Pastores da Morte
Dedicado a Jeferson da Silva, Renilson da Silva e Victor Jara
Espalhando o terror
Buscando o arrego
Impondo o estado da dor
Soldados-tenentes
Senhores da guerra
Implacáveis, inclementes
Capitães-das-vielas
Selvagens, indecentes
Cabeças de repolho e pica-paus
Armados até os dentes
com seus narizes de cristal
Mantidos com nossos impostos
Impõe o horror cotidiano
Desfazem planos
Assassinam sonhos
Cospem em nossas caras
Matam nossos filhos e irmãos
Mentem despudoradamente
Fazem da injustiça seu pavilhão
Cães raivosos
Ceifam vidas inocentes
Com seus fuzis e uniformes
Pisoteiam as flores indulgentes
Mataram um jovem-menino
Que com as mãos moldava o pão
Que a noite estava sorrindo
E de manhã jazia em um caixão
Mataram também o seu tio
Cujo crime era morar na favela
Piedoso enfermeiro-negro
Nunca passou pelas celas
Foram executados pelo Estado
Que financia, treina e arma
Psicopatas de boina e farda
Corsários de insígnias cruzadas
Neo-capitães-do-mato
Jagunços e mercenários
Traficantes e viciados
Milicianos estatizados
E eles sorriem e se protegem
Zombam da dor do trabalhador
Mas o sangue que roubaram
Este sim tem valor
Favela agora é quilombo
O povo não esquece tão rápido
Polícia e bandido se equivalem
O ódio agora é dobrado
Mataram um jovem padeiro
(podia ser seu filho)
Mataram um jovem enfermeiro
(podia ser seu irmão)
Mas o canto que da garganta explode
Esse não podem matar
Nem com a justiça-fuzil
Nem com inquérito militar
E estes dois mártires
Que faziam da alegria sua bandeira
Não serão nome de praça
Pois não têm eira nem beira
Porém na longa estrada
Que no peito é o coração
Nomearão um sentimento amigo
Muita saudade e inspiração
Daniel Oliveira
Belo Horizonte/Minas Gerais
25 de Fevereiro de 2011
Comentários