FLÁVIO ANSELMO
COMO FICARÁ A BOLA, SEM O FENÔMENO?
Flávio Anselmo – 18/2/11
Isso a gente sabe, conforme tão bem captou o extraordinário Edra na charge em anexo à Trincheira de hoje. Mas como ficarão os torcedores de todos os clubes por onde passou, até os arruaceiros da Fiel que apedrejaram seu carro e ameaçaram de morte? Eu, particularmente, fico triste, sorumbático. Apenas não me estresso e rendo-lhe minha homenagem. Passou este, virão outros.
Se assim não fosse eu já teria sucumbido em minha profissão. Não fecharia meu rentável escritório de advocacia pra viver das brisas do jornalismo. Se eu não tivesse certeza de que encerrada a geração de 1950, de Zizinho e outros; não viesse a de 58 de Pelé, Garrincha, Didi e Cia.
Então vieram os novos gênios que 1970, 1980 e a geração atual revelaram. O fenômeno no futebol brasileiro ou mundial não se encerra no sepultamento do mito Ronaldo. E jamais será assim pra alegria dos nossos netos e bisnetos. Na Trincheira anterior sob o título de A BOLA TÁ MAIS TRISTE: OUTRO GÊNIO SE VAI narrei parte da minha pequena convivência com Ronaldo e da viagem que fizemos juntos a Portugal, onde sua estrela começou a brilhar. Prometi escrever sobre o Torneio da Cidade do Porto, envolvendo Cruzeiro, Peñarol e FC do Porto. O gol espetacular de Ronaldo sobre os uruguaios e o novo vexame do treinador Carlos Alberto Silva.
Gosto sempre de repetir que esta história de que o Senhor Silva foi quem lançou Ronaldo é papo furado. É bater a carteira alheia, ainda que Ronaldo lhe seja grato.
Tem que ser porque Ronaldo foi incluído por Silva na delegação à última hora no lugar de um atleta indisciplina cujo nome não me lembro e nem importa.
Mas quem primeiro colocou pra jogar entre os profissionais foi Pinheiro, ex-jogador do Fluminense, da Seleção Brasileira e que fez sucesso como treinador no América e o Cruzeiro o tirou do Vale Verde.
Pinheiro lançou Ronaldo no decorrer de uma partida difícil contra a Caldense que os azuis venceram por 1 a 0, no Mineirão.
Já havia conversado antes comigo, num dos meus programas de tevê e ao responder minha pergunta sobre o garoto disse que estava de olho nele e que o lançaria em breve, como ocorreu.
Mas na cidade do Porto, o Cruzeiro participou de um triangular. Estreou contra o Peñarol e venceu por 3 a 1, parece. Sei que Ronaldo fez um dos gols.
Pediu a bola ao goleiro Paulo César Borges na entrada da área cruzeirense e deu um pique. Ao seu lado corria Luiz Fernando Flores pedindo a bola. Que nada! Ronaldo foi parar na cara do goleiro uruguaio, pelo lado esquerdo e com o bico da chuteira direita fez um daqueles seus gols de toque.
A final do torneio, garfado escandalosamente pelo árbitro português, o Cruzeiro perdeu por 3 a1 do FC do Porto, no velho Estádio das Antas.
No jogo de abertura, estádio lotado, Carlos Alberto Silva, então um herói para os torcedores do Porto, pois ganhar títulos importantes na sua passagem por lá, atravessou o gramado sob aplausos e achou que era a estrela do evento.
Na final, invadiu o campo pra tomar satisfações com o árbitro, em gestos histriônicos, e foi muito vaiado. Terminada a partida, o goleiro Paulo César Borges cumprimentou o apitador, como todo atleta educado faz.
De diante de 60 mil pessoas levou uma dura escandalosa de Carlos Alberto Silva. Pra mostrar que zangava com seu atleta repetiu os gestos anteriores. A comédia de novo lhe valeu uma sonora vaia.
Pra encerrar esta histórica viagem outro episódio curioso. Na volta à Lisboa, no meio do trecho, o preparador físico Luiz Inarra, gente da melhor qualidade, lembrou-se que havia esquecido seu passaporte no hotel do Porto.
Na vista de todos, levou uma dura do chefe. Teve que pagar o taxi chamado até o local onde o ônibus parou – uma daquelas ilhas de descanso – retornar ao Porto e encontrar com a delegação, se desse, no Aeroporto.
Tenho a história comigo, sempre guardada, porque foi o nascimento de um gênio que vi ganhar uma Copa do Mundo, perder outra e se tornar um dos maiores jogadores do Mundo. Gênios não morrem, adormecem.
PS: só acordarão por causa dos gritos de felicidade de uma torcida apaixonada como ocorreu na genial goleada do Cruzeiro (5 a 0) sobre o Estudiantes de La Plata, na Arena do Jacaré. Uma estréia digna na Libertadores.
Até parecia que o time fora forjado nas marteladas de deuses. Cuca, sem rancor e de coração aberto, escalou Gilberto e Roger, adiantou Montillo, colocou Walisson no lugar de Thiago Ribeiro, fez estrear Victorino e com pouco mais de um minuto o bento time fazia l a 0.
As bolas que não entraram no clássico, entraram desta vez. Atuações espetaculares de Roger e Montillo. Excelentes de Pablo, Victorino, Gilberto, Walisson, Marquinhos Paraná, Henrique, WP-9, Fábio e até de Gil. Parabéns Cuca, esta teve muito de você.
