No Dia Mundial de Luta, camponeses enfatizam direito às suas próprias sementes
Mateus Ramos
Todo ano, no dia 17 de abril, entidades do movimento social pela reforma agrária em todo o mundo se organizam para realizar ações conjuntas em prol da luta pelos direitos dos camponeses. Em 2014, a mobilização global enfatiza o direito às sementes camponesas.
"Há quase 100 anos, nossas sementes têm sido ameaçadas pelo capital daqueles que buscam privatizá-las em prol de uma agricultura industrializada. Nos últimos anos, essa pilhagem foi intensificada através das ‘Leis Monsanto’, que criminalizam os camponeses por utilizarem as próprias sementes, ao invés de usarem as registradas ou patenteadas pela industria transgênica.”, destaca um informe da organização Via Campesina.
Para os camponeses, as sementes encarnam uma posição fundamental na luta pela soberania alimentar. São delas que os adeptos da agricultura familiar retiram seus alimentos, além do que as sementes também têm uma função cultural, pois, com elas, são transmitidas a visão, a sabedoria, as práticas e a cultura das comunidades camponesas.
Em todo mundo, cresce, anualmente, a capacidade de mobilização e luta dos povos organizados contra a agroindústria, que, além de gerar exploração e morte de muitos camponeses, se apoderam de terras por meio da grilagem, expulsa os agricultores e os indígenas de suas terras, e envenena seus alimentos.
Na Colômbia, por exemplo, houve uma greve nacional, quando o governo aprovou uma lei que permitia a destruição de sementes camponesas, por não estarem registradas. No México, também houve greve de fome, quando tentaram permitir o cultivo de milho transgênico.
"Em todos os continentes, lutamos pelas nossas sementes, que nos permitem uma agricultura saudável, rica em diversidade e que nos permitem, verdadeiramente, enfrentar as mudanças climáticas.”, comunica o informe.
A razão do dia 17
O dia 17 de abril foi escolhido como Dia Mundial da Luta Camponesa como forma de homenagear os 19 agricultores brutalmente assassinados pela Polícia Militar brasileira na cidade de Eldorado dos Carajás, Estado do Pará. Na época, em 1996, os agricultores lutavam pela reforma agrária e foram vítimas dos interesses e do agronegócio.
Em contato com a Adital, a assessoria de imprensa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Brasil, ratificou a importância desse dia como forma de não deixar o crime contra os 19 camponeses cair no esquecimento. "Toda jornada tem como objetivo relembrar esse massacre, mas também é uma luta pela reforma agrária. Este mês, já estão acontecendo ações nos arredores do local onde ocorreram os assassinatos, um acampamento da juventude, com atividades informativas acerca do movimento.” Com a Adital)
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