Esquerda Marxista decide sair do PT e lutar por uma frente de esquerda
Nos dias 20 e 21 de abril ocorreu a Conferência Nacional Chico Lessa, na cidade de Praia Grande, litoral de São Paulo, com mais de 100 participantes vindos de diferentes estados do país e delegados eleitos nas plenárias regionais com base no informe político apresentado pelo Comitê Central da Esquerda Marxista.
A Conferência ocorreu logo após a exitosa Escola de Quadros Nacional, atividade de formação realizada entre 17 e 19 de abril no mesmo local. (veja aqui como foi a Escola)
Esta Conferência da Esquerda Marxista foi batizada com o nome de Chico Lessa, membro do Comitê Central falecido em 28 de fevereiro em um trágico acidente. A abertura contou com uma emocionante homenagem ao nosso camarada Chico, que nos fez recordar de sua vida marcada pela luta ao lado da classe trabalhadora e da juventude, pela construção do socialismo. A emoção combinou-se com a convicção de que seguiremos seu combate. Ao final, ecoou no auditório por três vezes o grito: Chico Lessa, presente!
O primeiro dia da Conferência contou com a participação e saudação de representantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), do Movimento Esquerda Socialista (MES) – tendência do PSOL, do Partido Comunista Revolucionário (PCR) e da CUT Pode Mais. A organização Espaço Socialista também enviou uma saudação à Conferência.
O camarada Jorge Martin, membro do Secretariado Internacional da Corrente Marxista Internacional (CMI), apresentou o informe sobre a situação política internacional. Enfatizou a profunda crise que atravessa o capitalismo, combinada com a disposição de luta de jovens e trabalhadores ao redor do mundo, exemplificada com as grandes mobilizações que explodiram a partir de 2011: Primavera Árabe, Movimento Occupy e manifestações contra o racismo e a violência policial nos EUA, o movimento na Praça Taksim na Turquia, Movimento dos Indignados na Espanha, manifestações, greves e greves gerais na Grécia, Espanha, França, Portugal, Itália, etc.
Jorge Martin apresentou também a constatação de que estas grandes mobilizações não se expressaram através dos partidos tradicionais da classe trabalhadora, que têm suas direções atreladas a uma política de defesa do capital. Ao mesmo tempo, o que surge é a busca do proletariado pela reorganização sobre um novo eixo de independência de classe, que se expressa de forma evidente no crescimento e vitória do Syriza na Grécia, e no surgimento e ascensão do Podemos, na Espanha. Mesmo com as deficiências e vacilações das direções desses partidos, o fato é que eles conseguiram arrastar parcelas significativas das massas, com um discurso mais à esquerda, diante da falência política dos partidos tradicionais da classe.
O camarada Serge Goulart apresentou o informe do Comitê Central com enfoque na situação política nacional e nossas tarefas, ressaltando que a situação no Brasil é parte da situação mundial do capitalismo e da luta de classes.
Apontou a mudança na situação política a partir de junho de 2013, com as massivas manifestações populares que tomaram o país, e que seguiu com o início das greves de massa em 2014 (garis, condutores, construção civil, etc.) e em 2015 (metalúrgicos da Volks e Mercedes, professores do Paraná e outros estados, etc.). Estas mobilizações evidenciam que o proletariado brasileiro não se sente nem acuado e nem derrotado, mas forte e com muita disposição de lutar, apesar das direções presas à colaboração de classes.
A nova situação política também se expressou nas eleições de 2014, onde o PT, mesmo vencendo no 2º turno das eleições presidenciais, graças a um reagrupamento da vanguarda para impedir a vitória do PSDB, foi duramente castigado nos principais centros operários do país. Logo após as eleições dissemos em "Carta Aberta a Lula, Dilma e à direção do PT" que a vitória apertada de Dilma tinha sido uma última advertência da classe ao partido.
O que fizeram foi seguir e aprofundar a política anterior. O governo Dilma aplica um verdadeiro estelionato pós-eleitoral colocando em prática tudo o que criticou no adversário, Aécio Neves, submetendo-se ainda mais aos interesses dos capitalistas, colocando em prática uma política de austeridade com o aumento de impostos e cortes no orçamento para áreas como saúde e educação, além dos ataques a direitos trabalhistas (MPs 664 e 665) e a continuação das privatizações.
Mesmo no caso do PL 4330, da terceirização, o governo não se posiciona por sua derrubada, e negocia emendas apenas para garantir a arrecadação dos impostos federais.
