Entrevista com Abu Jadled (*)

                                                             

resumenlatinoamericano.org



O braço armado da Frente Democrática de Libertação da Palestina FDLP fala com serenidade e firmeza dos combatentes que conseguiram a vitória para o seu povo. A análise política dos últimos acontecimentos que levaram à vitória. Agora abre-se um novo caminho cheio de dificuldades mas sabemos que pegarão de novo em armas sendo necessário. Aqui ficam as declarações deste chefe militar palestiniano cuja presença nos enche de respeito e admiração.

Que pode dizer-nos do acordo de paz alcançado?

Perante a situação criminosa apresentada pelos ocupantes a Resistência Palestiniana manteve-se exemplarmente firme. De tal maneira que só tiveram que retroceder. E houve também pressões internacionais. A isso temos de acrescentar que na mesa de negociações esteve presente uma delegação unitária palestiniana e se apresentaram oito pontos de carácter humanitário que foram simultaneamente aceites a nível internacional.

As negociações foram complicadas, vimos como Israel queria fazer-se passar por vítima, e que não tinha fundamento a sua justificação de aumentar o cerco e dobrar o bloqueio, fracassou em todos os sentidos. Nem com armas nem com negociações conseguiu o seu propósito.

Triunfou a resistência, o amor do povo palestiniano, a solidariedade dos povos e a solidariedade demonstrada pela esquerda europeia e do mundo em geral, e com isso tornaram-se claros os crimes de Israel.

Os sionistas viram que não conseguiam os seus intentos e para além do mais ficaram sob fogo palestiniano, sofreram dias sem luz, vivendo em refúgios e sofrendo a guerra dia após dia. O triunfo não nos faz esquecer, que os acordos que conseguimos têm de manter-se firmes e que se fazem listas e listas do que se deve apresentar e discutir; levantar-se o cerco totalmente, que há que aumentar o espaço de pesca. Depois o porto e o aeroporto passarão a uma segunda fase de negociações.

Apesar de tantos mortos e feridos e do território destroçado a resistência e o povo continuam unidos?

Mais unidos que nunca e atentos às intenções agressivas de Israel. Sabemos que a unidade nos deu a mesma vitória que as armas assim como a delegação no Cairo. A resistência trabalhou unida e conseguimos bater as forças de Israel.

Ficam pendentes, o porto, o aeroporto, a liberdade dos presos palestinianos, a reconstrução geral de Gaza. Que acha que vai acontecer?

Sobre os presos palestinianos vamos falar na próxima semana. Há que ter em conta que eles querem fragmentar as negociações para tentar conseguir algo, prisioneiros por atentados por exemplo. A negociação sobre os presos vai ser dura, mas hoje não assinamos nenhuma trégua, como sobre o reconhecimento da Palestina a todos os níveis. 

Como Frente Democrática da Libertação da Palestina queremos que sejam assinados os acordos de Roma quanto antes e intervenha o Tribunal Penal Internacional. Há muitos argumentos e muitas provas, tudo entra nos códigos da Justiça. Não há trégua nesse e noutros casos com Israel.

Que ideia nos pode dar da solidariedade internacional e da Espanha em concreto durante estes mais de 50 dias de ataques e que importância pode ter a solidariedade no futuro?

Estamos muito orgulhosos com as formações de esquerda, em concreto a esquerda de Espanha, o povo assim como com a solidariedade internacional que temos recebido. Todos apoiaram o povo palestiniano. Quanto ao governo espanhol pedimos-lhe que não venda mais armas aos sionistas e que denuncie a sua agressão ao povo palestiniano.

Quer acrescentar mais alguma coisa?

Apenas reiterar o agradecimento do povo palestiniano pela vossa solidariedade e um abraço à esquerda solidária.

(*) Porta-voz das Unidades da resistência palestiniana em Gaza

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/?p=4685

Comentários