O compositor Antonio Vivaldi e a inveja no mundo das artes
Carlos Lúcio Gontijo
O compositor italiano de música clássica Antonio Lucio Vivaldi (1678/1741) é um dos grandes exemplos de como a inveja pode ser destrutiva no mundo das artes, onde muitos são os pincéis e poucos são os verdadeiros e bons manipuladores de cores, versos, fios e notas musicais. A vitoriosa trajetória artística de Vivaldi, hoje reconhecido como um dos maiores músicos de todos os tempos, após ter passado pela imposição de longo esquecimento, nos remete a uma frase do jornalista e fotógrafo Alexandre Vieira de Melo Matos, grafada em e-mail que nos enviou: “A humanidade é mesmo assim, descarta gênios e glorifica bufões”.
Vivaldi, aos 25 anos, aproveitou o esplêndido momento musical vivido em Veneza para realizar seus inovadores experimentos, que davam às suas composições uma luminosidade que ressoava de todos os instrumentos. Ou seja, Vivaldi não apoiava as suas criações musicais apenas nas vozes e assim trazia à luz a linguagem sinfônica, por intermédio de uma música instrumental completamente nova.
Sua fama se alastrou tanto na Itália antiga quanto em outros reinos da Europa. Contudo, intrigas e mal-entendidos eclodidos no ninho perverso da inveja impediram-no, certa feita, de realizar apresentações com o seu grupo de orquestra e cantores, fazendo-o sentir-se irremediavelmente ofendido. Então, aos 62 anos, resolveu abandonar Veneza, transferindo-se para Viena, onde um ano depois faleceu.
E foi tamanha a injustiça movida pelos que lhe tinham inveja que o grande compositor caiu no vazio de amplo esquecimento, não sendo seu nome e sua obra sequer citados ou registrados nos livros dedicados à música daquela época.
Lamentavelmente, fatos iguais ao ocorrido com Vivaldi são bastante comuns nas hostes da convivência artística, onde grupos – tomados pelo fogaréu da vaidade – cerceiam outros grupos, enquanto entre seus membros se nos apresenta como natural o tratamento privilegiado de uns em detrimento de outros componentes. Exemplo dessa funesta imagem em que a inveja dá as cartas e predomina podemos constatar em trecho de artigo escrito por Zinah Alexandrino, residente em Fortaleza (CE), com o qual tomamos a liberdade de fechar a nossa exposição.
“Escrever é uma arte, e nesta são muitos os que se aventuram pelo país afora, principalmente na terra de Alencar. E não é à toa que dispomos de tantas Academias neste celeiro de bons e maus ‘beletristas’. Fundar uma Academia é iniciativa banal por aqui. Basta alguns dos membros se desgostarem por algum motivo ou não estarem compondo a cabeça de chapa de uma nova diretoria, para que um desses membros funde uma outra (...). Nessa febre de se fazer escritor, há o joio e o trigo. Parece ser mister que se conviva com tanta ‘literatice’, sem falar nos literomaníacos que a cada dia vão surgindo nas Arcádias. É uma verdadeira agressão à nossa inteligência. Sabemos de pessoas que se cognominam escritor (a), quando nos são apresentadas e despejam na nossa cara um currículo quilométrico, desses de causar ‘inveja’ a qualquer pobre mortal: são sócios da Academia ‘tal’, fazem parte da Associação ‘tal’, ‘disso e daquilo’, têm cursos em diversas áreas... Muitos não arredam o pé de casa, a não ser para irem às Academias, e a cada participação em Antologias, os seus currículos vêm acrescidos, sem o menor pudor, de uma nova graduação.”
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
http://www.carlosluciogontijo.jor.br/
O compositor italiano de música clássica Antonio Lucio Vivaldi (1678/1741) é um dos grandes exemplos de como a inveja pode ser destrutiva no mundo das artes, onde muitos são os pincéis e poucos são os verdadeiros e bons manipuladores de cores, versos, fios e notas musicais. A vitoriosa trajetória artística de Vivaldi, hoje reconhecido como um dos maiores músicos de todos os tempos, após ter passado pela imposição de longo esquecimento, nos remete a uma frase do jornalista e fotógrafo Alexandre Vieira de Melo Matos, grafada em e-mail que nos enviou: “A humanidade é mesmo assim, descarta gênios e glorifica bufões”.
Vivaldi, aos 25 anos, aproveitou o esplêndido momento musical vivido em Veneza para realizar seus inovadores experimentos, que davam às suas composições uma luminosidade que ressoava de todos os instrumentos. Ou seja, Vivaldi não apoiava as suas criações musicais apenas nas vozes e assim trazia à luz a linguagem sinfônica, por intermédio de uma música instrumental completamente nova.
Sua fama se alastrou tanto na Itália antiga quanto em outros reinos da Europa. Contudo, intrigas e mal-entendidos eclodidos no ninho perverso da inveja impediram-no, certa feita, de realizar apresentações com o seu grupo de orquestra e cantores, fazendo-o sentir-se irremediavelmente ofendido. Então, aos 62 anos, resolveu abandonar Veneza, transferindo-se para Viena, onde um ano depois faleceu.
E foi tamanha a injustiça movida pelos que lhe tinham inveja que o grande compositor caiu no vazio de amplo esquecimento, não sendo seu nome e sua obra sequer citados ou registrados nos livros dedicados à música daquela época.
Lamentavelmente, fatos iguais ao ocorrido com Vivaldi são bastante comuns nas hostes da convivência artística, onde grupos – tomados pelo fogaréu da vaidade – cerceiam outros grupos, enquanto entre seus membros se nos apresenta como natural o tratamento privilegiado de uns em detrimento de outros componentes. Exemplo dessa funesta imagem em que a inveja dá as cartas e predomina podemos constatar em trecho de artigo escrito por Zinah Alexandrino, residente em Fortaleza (CE), com o qual tomamos a liberdade de fechar a nossa exposição.
“Escrever é uma arte, e nesta são muitos os que se aventuram pelo país afora, principalmente na terra de Alencar. E não é à toa que dispomos de tantas Academias neste celeiro de bons e maus ‘beletristas’. Fundar uma Academia é iniciativa banal por aqui. Basta alguns dos membros se desgostarem por algum motivo ou não estarem compondo a cabeça de chapa de uma nova diretoria, para que um desses membros funde uma outra (...). Nessa febre de se fazer escritor, há o joio e o trigo. Parece ser mister que se conviva com tanta ‘literatice’, sem falar nos literomaníacos que a cada dia vão surgindo nas Arcádias. É uma verdadeira agressão à nossa inteligência. Sabemos de pessoas que se cognominam escritor (a), quando nos são apresentadas e despejam na nossa cara um currículo quilométrico, desses de causar ‘inveja’ a qualquer pobre mortal: são sócios da Academia ‘tal’, fazem parte da Associação ‘tal’, ‘disso e daquilo’, têm cursos em diversas áreas... Muitos não arredam o pé de casa, a não ser para irem às Academias, e a cada participação em Antologias, os seus currículos vêm acrescidos, sem o menor pudor, de uma nova graduação.”
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
http://www.carlosluciogontijo.jor.br/
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