Para completar o quadro, o PT é atacado e não reage. Sedes do partido são alvo de atentados e a direção limita-se a pedir investigação policial. Dirigentes são condenados e presos na farsa do julgamento da Ação Penal 470, o chamado "mensalão", e o partido e os próprios condenados não combatem a decisão para "respeitar" as instituições burguesas. Bolsonaro em ato público defende o fuzilamento da presidente e nenhuma reação. Isso só deixa a direita mais à vontade para defender suas posições reacionárias. O partido é incapaz de convocar a militância às ruas por causa da própria política que aplica.
Tudo isso aprofunda o rompimento da classe trabalhadora com o PT, a juventude já abandonou o partido há tempos, os trabalhadores seguem o mesmo caminho. O PT vai pelo mesmo rumo do PASOK na Grécia, do PS na França, do PSOE na Espanha. Para os revolucionários, não há mais terreno para a construção das ideias do socialismo no interior do PT. Diante de tudo isso, o Comitê Central da Esquerda Marxista propôs à Conferência tomar a decisão de saída do PT.
Após um rico debate, com diferentes intervenções do plenário, por unanimidade foi decidida a saída da Esquerda Marxista do PT para seguirmos no combate pela construção da organização revolucionária.
Também por unanimidade foi aprovada a impulsão de uma frente de esquerda, que busque agrupar militantes, sindicalistas, jovens, estudantes, grupos, organizações e partidos dispostos a levar um combate conjunto na luta de classes. Nesse sentido, a Esquerda Marxista apresenta uma primeira proposta de manifesto para abrir a discussão, intitulado "Manifesto por uma Frente de Esquerda. Unir para vencer e fazer um mundo novo nascer!" (veja aqui o manifesto)
A Esquerda Marxista seguirá debatendo internamente até setembro os próximos passos a serem dados pela organização na atual conjuntura a partir da decisão de saída do PT. A frente de esquerda é o combate central imediato da organização, combinada com a campanha "Público, Gratuito e Para Todos: Transporte, Saúde, Educação! Abaixo a Repressão!" junto à juventude.
Os militantes encerraram com grande ânimo essa Conferência, a decisão de saída do PT abre as portas para um salto na construção da organização. Isso foi constatado já nas discussões com os contatos após a divulgação de que o Comitê Central apresentava essa proposta à Conferência.
Ao final, os camaradas cantaram "A Internacional", hino da classe trabalhadora. Nitidamente os presentes saíram com disposição renovada para seguir na luta pela revolução, pelo socialismo. Para seguir a luta da vida do camarada Chico Lessa, que deu nome a essa histórica Conferência.
Junte-se a nós nesse combate!
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Manifesto por uma Frente de Esquerda *
Unir para vencer e fazer um mundo novo nascer!
A Frente de Esquerda* não surge para participar do velho jogo político. Nós não viemos para criar uma nova casta de privilegiados políticos que divide benesses e manipula a opinião pública, que diz uma coisa e faz outra, que entra pobre e sai rico das instituições, governos e legislativos deste sistema.
Nada temos, e nem queremos ter, com este velho mundo, com este velho sistema que está erguido sobre a dor e desesperança de milhões, este edifício de privilegiados cujo peso está nas costas dos jovens, dos trabalhadores do campo e da cidade, de todos os que nada tem a não ser a vontade de viver e conhecer uma vida decente, de ter educação e saúde públicas e gratuitas, empregos decentes e um futuro com esperança para si mesmo e seus filhos.
O sistema capitalista fracassou, como se constata em todo o mundo com a crise econômica internacional. Ele provoca desemprego, suicídios, cortes de salários e de serviços públicos, de direitos e conquistas, por um lado, e por outro, ainda mais enriquecimento e concentração de capital. Este sistema baseado na busca do lucro só traz sofrimento, divisões e guerras, assim como as nuvens trazem a tempestade.
Nós viemos para mudar tudo, para revolucionar a sociedade, varrer do poder os velhos partidos e seus políticos mentirosos e corruptos. E lutaremos por isso por todos os meios possíveis decididos e apoiados conscientemente pelas maiorias oprimidas e exploradas neste sistema internacional, construído e controlado por uma ínfima minoria de milionários e políticos a seu serviço.
Nós viemos para dizer “Basta a este sistema!”, como estão fazendo jovens e trabalhadores na Tunísia, no Egito, na Grécia, em Portugal, na Espanha, nos Estados Unidos, em todo o mundo. Viemos para fazer parte deste grande movimento que pode mudar, está mudando e vai mudar o mundo!
