Inaugurado no Barro Preto um Armazém do Campo
Milhares de pessoas passaram pelo local durante o último fim de semana para conferir a mais nova novidade da capital mineira.
Leonardo Fernandes
Da Página do MST
O local, situado na esquina das avenidas Augusto de Lima e Contorno, a região do Barro Preto, em Belo Horizonte, foi construído na década de 40, durante a gestão do então prefeito da capital mineira, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Quem relembra a história do estabelecimento que hoje abriga do Armazém do Campo em BH é o morador da cidade, Marco Antônio Meyer.
“Na época da entressafra, quando subia o preço de um produto, ele baixava o preço nos entrepostos para que o povo pudesse comprar. E com isso, ele criou uma rede de cerca de dez locais como esse, todos à margem da avenida do Contorno, que é esse anel que circula toda a cidade. Por isso é tão importante vocês recuperarem esse espaço, que é o único de toda essa rede que continua servindo para a venda de alimentos para o povo de BH”, afirmou Meyer, que foi um dos milhares de visitantes que passaram pelo Armazém do Campo durante o sábado e domingo (25 e 26), quando foi inaugurado na capital mineira.
O Armazém do Campo é uma loja de produtos agroeológicos, produzidos nos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária e em áreas de agricultura familiar. O espaço oferece mais de 250 itens, a maioria deles, cerca de 200, produzidos em Minas Gerais.
Mas há também produtos de outras regiões, como o suco de uva integral e o arroz orgânico, produzido em assentamentos do MST no Rio Grande do Sul, e que faz do MST o maior produtor dessa qualidade de arroz em toda a América Latina. Um dos sucessos de vendas foram as cervejas artesanais, produzidas por parceiros e parceiras do MST.
Durante os dois dias de inauguração, mais de cinco mil itens foram vendidos, totalizando mais de 1500 atendimentos.
“Estamos muito felizes com a receptividade do povo de Belo Horizonte com o Armazém do Campo. Que esse se torne uma referência de espaço muito mais que simplesmente de comercialização desses produtos, mas de discussão permanente sobre a alimentação saudável e a necessidade da Reforma Agrária Popular”, afirmou Ademar Shusk, um dos idealizadores do espaço.
Além da loja de produtos, o espaço conta ainda com uma lanchonete, onde são servidos alguns quitutes e o tradicional cafezinho mineiro.
O Armazém do Campo é uma proposta do MST para estabelecer pontos permanentes de comercialização justa dos produtos da Reforma Agrária. A experiência já existe em São Paulo e em breve será também inaugurada no Rio de Janeiro e outras capitais do Brasil. Em Belo Horizonte, o espaço funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, e aos sábados, das 8h às 15h.
A inauguração do Armazém do campo em BH ocorreu paralelamente à realização do Circuito Mineiro de Arte e Cultura da Reforma Agrária - edição regional metropolitana -, que ocorre em todo o estado de Minas Gerais desde o mês de setembro.
“A ideia do circuito e do Armazém caminham na mesma direção, que é estreitar o diálogo entre os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. Por isso é tão oportuno que a edição da regional metropolitana seja realizada em conjunto com a inauguração desse espaço”, destacou Guê Oliveira, do Coletivo Nacional de Cultura do MST.
“Tudo isso que trazemos para Belo Horizonte, seja o Armazém do Campo ou esses circuitos culturais, só foi possível porque houve ocupação de terra, houve luta pelo direito desses trabalhadores e trabalhadoras de poderem produzir. E muito mais do que produzir alimentos saudáveis, agroecológicos, é produzir também cultura”, afirmou.
Outras duas edições do Circuito Mineiro de Arte e Cultura da Reforma Agrária ainda estão por ser realizadas. Nos dias 1 e 2 de dezembro, a cidade de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, recebe as atividades. Já entre os dias 8 e 10 do mesmo mês será a vez de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.
(Com o MST)
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