Brasil terá de aprender a prever catástrofes


A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro está provocando um debate entre os especialistas sobre a falta de preparo do país para lidar com desastres como esse, segundo afirma reportagem publicada segunda-feira pelo diário americano The New York Times.
“Comunicações, eletricidade e água potável ainda faltam em várias áreas, levando os especialistas em desastres a lamentar a falta de preparo do Brasil para chuvas fatais, que eles dizem estarem se tornando mais comuns”, afirma o texto.
O jornal observa que as enchentes e deslizamentos de terra que deixaram mais de 600 mortos são o maior desastre natural do Brasil em números de mortos, num país historicamente “abençoado como quase nenhum outro país de seu tamanho por ser quase livre de calamidades do tipo”.
“Terremotos, ciclones, furacões, nevascas, vulcões em erupção – nenhum se mostrou uma ameaça ao Brasil”, diz o diário.
Uma especialista das Nações Unidas sobre desastres ouvida pelo jornal comenta que até recentemente as secas eram o desastre natural mais conhecido e mais custoso ao Brasil, mas que ultimamente as enchentes e tempestades vêm se tornando cada vez mais comuns.
Especialistas ouvidos pelo New York Times disseram que a diferença no número de mortos entre o Brasil e a Austrália, onde as vítimas fatais pelas enchentes que assolam o leste do país desde dezembro chegam a 28, mostram “uma grande diferença no preparo dos países e em suas políticas para lidar com enchentes”.
“As áreas de serra perto do Rio não tinham sistemas de alerta precoce ou organizações comunitárias efetivas que poderiam ter ajudado os moradores a acordar uns aos outros quando a chuva se intensificou na noite de terça-feira”, diz o texto.
Segundo a especialista da ONU, apesar de a Austrália não ter enfrentado enchentes como a atual desde os anos 1970, tornados anuais e enchentes de menor magnitude levaram as autoridades a desenvolver sistemas de alerta e guias para evacuação dos moradores, com simulações frequentes.
“Uma infraestrutura de drenagem e construções de melhor qualidade também ajudam”, disse a especialista ao jornal.
A reportagem observa que apesar de um mapeamento feito pelo governo ter identificado 177 áreas de risco, do treinamento de líderes comunitários para auxiliar a defesa civil na evacuação de moradores e do alerta do instituto de meteorologia para a previsão de chuvas fortes, nada foi feito, por causa da falta de um sistema integrado de alerta no Estado.(Com o The New York Times/Correio do Brasil/Alejandro Gomez/Prensa Latina)

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