Viemos para enterrar um mundo velho em que estas minorias privilegiadas enriquecem e conspiram contra os trabalhadores e a juventude reprimindo qualquer manifestação em que pedimos direitos ou melhorias nas condições de vida, em que protestamos contra as humilhações do dia a dia, em que tentamos ser ouvidos.
Toda nossa vida vimos a gente sofrida tentando ser ouvida, pedindo e implorando por suas mínimas necessidades. Nas cidades, pedindo por um emprego digno para continuar construindo a riqueza social, no campo pelo direito de suar o dia todo produzindo alimentos, nas escolas pelo direito de estudar, ter professores capacitados e com salários dignos, nos bairros por postos de saúde, segurança, pontes e calçamento.
Não queremos mais ser ouvidos pelos governantes, magnatas e seus políticos. Nós cansamos de tentar ser ouvidos por essa gente e receber indiferença, cacetadas ou sermos criminalizados. Agora, nós queremos tudo, tudo o que construímos, tudo o que a nós diz respeito e sobre o que temos todos os direitos.
A Frente veio para unir, organizar e mobilizar para que o povo tome tudo o que é seu
A Frente veio para ganhar essa guerra que eles começaram. Nós estamos em guerra com os palácios, os marajás, para que os milhões de pobres e trabalhadores possam viver.
No lugar de suas mansões e condomínios de luxo vamos construir casas para todos. Confiscaremos os bilhões que nos roubaram. Queremos de volta as aposentadorias roubadas, integrais e melhoradas.
Viemos para acabar com os conchavos e os segredos e construir um mundo novo, onde tudo seja decidido em assembleias democráticas e abertas nos bairros, nos locais de trabalho, nas escolas. Estamos fartos de um mundo em que as decisões fundamentais da sociedade são tomadas em salões longe dos olhos e ouvidos daqueles que tudo produzem e tudo suportam.
Viemos para retirar o poder das mãos dos banqueiros, dos especuladores, das empreiteiras, das multinacionais e outros vampiros que roubam, saqueiam e enriquecem às custas do trabalho e sofrimento de milhões e milhões de brasileiros.
Viemos para barrar a destruição do meio ambiente pelas grandes empresas, pelos latifúndios e agronegócios, pelos megaprojetos que só servem ao capital e ignoram todas as necessidades humanas reais.
Viemos para garantir a igualdade verdadeira entre os seres humanos e limpar a sociedade de qualquer discriminação. Queremos todos os jovens na escola e na profissão que desejar, com todos os direitos, independentemente da cor da pele, de suas convicções pessoais, religiosas ou sexuais. Queremos trabalho para todos os homens e mulheres com salário digno e todos os direitos iguais.
Não aceitamos mais que a cultura, a diversão e a arte sejam privilégios de minorias e inalcançável para as grandes massas. Viemos para lutar para que aqueles que produzem a arte e a cultura possam fazê-las sem as amarras do capital e de seu Estado.
Queremos uma arte e cultura livres, com os meios de produção, da circulação e da comunicação sob o controle soberano da maioria da população. Somente assim as formas de expressão, da produção e criação da arte e da cultura poderão florescer. Vamos construir uma sociedade onde tudo o que a Humanidade expressou, sonhou e criou esteja à disposição de todos os seres humanos.
A Frente veio para combater este sistema em que os políticos e governantes transformaram a mentira e a corrupção em método de governo
Eles falam em democracia, mas que democracia existe em vestir vermelho e convocar o povo durante as eleições, e após o anúncio da vitória surgir de branco e se render aos oligarcas?
Não aceitamos mais viver sob um sistema de estelionato eleitoral permanente. Recusamos a hipocrisia de defender as reivindicações populares durante as eleições, depois colocar no governo os inimigos do povo e continuar uma política de transferência de recursos públicos para os grandes empresários e especuladores!
Não aceitamos mais ser governados por máfias, ou corruptos que se alternam, amáveis nas eleições e indiferentes durante o mandato em que enriquecem e enriquecem seus amigos e patrões. Viemos para acabar com salários milionários e para que qualquer funcionário público só possa receber no máximo o salário de um trabalhador qualificado.
Que democracia existe onde 15 famílias tem R$300 bilhões, que é mais do que ganham 15 milhões de brasileiros? Onde 5% de magnatas têm mais do que 60% da população?
