismo ao preconceito e à discriminação. E nesse rápido exercício permite constatar que a palavra ‘analfabeto’ é carregada de significados preconceituosos e estigmas que “julgam” as relações das pessoas nessa condição.
Na Constituição Federal consta em seu artigo 1º (§ único):"...Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição". Adiante, no Artigo 14, enuncia-se: "...A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos". Antes, ainda, também no art. 5º: "...Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza". Pois bem, está em jogo a soberania do voto popular! Articulando esses preceitos, parece que esse procedimento esconde propósitos desvinculados dos termos constitucionais e democráticos.
Ou então, por que não se também não se exigir o teste de todos os demais candidatos? Preocupa-me deveras esse precedente, considerada a nossa festejada democracia e Estado de Direito. Mas estes não autorizam que um valor tão caro como a soberania do voto venha a ser censurado por um procedimento isolado, discriminatório.
E nos vem à mente o famoso caso do Tiririca. Ele não é nenhum letrado, não resta dúvida.
Mas analfabeto também não o é, pois sabe escrever o nome. Ele é um cidadão funcional, como a maioria da parte de nosso povo. Naquele caso o Juiz se rendeu, pois o processo eleitoral foi legítimo e consagrou a vontade do povo! E como será hoje o caso do Damião, em Raposos?
Pois vejo aí verossimilhança com caso do nosso Benedito Damião Peixoto – o Damião, que se candidata a Vereador mas é vítima da denúncia de algum despeitado que tem inveja do prestígio dessa figura popular da cidade que já se tornou referência até mesmo perante os Órgãos do Governo Estadual.
Sua presença e participação nas Reuniões da Câmara mostram que ele “sabe das coisas”. Mas aqueles que se incomodam com sua atuação na Casa Legislativa de Raposos não suportam a verdade e a crítica. E deve ser por isso que denunciaram o “fiel escudeiro” da participação popular e que sempre levou uma palavra de coragem e sem freios da censura.
Quem sabe, um ou mais inimigos gratuitos que morrem de medo que ele “coloque a boca no trombone” sobre – como ele mesmo diz: “...das mazelas e da corrupção que campeiam por Raposos!”. Sim receiam do que pode fazer pela Comunidade, uma pessoa livre, pura e simples, mas inteligente e perspicaz. Ao mesmo tempo corajoso e sem papas na língua.
E todos imaginam que, se eleito, certamente, Damião desempenhará sua missão, com seu jeito, sua maneira, e dará sua contribuição espontânea efetiva muito mais satisfatória do que alguns que estão naquela Casa há anos. Parasitas que estão ai fazendo um papel indigno e rasteiro e sem nenhuma efetividade para o Povo.
Ao mesmo tempo em que apresento argumentos sobre o valor democrático da candidatura do Damião, reafirmo com toda certeza que ele não é um analfabeto funcional. E constatando a trajetória da atuação desse personagem popular, na minha modesta opinião -e que faço questão de proferir, mas que incluo também minha experiência jornalístico/eleitoral, que ultrapassa fronteiras do Estado, como de outros Países (em que contribui com trabalhos de Marketing político): “ A meu ver, a verificação do alfabetismo para elegibilidade, nesse caso, sofreu preclusão.
Do contrário, todos os demais candidatos também deveriam se submeter ao mesmo rigor. De certo mesmo caberá ao Partido Político de Damião, por meio de seus recursos próprios, verificar a compatibilidade do candidato para com o exercício do mandato e provar sua capacidade de atuação no Plenário. Do contrário, tenho a sensação de estar de diante de um acinte à Constituição Federal. Isso porque o ensejo que se anuncia reinventa odiosos recursos próprio de períodos há muito suplantados, tal como ocorria no período da chamada política do "café com leite", quando havia da "câmara de verificação de poderes". Um perigoso retrocesso. Triste. Nesse caso isso é somente minha manifestação de pensar.
O jovem ou adulto que não sabe ler nem escrever não é incapaz, não é “puro” ou ingênuo, nem é uma criança crescida. Nada mais é o analfabeto um produtor cotidiano de riqueza material e cultural e não ignorante de saber. Nesse sentido, embora pareça chavão, é preciso conhecer mais profundamente o que sabem, o que pensam e como aprendem os jovens e adultos em processo de aprendizado.
Nas sociedades urbanas, mesmo o indivíduo que não sabe ler, tem um nível de inserção na cultura escrita – e elabora hipóteses a respeito desse sistema – que deve ser considerado. Também por isso o educador não deve se considerar alguém com a missão de tirá-lo das “trevas” ou da “escravidão”. O analfabetismo não é uma doença, não é uma chaga, não pode ser responsabilizado pelo atraso ou pelo desenvolvimento de uma sociedade. Não se deve, desse modo, como fazem muitos programas e educadores, realizar falsas promessas aos educandos, atribuindo à alfabetização – pura e simplesmente – a “luz no fim do túnel”, a melhoria automática de suas condições de vida.
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