Novo premiê australiano nomeia a si mesmo como ministro para Mulheres

                                                                          
                                                                                                                                                                            EFE                                            

Tony Abbott, do Partido Conservador, atraiu a ira de feministas; sua equipe ministerial conta com apenas uma mulher
    
O recém-eleito premiê australiano Tony Abbott, do Partido Conservador, começou a montagem de sua equipe ministerial com uma surpresa. Marcado por comentários sexistas durante a campanha, quando exaltou o “sex appeal” de uma candidata de seu partido em vez de seu ótimo currículo acadêmico, ele designou a si mesmo como ministro para programas para a mulher.

Com estilo comparável ao do ex-presidente dos EUA, George W. Bush, Abbott disse que, ao assumir a pasta, transformará o tema em prioridade de seu governo. Em sua equipe de 19 ministros, no entanto, há apenas uma mulher, Julie Bishop, que cuidará do Ministério de Relações Exteriores. Entre 12 secretários parlamentares acontece o mesmo. Também há apenas uma mulher.

Tony Abbott tomou posse no cargo de primeiro-ministro australiano nesta quarta-feira (18)
A oposição trabalhista montou uma planilha para demonstrar que o novo governo australiano está atrasado com relação à participação feminina em ministérios. Enquanto a Austrália terá apenas uma ministra, o Afeganistão hoje tem três, a China tem duas e o Zimbábue tem cinco. Segundo os trabalhistas, Abbott está desconectado da situação das mulheres no país que vai governar.
Em discurso recente, a ex-premiê trabalhista Julia Gillard classificou Abbott como misógino e listou frases ditas pelo novo mandatário que atestariam sua tese. Em uma delas, em entrevista a um programa de TV, o político conservador afirmou que homens têm mais capacidade de liderança e comando do que uma mulher.

O entrevistador diz ao político conservador que gostaria que sua filha tivesse as mesmas oportunidades que seu filho no mercado de trabalho. Abbott responde: “E se homens forem, por fisiologia e temperamento, mais adaptados a exercer autoridade ou a dar ordens?” Em outra ocasião, o novo premiê australiano disse para as “donas de casa australianas” pensarem sobre a economia enquanto “passavam roupa”.
Abbott é também, notadamente, contra o aborto. Ele marcou posição sobre o assunto diversas vezes. “Aborto é a saída mais fácil”, disse em 2004. “Não é nenhuma surpresa que as pessoas escolham a saída conveniente de situações constrangedoras.” Em 2010, ele afirmou: “O problema com a prática australiana do aborto é que isso é um assunto grave que foi reduzido a uma questão de conveniência para a mãe.”
Guinada
A construção do novo governo australiano mostra uma forte guinada para a direita após seis anos de administração trabalhista. Hoje na oposição, setores progressistas australianos esperam fortes mudanças nas políticas públicas no país e atribuem a derrota do Partido Trabalhista à falta de união entre os quadros que disputaram a eleição.
Após a montagem do novo ministério, Abbott também decidiu abolir a Autoridade para Mudanças Climáticas, cujo tema ele considerou “uma babaquice” em 2010. 

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