Flávio Anselmo – 18/2/11
Isso a gente sabe, conforme tão bem captou o extraordinário Edra na charge em anexo à Trincheira de hoje. Mas como ficarão os torcedores de todos os clubes por onde passou, até os arruaceiros da Fiel que apedrejaram seu carro e ameaçaram de morte? Eu, particularmente, fico triste, sorumbático. Apenas não me estresso e rendo-lhe minha homenagem. Passou este, virão outros.
Se assim não fosse eu já teria sucumbido em minha profissão. Não fecharia meu rentável escritório de advocacia pra viver das brisas do jornalismo. Se eu não tivesse certeza de que encerrada a geração de 1950, de Zizinho e outros; não viesse a de 58 de Pelé, Garrincha, Didi e Cia.
Então vieram os novos gênios que 1970, 1980 e a geração atual revelaram. O fenômeno no futebol brasileiro ou mundial não se encerra no sepultamento do mito Ronaldo. E jamais será assim pra alegria dos nossos netos e bisnetos. Na Trincheira anterior sob o título de A BOLA TÁ MAIS TRISTE: OUTRO GÊNIO SE VAI narrei parte da minha pequena convivência com Ronaldo e da viagem que fizemos juntos a Portugal, onde sua estrela começou a brilhar. Prometi escrever sobre o Torneio da Cidade do Porto, envolvendo Cruzeiro, Peñarol e FC do Porto. O gol espetacular de Ronaldo sobre os uruguaios e o novo vexame do treinador Carlos Alberto Silva.
Gosto sempre de repetir que esta história de que o Senhor Silva foi quem lançou Ronaldo é papo furado. É bater a carteira alheia, ainda que Ronaldo lhe seja grato.
Tem que ser porque Ronaldo foi incluído por Silva na delegação à última hora no lugar de um atleta indisciplina cujo nome não me lembro e nem importa.
Mas quem primeiro colocou pra jogar entre os profissionais foi Pinheiro, ex-jogador do Fluminense, da Seleção Brasileira e que fez sucesso como treinador no América e o Cruzeiro o tirou do Vale Verde.
Pinheiro lançou Ronaldo no decorrer de uma partida difícil contra a Caldense que os azuis venceram por 1 a 0, no Mineirão.
Já havia conversado antes comigo, num dos meus programas de tevê e ao responder minha pergunta sobre o garoto disse que estava de olho nele e que o lançaria em breve, como ocorreu.
Mas na cidade do Porto, o Cruzeiro participou de um triangular. Estreou contra o Peñarol e venceu por 3 a 1, parece. Sei que Ronaldo fez um dos gols.
Pediu a bola ao goleiro Paulo César Borges na entrada da área cruzeirense e deu um pique. Ao seu lado corria Luiz Fernando Flores pedindo a bola. Que nada! Ronaldo foi parar na cara do goleiro uruguaio, pelo lado esquerdo e com o bico da chuteira direita fez um daqueles seus gols de toque.
A final do torneio, garfado escandalosamente pelo árbitro português, o Cruzeiro perdeu por 3 a1 do FC do Porto, no velho Estádio das Antas.
No jogo de abertura, estádio lotado, Carlos Alberto Silva, então um herói para os torcedores do Porto, pois ganhar títulos importantes na sua passagem por lá, atravessou o gramado sob aplausos e achou que era a estrela do evento.
Na final, invadiu o campo pra tomar satisfações com o árbitro, em gestos histriônicos, e foi muito vaiado. Terminada a partida, o goleiro Paulo César Borges cumprimentou o apitador, como todo atleta educado faz.
De diante de 60 mil pessoas levou uma dura escandalosa de Carlos Alberto Silva. Pra mostrar que zangava com seu atleta repetiu os gestos anteriores. A comédia de novo lhe valeu uma sonora vaia.
Pra encerrar esta histórica viagem outro episódio curioso. Na volta à Lisboa, no meio do trecho, o preparador físico Luiz Inarra, gente da melhor qualidade, lembrou-se que havia esquecido seu passaporte no hotel do Porto.
Na vista de todos, levou uma dura do chefe. Teve que pagar o taxi chamado até o local onde o ônibus parou – uma daquelas ilhas de descanso – retornar ao Porto e encontrar com a delegação, se desse, no Aeroporto.
Tenho a história comigo, sempre guardada, porque foi o nascimento de um gênio que vi ganhar uma Copa do Mundo, perder outra e se tornar um dos maiores jogadores do Mundo. Gênios não morrem, adormecem.
PS: só acordarão por causa dos gritos de felicidade de uma torcida apaixonada como ocorreu na genial goleada do Cruzeiro (5 a 0) sobre o Estudiantes de La Plata, na Arena do Jacaré. Uma estréia digna na Libertadores.
Até parecia que o time fora forjado nas marteladas de deuses. Cuca, sem rancor e de coração aberto, escalou Gilberto e Roger, adiantou Montillo, colocou Walisson no lugar de Thiago Ribeiro, fez estrear Victorino e com pouco mais de um minuto o bento time fazia l a 0.
As bolas que não entraram no clássico, entraram desta vez. Atuações espetaculares de Roger e Montillo. Excelentes de Pablo, Victorino, Gilberto, Walisson, Marquinhos Paraná, Henrique, WP-9, Fábio e até de Gil. Parabéns Cuca, esta teve muito de você.
Flávio AnselmoAcesse meu bloghttp://www.flavioanselmodepeitoaberto.blogspot.com/
(Ilustração: Esdras/Divulgação)
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