Que democracia existe onde uma ínfima minoria de latifundiários e agrocapitalistas têm quase todas as terras e os que querem trabalhar a terra são expulsos para as periferias?
Quem somos e porque ninguém nos representa
Não nos representam os partidos e governos constituídos pelos patrões e pelas elites políticas. Esta gente não pode propiciar o acesso do povo brasileiro às conquistas da civilização.
Não nos representam os partidos que dizem falar em nome do povo, mas uma vez tendo chegado aos governos e legislativos, se dedicam a governar como os partidos das elites dominantes. Esta gente não pode mudar esse sistema feito para corromper e dominar.
A Frente não acredita nos partidos que se dizem populares, da classe trabalhadora e da juventude, mas que governam e legislam para distribuir migalhas, enquanto produzem, por suas políticas, todos os anos, mais milionários.
A Frente nasce da vontade de trabalhadores e da juventude, de organizações e movimentos em luta, cansados de ver políticos e partidos comprometidos com a atual ordem econômica, social e política tratar a todos como massa de manobra.
A Frente nasce com integrantes de diferentes origens e caminhos, cada mantendo sua própria personalidade e objetivos, mas que sabem da necessidade de unidade e que se encontraram nas lutas, movimentos e organizações que querem fazer valer, definitivamente, a voz das ruas, das fábricas, das escolas, locais de trabalho no campo e na cidade.
Nossa juventude e nosso povo está cansado de salvadores da pátria, de estrelas e chefes intocáveis, cansados daqueles que buscam fazer dos que acreditam apenas uma base eleitoral de manobra para suas inconfessáveis intenções. Por isso mesmo, para a Frente o debate franco para avançar unidos, o respeito às diferentes origens e opiniões, a vontade de construir juntos, as discussões e decisões de base e as democraticamente construídas são a parte essencial de sua existência e de suas próximas vitórias.
Uma nova etapa de reorganização do povo trabalhador e da juventude já se abriu no Brasil. Esta etapa será marcada pela busca de nossa reorganização livre de qualquer submissão aos interesses do capital, do imperialismo que pilha nosso povo.
A Frente quer ser um instrumento plural e unitário dos oprimidos e explorados para uma viagem de vitória, para construir uma Terra onde não se saiba mais o que é este mundo de miséria, guerras, terrorismo individual e de Estado, corrupção, roubos e assassinatos de inocentes, manipulação, mentiras, criminalização dos os movimentos sociais, opressão e exploração.
A Frente é um instrumento para reorganizar as nossas próprias forças, tão e tantas vezes enganadas, fraudadas, confundidas e dispersadas, para enfrentar e varrer todo o mal com que este velho e podre sistema cobre o mundo.
E este movimento para revolucionar esta velha sociedade vai avançar, quaisquer que sejam as dificuldades, apesar das confusões, idas e vindas, vitórias e derrotas, fluxos e refluxos. Nós queremos construir o futuro e isso não pode ser feito com gente que foi ganho e domesticado pelo sistema capitalista e sua democracia de privilegiados.
É para isso que reagrupamos forças, constituímos uma Frente da Esquerda, de todos que não aceitam este mundo velho e desejam ajudar a parir um mundo novo. Um mundo onde a palavra felicidade não seja apenas um sonho distante, mas o cotidiano dos homens e mulheres que habitam o planeta Terra.
A Frente sabe que o futuro só se constrói sobre o que se construiu no passado, sobre o que existe agora, e por isso convida todos que querem continuar fiéis à classe trabalhadora e sua luta contra o capitalismo, contra o imperialismo, pelo socialismo, para somar-se à esta luta para ganhar um mundo.
A Frente considera essencial lutar pela unidade da classe trabalhadora e da juventude, exigindo das organizações que os trabalhadores reconhecem como suas que ajudem unir e mobilizar as massas para defender cada conquista, cada direito, e enfrentar as políticas do capital aplicadas pelo governo.
Tudo que era sólido está se desmanchando no ar, eles estão com medo e nós com esperanças
O Brasil entrou num período de grandes provas e de grandes choques, um período onde tudo vai ser testado e tudo que foi usado e gasto vai ser descartado, instituições, partidos e lideranças, um tempo em que teremos confusão e angústia, desânimo e raiva, mobilizações e explosões, que é o resultado da situação política e econômica e da política dos colaboradores de classe de plantão.
Nesta tempestade só se abre caminho lutando, unificando forças e jamais abandonando o norte, o objetivo, o que se vai conquistar.
