Encontro Estadual do MST
“No ano de 2010, tivemos o menor número de assentamentos por ano no Brasil”
Começa o 23 º Encontro Estadual do MST de Minas Gerais
Ana Maria Amorim
Campo do Meio, MG
O sul de Minas Gerais recebe o 23º Encontro Estadual do MST entre os dias 18 e 21 de fevereiro. Com cerca de 250 participantes, o encontro pretende discutir os desafios do movimento para este ano. O espaço também prevê o Encontro dos Amigos dos Sem Terra, que visa reunir apoiadores do MST em um momento de formação, confraternização e fortalecimento das parcerias.
Na abertura do encontro, um apanhado sobre a conjuntura deixa claro que os desafios dos trabalhadores não são pequenos. “O momento é desafiador para o MST e para as outras forças que querem um projeto popular, pois estamos em um momento de ofensiva do capital internacional que, neste governo, impõe o sistema de produção dele, se apropriando de bens naturais, como a terra e as águas”, diz um dos coordenadores do movimento, José Valdir Misnerovicz.
Para Valdir, o modelo do capital internacional, ou seja, o agronegócio, é uma forma das grandes corporações se apropriarem das terras agricultáveis do mundo. Isso implica uma mudança do inimigo: se antes era o fazendeiro local, agora passa a ser estas grandes corporações. A luta, portanto,passa a ser mais acirrada.
MINAS GERAIS
Os dados da reforma agrária em Minas Gerais são alarmantes. Já faz dois anos que o estado não consegue assentar nenhuma família do movimento e, para as famílias que foram assentadas, não há assistência técnica. “No ano de 2010, tivemos o menor número de assentamentos por ano no Brasil”, afirma Valdir. Na região do sul de Minas Gerais um assentamento ilustra bem essa realidade: há quatro anos que as famílias do assentamento Santo Dias vivem como nos acampamentos, pois não chegam as verbas para efetivar a reforma agrária no local, obrigando as famílias a viverem sem água encanada, saneamento, transporte, educação etc.
A atuação do órgão do governo para cuidar da reforma agrária, o Incra, é praticamente inexistente. “Há anos que o Incra está com um superintendente provisório e sem verbas. Assim, não há recursos para a reforma agrária no estado. O Incra está propositalmente congelado”, diz o sem terra Geraldo Magela Santos. Sobre o novo cenário político formado nas eleições do ano passado, a esperança é branda. “A Dilma pode até ser um ganho de fôlego, se comparar com o Serra, mas sem luta não há reforma agrária. O projeto do governo Dilma continua o projeto anterior, do Lula, e em nenhum dos dois está a reforma agrária”, completa Geraldo.
Nos arredores do assentamento 1º do Sul, onde se organiza o encontro, a história da luta pela terra é marcada por conflitos e descaso. Nestas terras também está o “maior conflito de terras do MST em Minas Gerais”, analisa Sílvio Netto, da direção estadual. Netto se refere as terras da antiga usina Ariadnópolis, desativada desde 1992. Os proprietários da usina e das terras, que somam um total de 6,6 mil hectares, deixaram uma dívida de R$ 5 milhões com os trabalhadores e mais R$ 392 milhões com bancos públicos e privados.
Os próprios ex-trabalhadores da antiga usina ocuparam as terras, devido a imensa dívida trabalhistas que não foi paga. “Esta ocupação foi em 1997. De lá pra cá, milhares de famílias, tanto dos ex-trabalhadores como famílias pobres que queriam um pedaço de terra passaram por essas terras. Não há, porém, uma postura do Estado para fazer destas terras área de reforma agrária. Essa luta denuncia a falência da reforma agrária em Minas Gerais”, completa Netto.
Ana Maria Amorim
Campo do Meio, MG
O sul de Minas Gerais recebe o 23º Encontro Estadual do MST entre os dias 18 e 21 de fevereiro. Com cerca de 250 participantes, o encontro pretende discutir os desafios do movimento para este ano. O espaço também prevê o Encontro dos Amigos dos Sem Terra, que visa reunir apoiadores do MST em um momento de formação, confraternização e fortalecimento das parcerias.
Na abertura do encontro, um apanhado sobre a conjuntura deixa claro que os desafios dos trabalhadores não são pequenos. “O momento é desafiador para o MST e para as outras forças que querem um projeto popular, pois estamos em um momento de ofensiva do capital internacional que, neste governo, impõe o sistema de produção dele, se apropriando de bens naturais, como a terra e as águas”, diz um dos coordenadores do movimento, José Valdir Misnerovicz.
Para Valdir, o modelo do capital internacional, ou seja, o agronegócio, é uma forma das grandes corporações se apropriarem das terras agricultáveis do mundo. Isso implica uma mudança do inimigo: se antes era o fazendeiro local, agora passa a ser estas grandes corporações. A luta, portanto,passa a ser mais acirrada.
MINAS GERAIS
Os dados da reforma agrária em Minas Gerais são alarmantes. Já faz dois anos que o estado não consegue assentar nenhuma família do movimento e, para as famílias que foram assentadas, não há assistência técnica. “No ano de 2010, tivemos o menor número de assentamentos por ano no Brasil”, afirma Valdir. Na região do sul de Minas Gerais um assentamento ilustra bem essa realidade: há quatro anos que as famílias do assentamento Santo Dias vivem como nos acampamentos, pois não chegam as verbas para efetivar a reforma agrária no local, obrigando as famílias a viverem sem água encanada, saneamento, transporte, educação etc.
A atuação do órgão do governo para cuidar da reforma agrária, o Incra, é praticamente inexistente. “Há anos que o Incra está com um superintendente provisório e sem verbas. Assim, não há recursos para a reforma agrária no estado. O Incra está propositalmente congelado”, diz o sem terra Geraldo Magela Santos. Sobre o novo cenário político formado nas eleições do ano passado, a esperança é branda. “A Dilma pode até ser um ganho de fôlego, se comparar com o Serra, mas sem luta não há reforma agrária. O projeto do governo Dilma continua o projeto anterior, do Lula, e em nenhum dos dois está a reforma agrária”, completa Geraldo.
Nos arredores do assentamento 1º do Sul, onde se organiza o encontro, a história da luta pela terra é marcada por conflitos e descaso. Nestas terras também está o “maior conflito de terras do MST em Minas Gerais”, analisa Sílvio Netto, da direção estadual. Netto se refere as terras da antiga usina Ariadnópolis, desativada desde 1992. Os proprietários da usina e das terras, que somam um total de 6,6 mil hectares, deixaram uma dívida de R$ 5 milhões com os trabalhadores e mais R$ 392 milhões com bancos públicos e privados.
Os próprios ex-trabalhadores da antiga usina ocuparam as terras, devido a imensa dívida trabalhistas que não foi paga. “Esta ocupação foi em 1997. De lá pra cá, milhares de famílias, tanto dos ex-trabalhadores como famílias pobres que queriam um pedaço de terra passaram por essas terras. Não há, porém, uma postura do Estado para fazer destas terras área de reforma agrária. Essa luta denuncia a falência da reforma agrária em Minas Gerais”, completa Netto.
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