Marxismo,leninismo atualíssimos

A abertura do ciclo de conferências Socialismo e Educação, no auditório da Faculdade de Educação da UFMG, pela manhã, foi em grande estilo. Apesar de os paineis espalhados pelo Campus da Pampulha, a portaria da Faculdade dava a informação errada de que o evento seria na Reitoria..
Pior: o convidado especial, professor doutor Antonio Carlos Mazzeo, que seria o primeiro conferencista, chegou a ser barrado pela portaria. O funcionário encarregado chegou a indagar-lhe onde ia ao vê-lo passar pela catraca.

A resposta foi à altura: "Vou aonde bem quiser. Estamos numa universidade pública"..., reagiu o conferencista, presidente da Fundação Caio Prado Júnior, um das promotoras do ciclo.

Mais tarde Mazzeo contaria o acontecido, acrescentando também ter estranhado a presença de guardinhas de uniformes verdes, portanto cassetetes: "Só se for para bater em estudantes", lembrou.

Uma ausência para lá de justificada: a do ex-deputado federal Sérgio Miranda, do PDT, que abriria o ciclo, juntamente com demais convidados: teve problemas com uum de seus parentes.

O professor Antonio Júlio abriu os trabalhos e todos os representantes dos promotores falaram, à exceção do representantes dos geógrafos brasileiros.

E acontreceu uma enternecedora apresentação de A Internacional, por Glauber.

Antonio Carlos Mazzeo fez uma exposição límpida, serena, demonstrando completo domínio das obras dos teóricos marxianos e marxistas, bem como lenianos e leninistas. Além de profundo conhecedor das obras de Gramci, de Engels, de Hegel, Fuberbach, Descartes, Rosseau, Platão, da Paideia Grega (*) etc., a ponto de cunhar a expressão Paideia Socialista, uma como que cosmologia revolucionária do marxismo leninismo.

(No avião leu o livro São Paulo, que acaba de sair em livro pela Editora Boitempo) e citou várias vezes o autor das epístolas bíblicas, que considera "leninistas").

Mazzeo citou igualmente Lukács, lamentando que seu retrato não esteja junto com os demais nos cartazes do evento, Ludwig Fuerbach , Isadora Duncan, que Lenin chamou para modernizar o ballet russo e outros.

Uma das obras mais citadas de Lenin foi Que Fazer.

Também citado, o norte-americano Francis Fukuyama com a teoria furada do fim da história ( o furada é nosso, ele citou outro autor da mesma teoria).

Algumas das questões levantadas no debate que sucedeu o café, no intervalo da conferência do professor Mazzeo: a do centralismo democrático, a do partido único, a da educação do trabalhador , para que se torne um intelectual entre seus companheiros, como queria Lenin, o papel da Universidade etc.

Todas foram respondidas em blocos , em que cada resposta às indagações do auditório como que se encaixavam...

O conceito de centralismo democrático é um conceito sobretudo rosseauliano:( o consenso é feito pela maioria e é tão importante que quem não quiser aceitá-lo deveria ser obrigado a fazê-lo)

Lembrou ainda o conceito de hegemonia que não foi inventado por Lenin, pois vem do grego e está ligado ao militarismo.

Platão, na Carta Sétima ( exposta na Paideia Grega) expõe o conceito de democracia: é a ditadura da maioria e que ele se recusava a aceitar pois ( a democracia grega) tinha sua base na escravidão e era, portanto, um instrumento de dominação.

Poderíamos discorrer mais sobre o primeiro dia do ciclo de debates Socialismo e Educação9, contudo, o espaço nos é restrito, fica o registro do elogio ao socialismo cubano, à organização dos trabalhadores em seu partido politico, as críticas ao vazio representado pelas entidades da sociedade civil, à falta de um instrumento político que as conduza etc.

Vejamos o que será o dia de terça, 23, com Gramci na abertura, às 8h30, na FAE da UFMG

(*) Paidéia (original de capa com o acento), livro de Werner Jaeger lançado no Brasil pela Editora Martins Fontes, tem como subtítulo A Formação do Homem Grego. São 1413 páginas. Dá para ler da primeira à última, com paciência para valer ou então ir pior tópicos...De qualquer forma, quem visita a Grécia, depois de apreciar com vagar as 1413 páginas, o fará com outros olhos de quem não leu ou apenas usou a obra para trabalhos escolares, pesquisas diversas etc.