Mas, este é o tempo onde também conheceremos vitórias, alegrias nas lutas e com nossas conquistas, com nosso crescimento, e aumento de nossa força e potência para lutar e ameaçar o mundo deles. A verdade é que somos nós que temos a esperança e eles, todos eles, quaisquer que sejam suas diferenças pontuais, herdaram o medo, o medo que um dia os oprimidos, a juventude, sentiam e já não sentem mais.
Eles, as elites e aqueles que um dia fizeram parte de nossas lutas, vivem com medo. Eles têm medo das manifestações, medo das eleições, medo que tenhamos perdido o medo, medo da revolta dos pobres, medo que suas tramoias sejam descobertas, que suas contas no exterior sejam confiscadas.
Eles herdaram o medo e nós ficamos com a esperança e a certeza de que podemos vencer, que podemos ganhar. Sim, podemos e vamos ganhar, vamos construir um mundo novo onde esta sociedade que eles construíram seja apenas um capítulo da história da Humanidade. Queremos um mundo onde a vida de todos, vida que é tão bela, seja também, uma vida feliz.
E para construir um mundo novo, que só pode ser construído pela própria classe trabalhadora e pela juventude com consciência de suas próprias necessidades e objetivos, é preciso combater e denunciar todos os dias a subordinação política, econômica e social destes governos e partidos submetidos à burguesia e ao capital.
É preciso combater tudo o que divide e desmoraliza os trabalhadores e a juventude, assim como tudo o que tenta conduzi-los às alianças e coligações com seus inimigos de classe, os proprietários de fábricas, grandes empresas nacionais e multinacionais, bancos e fazendas, pois interesses contrários não podem ter interesses comuns e qualquer ilusão nisso leva à derrota e ao abandono dos objetivos de emancipação dos oprimidos e explorados.
Após anos tendo grande parte de suas ilusões desfeitas pela vida prática pela política dos últimos governos, depois de anos de lutas econômicas e parciais, os trabalhadores e a juventude começam a perceber o caráter de “gente do sistema” daqueles a quem haviam encarregado de mudar a vida.
Lutas, greves e manifestações voltaram às ruas, mais fortes e decididas
É por isso que agora começam a voltar às ruas as lutas de massa. Após o período político aberto pelas gigantescas manifestações nas jornadas de junho de 2013, começaram a surgir greves com ampla participação das massas, como a dos garis, bombeiros, professores, metroviários de SP, motoristas e cobradores, além das explosões na construção civil, como com os operários da construção civil no Rio de Janeiro, além da explosão grevista dos funcionários públicos e professores do Paraná e muitas outras pelo Brasil a fora.
Essas greves representam um forte sinal de que o rio começou a transbordar. Desde 2013 até o início deste ano grande parte dessas greves foram revoltas espontâneas dos trabalhadores que atropelaram as direções sindicais pelegas. Isso significa que os trabalhadores estão perdendo a paciência e não aceitam mais a rendição dos sindicatos, a colaboração de classe, a cooptação pelo governo e pelo capital e acomodação diante das difíceis condições de vida que atinge o mundo do trabalho.
O Brasil entrou num período de grandes provas e de grandes choques, um período em que tudo vai ser testado, onde tudo que foi usado e gasto vai ser descartado. As instituições, as lideranças políticas e sindicais que não corresponderem a esse novo ciclo serão também descartadas e substituídas. Esse também será um tempo em que serão imensas as possibilidades para aqueles que estão dispostos à luta e à reorganização do movimento operário e popular.
Esse é um período rico porque as manifestações de rua, as greves de massas e a desmoralização das entidades sindicais diante dos trabalhadores são sintomas apenas observados no final da década de 70 e início dos anos 80 em que gigantescas manifestações grevistas, aliadas às manifestações de ruas enterraram a ditadura militar. Por isso, esse é o movimento para se construir uma alternativa popular para os trabalhadores e a população em geral.
É necessário combater tudo que divide e desmoraliza os trabalhadores e a juventude, assim como tudo que tenta conduzi-los a alianças com os seus inimigos de classe, os proprietários dos bancos, das fábricas, das multinacionais, das terras e fazendas.
É por isso que a Frente assume como prioridade a luta contra a política de austeridade, de cortes e ataques às conquistas dos trabalhadores, assim como contra toda precarização e terceirização, promovidas pelo governo e pelo Congresso Nacional.
Luta que só pode ser vitoriosa se travada com os métodos da classe trabalhadora, mobilizações, greves e manifestações com total independência do governo, seus partidos e seus aliados capitalistas assim como de toda oposição de direita.
