Marcus Rocha Rios, vales e lugares
José Carlos Alexandre
Deliciei-me um tantão com o CD Marcus Rocha Rios, vales e lugares.
Um belíssimo trabalho do jornalista e, revelação atual, cantor Marcus Rocha, colega de longos anos de redação.
Ao escutá-lo, lembro-me da visita que diz ao Jequitinhonha. Era candidato a deputado pelo PCB e viajei com meu falecido compadre Wat Gomes até Jacinto, onde ele nasceu.
Pelo Vale meu contato com homens e mulheres trazendo nos rostos os retratos do sofrimento: sinais de velhice precoce, pés descalços, tal qual "Seu Manoel", cantado por Marcus.
E as crianças,mais para personagens de Graciliano Ramos que seres verdadeiros: pouca roupa, cabelos desalinhados, corpos cheios de equimoses...
Mas o Jequitinhonha de Marquinho não é só tema político.
É sobretudo entretenimento.
Afinal ninguém pode ser político o tempo todo...
Há espaço para se cantar o amor, as belezas do Rio Cipó, lembrar Araçuí e o Luar de Itaporé, juntamente com Paulinho Pedra Azul.
Marcus Rocha por vezes nos faz lembrar seu primo Jésus Rocha, ex-repórter e ex-redator do Diário da Tarde, jornal desaparecido há seis, sete anos.
Nela Jésus crio uma das colunas mais lidas de Minas, talvez até pelo seu nome curtinho, fácil de gravar, mais fácil ainda de ser lida:" Coluna por Um".
Na verdade, este Um eram vários jornalistas mas todos seguindo o redator-principal: texto curto, incisivo.
Marcus Rocha por vezes era assim em seus textos no mesmo jornal. Mesmo quando escrevia reportagens policiais: muito objetivo.
E assim é sua música; sua poesia em Rios, vales e lugares. Vai longe este cantor das margens nem sempre prestigiadas do Jequitinhonha.
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