Herança Maldita
América Latina livra-se
da herança dos
regimes militares
No Chile retomou os seus trabalhos a comissão sob a presidência do monsenhor Sergio Valech para a recolha de informações sobre as vítimas mortais e as pessoas desaparecidas no período da ditadura militar do general Augusto Pinochet. Espera-se que à atenção dos peritos sejam apresentados cerca de sete mil casos não investigados de violação dos direitos do homem. O tema é prosseguido pelo observador da Voz da Rússia Guennadi Sperski.
SPERSKI: "É pesada a herança deixada pelos generais. Segundo os resultados das investigações anteriores, mais de 28 mil presos foram submetidos a torturas. Mas estes dados não foram exatos e agora os tribunais de diferentes instâncias tentam esclarecer a verdade e punir os culpados.
Processos análogos decorrem em outros países da América Latina onde governaram os militares. As maiores repressões foram na Argentina. Segundo as entidades de direitos do homem, o número de vítimas da ditadura ultrapassa 30 mil. Passaram-se mais de 25 anos desde o momento do regresso da Argentina ao caminho da democracia.
Mas estas feridas profundas são sempre lembradas pois a maioria dos responsáveis pela violação dos direitos do homem não sofreram, até agora, nenhum castigo.
Por isso, na sociedade foi acolhida com grande satisfação a notícia sobre um processo judicial contra o ditador aposentado Reinaldo Benito Binone e os seus generais. A julgar por tudo, a ele seguir-se-ão outros em conformidade com a legislação nacional e internacional, pois os crimes de lesa humanidade não tem prazo de proscrição.
BRASIL
Na Bolívia tornam-se públicos os arquivos da época de ditaduras militares para esclarecer o destino dos desaparecidos. Investigações semelhantes realizam-se no Paraguai, Guatemala, El Salvador, Brasil.
No Uruguai, foi condenado a uma pena de 30 anos de prisão o ex-presidente Juan Maria Bordaberri, que, em conluio com os militares, realizou um golpe de Estado e estabeleceu um regime ditadorial."
Em Honduras, a 28 de Junho do ano passado, participou na conspiração, juntamente com os generais, o presidente do Congresso Roberto Micheletti que afastou do poder Manuel Zelaya.
Porfirio Lobo que sucedeu a Micheletti em consequências das eleições ilegítimas não tem a intenção de processar contra a cúpula militar. Por esta razão, Zelaya declara a necessidade de garantir a democracia na região e reforçar a Carta Democrática da Organização de Estados Americanos com vista a endurecer as sanções contra os envolvidos nos golpes de Estado.
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