A convulsiva situação internacional, o impasse mundial do capitalismo e seu sistema de exploração, guerras e pilhagens, começa a se encerrar o período aberto pelo surgimento dos governos reformistas de colaboração de classes, políticas compensatórias e tentativas impossíveis de harmonia entre Capital e Trabalho.
A Frente diz não! Recusamos um sistema de enriquecimento de uma minoria baseado no trabalho, no suor e no sangue dos povos de todo o mundo. Mas, cada dia mais os reformistas estão sendo todos abandonados por aqueles que, um dia, fizeram a sua força e que agora estão cansados de servir de massa de manobra para os políticos e os partidos comprometidos com a manutenção da atual ordem econômica, social e política.
O capitalismo nada tem a oferecer aos trabalhadores e à juventude. O que queremos
Vamos unificar forças para varrer este mundo velho para o lixo da história. Vamos limpar o mundo destes velhos partidos, destes velhos sistemas, destas velhas mentiras e manobras. Vamos tomar os bancos e as multinacionais, as grandes indústrias, todas as empresas e serviços privatizados e planificar a economia.
Vamos tomar as terras e produzir alimentos e o que for necessário aos povos, e não “mercadorias” para a especulação internacional.
Vamos estatizar os Fundos de Pensão hoje nas mãos do capital financeiro e garantir aposentadoria integral pública e solidária para todos.
Vamos cancelar as Dívidas Interna e Externa, retirar as Reservas Internacionais aplicadas em títulos dos EUA e pôr o dinheiro todo em Transporte, Saúde e Educação públicos e gratuitos para todos.
Vamos dissolver as PMs e organizar a segurança popular com os moradores dos bairros, com os sindicatos, com uma polícia popular armada e democraticamente controlada. Não aceitamos a PM que reprime as manifestações legítimas com métodos de guerra civil, que pratica uma matança do povo nas periferias pobres e que vê em cada jovem negro um bandido, um inimigo a abater.
O povo tem o direito de cancelar o mandato deste Congresso Nacional de picaretas. Todos os mandatos devem ser revogáveis pelo povo a qualquer hora. Nenhum deputado pode ganhar mais que um trabalhador qualificado.
Vamos reunir, unificar, todos os trabalhadores e a juventude, em assembleias populares para discutir o que fazer e como fazer. Não nos interessam estas instituições velhas e mal cheirosas como um cadáver, seus políticos e partidos. Queremos construir um verdadeiro poder popular apoiado na classe trabalhadora, nos camponeses e na juventude.
A Frente nasce da revolta popular e sua necessidade de unificar e organizar essa revolta contra as oligarquias que mantém o mundo escravizado. Nós vamos retirar o exército brasileiro que massacra o povo do Haiti. Vamos lutar contra as invasões imperialistas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia e em qualquer parte do mundo. Vamos defender a revolução venezuelana e a revolução cubana contra o capitalismo e o imperialismo.
Repudiamos o decreto do imperialista Obama que declara que a Venezuela é um risco à segurança nacional dos EUA alegando razões que só dizem respeito à Venezuela. Quem deve decidir sobre a Venezuela é o próprio povo da Venezuela. Fora o imperialismo das Américas!
Nós só confiamos em nossas próprias forças, em nossa organização e nossas lutas e em nossos objetivos, em na força e vontade de luta da classe trabalhadora, da juventude, dos oprimidos e explorados. Nós não temos nada a perder, mas temos um mundo a ganhar. Nós queremos tudo a que temos direito. Unidos, organizados e mobilizados vamos assaltar os céus e tomar o paraíso!
É hora de mudar tudo, de revolucionar esta sociedade doente governada por manobreiros e mentirosos, repressores e saqueadores!
É hora de construir um mundo novo. Só a classe trabalhadora e a juventude podem fazer isso!
Sim, nós podemos mudar o mundo! Sim, nós faremos um mundo novo nascer!
Mãos à obra!
*Frente de Esquerda: Este nome é apenas um nome para abrir a discussão. O essencial é o seu caráter anticapitalista e anti-imperialista e de intervenção na luta de classes, nas lutas em defesa dos direitos e conquistas, contra a política de austeridade. O melhor nome surgirá nas discussões dos que desejam erguer esta Frente.
Entre em contato: contato@.org.brmarxismo
(Com o Diário Liberdade) - Os grifos são meus, J.C.Alexandre
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