Vinte e cinco anos de luta do MST em Minas Gerais
O MST em Minas Gerais surgiu no dia 12 de fevereiro de 1988, com a ocupação feita por 400 famílias na fazenda Aruega, município de Novo Cruzeiro na região do Jequitinhonha. Hoje o movimento conta com cinco mil famílias no estado, sendo duas mil já foram assentadas em 42 áreas conquistadas.
A região dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, onde o movimento surgiu no estado, será sempre marcada pelo Massacre de Felisburgo, onde 19 pistoleiros fortemente armados, sob o comando do fazendeiro Adriano Chafik, invadiram o acampamento na Fazenda Nova Alegria, localizado no município de Felisburgo, no dia 20 de novembro de 2004.
Cinco trabalhadores foram assassinados, além de diversas pessoas ficarem feridas. Após nove anos de impunidade, a área ainda não teve sua desapropriação definitiva e os assassinos continuam livres.
No ano de 2013, o mandante e executor do Massacre finalmente foi condenado, mas ele ainda não foi preso, e as famílias não foram assentadas. Na região do Vale do Rio doce, o MST conta com uma das mais importantes concentrações de acampamentos e assentamentos de Minas Gerais, além do Centro de Formação Estadual Francisca Veras (CFFV), no município de Governador Valadares.
O triângulo mineiro é marcado pelos vários enfrentamentos contra o agronegócio que está claramente consolidado. “Mesmo com toda adversidade obtivemos muitas conquistas a partir das grandes lutas que se iniciaram, ainda na década de 1990 na área”, afirma Silvio Netto, da coordenação nacional do MST.
A região metropolitana é estratégica, pois cerca a capital de Minas Gerais, sendo um espaço de suporte das lutas realizadas em Belo Horizonte, fundamental para garantir a unidade dos movimentos sociais nas grandes lutas do campo e da cidade.
O sul de Minas é onde o movimento avançou na produção de assentamentos com destaque na produção agroecológica. A região também é onde se localiza um dos mais antigos e emblemáticos conflitos pela terra: a antiga usina Ariadnopolis, localizada no município de Campo do Meio.
No norte do estado, está presente as e os desafios de conviver com o semi-árido, onde também se localizam conflitos emblemáticos, marcados pela violência do latifúndio e dos antigos coronéis que ainda dominam a política e as terras, além das empresas que fazem uso de pistolagem para tentar acovardar os trabalhadores.
No Alto do Paranaíba, o latifúndio está cada vez mais associado às grandes empresas, assim acirrando o conflito pelas terras férteis, mas o MST já obteves conquistas.
Por fim, há a área da Zona da Mata, onde esse ano o MST alcançou uma grande conquista: o Assentamento Denis Gonçalves, na cidade de Goianá. É o maior assentamento do estado de Minas Gerais, hoje garantia de acúmulo de forças para o MST, sendo uma das mais importantes conquistas do último período.
“Minas Gerais continua dominada pela mineração, pelos grandes projetos e pelo latifúndio. As terras continuam concentradas. A política de obtenção de terras e desenvolvimento dos assentamentos é uma das mais medíocres do Brasil, por responsabilidade dos governos e do Estado brasileiro e nossos recursos naturais continuam sendo roubados, obrigando o povo a viver sob uma das maiores desigualdades sociais do país. Há muito o que se fazer, e precisamos continuar articulados para romper os cadeados a serem e cercas em todo nosso estado”, afirma Silvio Netto (Com o MST)
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