Hoje na História: 1792 - Monarquia é abolida na França
Wikicommons
Execução de Luís XVI em janeiro de 1793
Decisão ocorre um ano depois de o rei Luis XVI relutantemente aprovar nova constituição que retirou dele muito de seu poder
Na França revolucionária, a Assembleia Legislativa vota em 21 de setembro de 1792 a abolição da monarquia e estabelece a Primeira República. A decisão ocorre um ano depois de o rei Luis XVI relutantemente aprovar uma nova constituição que retirou dele muito de seu poder.
Luis XVI ascendeu ao trono francês em 1774 e desde o início teve de lidar com graves problemas financeiros herdados dos predecessores. Em 1789, a escassez rigorosa de alimentos e a aguda crise financeira levaram à eclosão da Revolução Francesa.
Após o término das deliberações da Assembleia Constituinte em 1791, a burguesia passou a uma posição conservadora, por entender que as principais mudanças já haviam sido implementadas. A situação do povo mais pobre, porém, pouco tinha mudado. Os camponeses continuavam sem terra e, nas cidades, a situação tornava-se cada vez mais desesperadora.
Em agosto de 1792, uma intensa mobilização popular destronou o rei, e depois de elaborar a Carta Magna francesa, a Assembleia Nacional Constituinte dissolveu-se. A Assembleia Legislativa substituiu a Constituinte. Havia a ameaça de intervenção externa, crise econômica e inflação. Em abril de 1792 é declarada a guerra à Áustria e à Prússia e exércitos inimigos chegam a ameaçar Paris.
A ala radical proclama a “pátria em perigo” e distribui armas à população. A Comuna de Paris assume o poder e exige da Assembleia o afastamento do rei. Em 10 de agosto de 1792, os parisienses atacam o palácio real, detêm o soberano e exigem que o Legislativo o suspenda das funções. Esvaziada de seu poder, a Assembleia convoca a eleição de uma Convenção Nacional.
A revolução entra numa fase radical. A primeira medida tomada pela Convenção foram a Proclamação da República e a promulgação da nova Constituição. A Convenção contava com o predomínio dos representantes da burguesia.
Entre os revolucionários de 1789, houve divisão. A grande burguesia não queria aprofundar a revolução, temendo o radicalismo popular. Aliada aos setores da nobreza liberal e do baixo clero, formou o Clube dos Girondinos. O nome "girondino" deve-se ao fato de Brissot, principal líder dessa facção, representar o departamento da Gironda.
Eles ocupavam os bancos inferiores no salão das sessões. Os jacobinos - assim chamados porque se reuniam no convento de Saint Jacques – queriam aprofundar a revolução, aumentando os direitos do povo. Eram liderados pela pequena burguesia e apoiados pelos sans-culottes, as massas populares de Paris. Ocupavam os assentos superiores no salão das sessões, recebendo o nome de ‘montanha’ (montagnards).
Seus principais líderes foram Robespierre, Danton e Marat. Sua facção mais radical era representada pelos raivosos (enragées), liderados por Jacques Hébert, que queriam o povo no poder. Havia ainda um grupo de deputados sem opiniões muito firmes, que votavam na proposta que tinha mais chances de vencer. Eram chamados de planície ou pântano. Havia ainda os cordeliers (camadas mais baixas) e os feuillants (a burguesia financeira).
Dirigida inicialmente pelos girondinos, a convenção realizava uma política contraditória: era revolucionária na política externa — ao combater os países absolutistas — mas conservadora na interna — ao procurar se acomodar com a nobreza, tentar salvar a vida do rei e combater os revolucionários mais radicais. Nesse primeiro período, foram descobertos documentos secretos de Luís XVI, no Palácio das Tulherias, que provaram o seu comprometimento com o rei da Áustria.
O fato acelerou as pressões para que o rei fosse julgado como traidor. Na Convenção, a Gironda dividiu-se: alguns optaram por um indulto, outros pela pena de morte. Os jacobinos, reforçados pelas manifestações populares, exigiam a execução do rei, indicando o fim da supremacia girondina na Revolução. O rei e a rainha Maria Antonieta foram presos em agosto de 1792 e em setembro a monarquia foi abolida. Em janeiro de 1793, Luis XVI foi julgado e condenado à morte por escassa maioria. Nove meses depois foi a vez de Maria Antonieta ser guilhotinada.
(Com Opera Mundi)
Comentários