Livro do espanhol Javier Moro, lançado em BH, nem chegou às livrarias e já é criticado pela intelectualidade
Nem bem chegou às estantes das livrarias e a obra do espanhol Javier Moro,O império é você, já é alvo de críticas e polêmicas. Ganhador do disputado (e milionário) prêmio Planeta foi sucesso de público e crítica na Espanha pela obra que retrata D.Pedro I, que vendeu mais de 400 mil exemplares. Antes o autor havia publicado "Caminhos de liberdade" sobre o ambientalista Chico Mendes e, tudo indica que sabia que seus conterrâneos pouco ou nada sabiam sobre a História do Brasil.
No entanto, no Brasil foi diferente, mal o livro apareceu e já recebeu pesadas críticas de renomados autores e historiadores brasileiros, como o jornalista Laurentino Gomes, autor de "1808" e "1822, que foi convidado pelo jornal O Globo para analisar a obra.
“Ao que tudo indica, trata-se de um grande copidesque dos livros que já existem sobre Dom Pedro I” - diz o jornalista – “E ainda há um agravante: o autor adiciona à história estereótipos e lugares-comuns que nós, brasileiros, tanto nos empenhamos em evitar. Tudo me leva a crer que esse livro é um exemplo de neocolonialismo cultural da Espanha com o Brasil”.
Moro rebateu todas as críticas de forma instantânea, alegando não ter inventado personagens ou cenas: “ Não relatei nenhuma situação que não tenha existido realmente. É óbvio que os diálogos que incluí no livro são meus, porque era impossível reconstitui-los historicamente e eu queria contar por dentro a história que os historiadores contam por fora, mas a dose de ficção para por aí. Insisto: "O império é você" não é um romance histórico, é a história romanceada”, defende-se.
Laurentino Gomes critica ainda a falta de cuidado com os fatos históricos e o risco de informar erroneamente ou criar-se a “verdade do autor”, mesmo sendo estrangeiro. Na mesma reportagem, o historiador José Murilo de Carvalho comenta com ironia que “esse é o tipo de risco que se corre em tempos em que basta acessar o Google para se encontrar a verdade". (Com o Diário Liberdade)
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