Repórter do "CQC" lança "álbum da corrupção" para contestar políticos "ficha suja"


                                                              
  
Na última terça-feira (23/9), Maurício Meirelles, repórter do “CQC”, da Band, deu início a uma campanha de conscientização política em sua página no YouTube  O “Álbum da Corrupção” substitui as figurinhas de jogadores da Copa do Mundo por políticos com ficha suja; as imagens de estádios pelas de mansões em nome de servidores públicos; e as equipes de futebol por escândalos de corrupção, como os “mensaleiros”, os “sanguessugas” e até a “privataria tucana”.

O produto fictício custa “um roubo” e tem o selo da editora “Por baixo do Panini”. Utilizando os temas da Copa do Mundo de 2014, além de atingir a memória afetiva de quem tem o hábito de colecionar figurinhas a cada quatro anos, o humorista busca com a campanha provocar uma reflexão no público eleitor.

“Seria lindo se isso fosse verdade”, brinca Meirelles em entrevista à IMPRENSA. “O que a gente quer é mobilizar as pessoas usando uma coisa muito diferente que é o álbum de figurinhas. [...] É uma tentativa de fazer as pessoas se interessarem por política. Saber quem são aqueles nomes e fixá-los, porque o que um político mais quer é que isso não aconteça”, continua.

O vídeo, que já tem quase 20 mil visualizações e mais de 40 mil compartilhamentos, promove a hashtag #abreumpacotinho para incentivar cada vez mais usuários das redes sociais a entrarem na campanha. Meirelles afirma que o projeto envolve um grande número de pessoas, desde os designers e produtores que elaboraram o álbum fictício, até personalidades da mídia que devem aderir à ação nos próximos dias.

Segundo o humorista, há até planos para que o álbum se torne um aplicativo gratuito de smartphone ou uma página no Facebook. O projeto, ele afirma, não tem qualquer tipo de fim comercial e não será distribuído fisicamente. “A ideia é que cada um roube o seu. [risos] Que cada um tenha os mesmos princípios que os caras tiveram para entrar no álbum. Se alguém ganhasse dinheiro com isso não seria coerente”, afirma.

Meirelles encara a iniciativa como uma maneira de contestar a política brasileira atual. Segundo o humorista, trata-se de uma forma de exercitar a liberdade de expressão em tempos de campanha eleitoral. Por esse motivo, ele vê o álbum como um projeto “do povo”, para refrescar a memória do eleitor que não conhece bem seus candidatos.

“É democrático no sentido de você estar insatisfeito e querer divulgar sua insatisfação. Mesmo as pessoas cometendo crimes e sendo condenadas, elas são reeleitas. O brasileiro realmente tem a memória curta na hora de votar. Muitas pessoas estão mandando mensagens do tipo ‘esse deputado X já fez isso, é legal colocar no álbum’, ‘esse cara da minha cidade já fez isso também’ etc., transforma isso numa coisa do brasileiro. Nada mais democrático do que o povo estar dentro do projeto”, acrescenta.

Como repórter do “CQC” e em seus shows como comediante stand-up, Meirelles usa do bom humor para comentar o cenário político brasileiro. Para ele, é possível dizer hoje que política virou motivo de piada. “O humor, para mim, deve ser usado como contestação. E o brasileiro é ligado ao humor. Ele vota no cara que ele acha engraçado, o que faz papel de imbecil etc. Então, nada melhor do que o humor para contestar. Isso chama mais atenção das gerações de hoje do que fazer aquela coisa sisuda, séria, que o pessoal acaba não compartilhando”, finaliza. (Com o Portal Imprensa)

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