Obama promete “justiça” pela morte do jornalista James Foley, executado pelo "Estado Islâmico", território situado entre a Síria e o Iraque
James Foley aparece sendo executado em vídeo divulgado por grupo extremista nesta terça-feira, 19 de agosto (Crédito: Reprodução)
Igor Waltz (*)
James Foley, um jornalista americano que desapareceu na Síria há mais de um ano, foi morto pelo Estado Islâmico (EI), grupo sunita fundamentalista que atua na Síria e no Iraque. A Casa Branca confirmou nesta quarta-feira, de 20 de agosto, a autenticidade do vídeo divulgado na terça-feira mostrando a execução do jornalista do Global Post. Ainda nesta quarta, o presidente Barack Obama veio a público dizer que grupos como o EI não têm mais lugar no século XXI.
“Grupos como IE falharão, porque o futuro é vencido por aqueles que constroem, e não pelos que destroem. Os EUA farão o que for necessário para que a justiça seja feita”, disse o presidente dos EUA visivelmente irritado.
O FBI também declarou aos pais do jornalista americano sequestrado acreditar que o vídeo de sua execução é autêntico.
Foley, de 40 anos, é jornalista freelance e estava trabalhando para o GlobalPost, uma publicação online com sede em Boston, e também para a agência de notícias France Presse. Ele foi capturado por homens armados na Síria em novembro de 2012.
O vídeo no YouTube intitulado “A Message to #America (from the #IslamicState)” mostra a decapitação do jornalista. “Esse é James Wright Foley, um cidadão americano”, diz um suposto membro do Estado Islâmico no vídeo, antes de cortar a cabeça da vítima. “Vocês estão na linha de frente das agressões ao Estado Islâmico. Vocês foram longe demais no seu caminho de interferir em nossos assuntos.”, completou o algoz.
Antes de ser decapitado, Foley é obrigado a dizer que o verdadeiro culpado por sua morte é o governo dos Estados Unidos, por ter iniciado uma ofensiva aérea ao Iraque. O vídeo mostra também mais um homem de joelhos, identificado como Steven Sotloff, outro jornalista americano.
Sotloff, colaborador das revistas Time e Foreign Policy, desapareceu na fronteira entre da Síria com a Turquia em julho de 2013. O membro do Estado Islâmico diz que o futuro dele depende da próxima decisão de Obama. O vídeo já foi excluído uma vez pelo YouTube, mas voltou ao ar pouco tempo depois.
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) emitiu um comunicado sobre o vídeo que retrata a morte de James Foley. No documento, a entidade acusa os jihadistas de “levar ao extremo sua indústria sanguinária de reféns”. A entidade afirma que se trata do primeiro jornalista estrangeiro assassinado pelo EI, embora já tenha matado inúmeros repórteres sírios.
O secretário-geral da organização, Christophe Deloire, indicou que o jornalista “não trabalhava para o governo americano”, mas que se tratava “de um repórter experiente movido somente pelo interesse da informação e não de sua nacionalidade”.
“Expressamos nossas sinceras condolências a sua família, sua mãe, seu pai, que conhecemos, e aos seus amigos”, completa. De acordo com Deloire, o jornalista trabalhou em outra oportunidade junto à entidade para apoiar a família de um fotógrafo assassinado na Líbia.
No comunicado, a entidade indica que cerca de 20 repórteres sírios estão em poder de grupos armados, além dos 30 profissionais da informação que permanecem detidos pelas autoridades de Damasco. Desde o início do conflito, em março de 2011, 39 jornalistas foram assassinados por exercer suas funções, sendo que 12 deles eram estrangeiros.
Segundo Christophe Deloire, secretário-geral da organização, há cerca de sete jornalistas estrangeiros no poder de grupos islâmicos na Síria. “Este é o mais extremo e sangrento e abominável evento imaginado nesta indústria do cativeiro”, declarou.
Jihadistas
No último dia 8 de agosto, o Exército americano iniciou uma série de ataques aéreos contra o Estado Islâmico no Iraque, onde o grupo tem conseguido avanços. Foram os primeiros ataques dos EUA no Iraque desde a retirada das tropas do país, em 2011.
O grupo está impondo uma selvageria cotidiana em um vasto território entre a Síria e o Iraque, decapitando, crucificando e executando sumariamente os considerados ‘infiéis’. Os terroristas têm a meta de instituir um governo baseado na lei religiosa e expandir sua jihad, a guerra contra os infiéis, a partir do Oriente Médio.
(*) Com informações da Veja, Reuters, EFE, Associated Press e Brasil Post.
(Com a ABI)
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