Desemprego e retrocessos na Europa


                                                             



A Grécia divulgou nesta quinta (15) sua taxa de desemprego. O dado é alarmante e explica a crescente revolta dos trabalhadores, num país que caminha para a convulsão social. Segundo a informação oficial, ela subiu para 20,7% no quarto trimestre de 2011, bem acima dos 17,7% do terceiro trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2010, o crescimento impressiona – ela foi de 14,2%.


Em termos absolutos, o número de desempregados chegou a 1.025.877. Atualmente, apenas 3.932.790 de trabalhadores gregos estão empregados formalmente. Para piorar, o governo dos banqueiros – o primeiro-ministro Lucas Papademos foi imposto, não eleito, e era serviçal do Goldman Sachs – anunciou um novo “plano de austeridade” que elevará ainda mais a taxa de desemprego.

A "geração perdida" dos jovens

Ele prevê a demissão de 150 mil servidores públicos, a redução de 22% no salário mínimo – o que diminuirá o consumo e, como consequência, afetará a produção e a geração de vagas – e novas cortes nos investimentos públicos. Tudo para saciar o apetite dos banqueiros europeus, que não estão nada preocupadas com a quebradeira do país e com o drama dos desempregados.

A situação não é dramática apenas na Grécia. Toda a Europa está sendo dizimada pela lógica destrutiva do capital. Em janeiro, o desemprego na zona do euro cresceu pelo sétimo mês consecutivo e bateu novo recorde, atingindo 10,7% dos trabalhadores. A Espanha ainda ostenta o maior índice (23,3%). Os jovens são as principais vítimas e já são tratados como “geração perdida”.

O papel imperialista da Alemanha

Desde a queda do Lehman Brothers, em setembro de 2008, que deflagrou a mais recente crise capitalista mundial, o desemprego na Europa já subiu 46,8%. Um mês antes da falência do banco estadunidense, apenas um país entre os 27 da União Europeia tinha taxa de desemprego acima de 10%. Era a Espanha (11,3%). Hoje, 12 estão nessa situação gravíssima.

O total de desempregados na União Europeia saltou de 16,6 milhões em agosto de 2008 para 24,3 milhões em janeiro deste ano. Só a Alemanha, que atua como potência imperialista sugando a riqueza das nações mais frágeis, conseguiu reduzir o desemprego neste período sombrio. A sua taxa, que era de 7,2% em agosto de 2008, hoje está em 5,8%.

Corte de direitos dos trabalhadores

Isto não significa que a situação do trabalhador alemão seja uma maravilha. Diante da crise, o governo direitista de Angela Merkel impôs uma reforma trabalhista que permite ao patrão reduzir a jornada de trabalho e cortar os salários. Não é para menos que os sindicatos menos dóceis da Alemanha têm intensificado as lutas contra as perdas de poder aquisitivo dos trabalhadores.

O processo de regressão trabalhista também não é uma novidade somente da Alemanha. Todos os países da Europa têm cortado direitos históricos dos trabalhadores. Na semana passada, o parlamento espanhol ratificou um decreto do governo direitista de Mariano Rajoy que diminui os custos das demissões, reduzindo a indenização.

"A espantosa boca-livre" dos banqueiros 

Diante desta agressão, o movimento sindical espanhol promete realizar em 29 de março uma gigantesca greve nacional. Segundo Ignacio Toxo, secretário-geral das Comissões Operárias, o decreto aprovado lembra as condições de trabalho que existiam nos anos da ditadura do general Francisco Franco (1939-1975) e agravará ainda mais o desemprego no país.


Mas nem tudo é desgraça na Europa. Para os banqueiros, a situação é bastante favorável. O choque de terror neoliberal mantém seus altos rendimentos. No mês passado, o Banco Central Europeu doou para 800 bancos cerca de R$ 1,2 trilhão – 529,5 bilhões de euros. Até Clóvis Rossi, articulista da Folha, ficou abismado com a “espantosa boca-livre da banca”. (Com a Pátria Latina)

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