Pescadores continuam acampados em protesto contra Belo Monte

Funcionário da Funai protesta durante greve
                                                                                                                       
O protesto de pescadores contra Belo Monte, que chegou a paralisar os trabalhos nas obras da barragem do sitio Pimental na semana passada, continua mantido no Xingu. Na última sexta, 21, uma liminar da Justiça estadual deferiu o pedido do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) para que os pescadores se abstenham de impedir os trabalhos na barragem, e o acampamento dos manifestantes na ilha Jatobá foi despejado.

Ainda durante o final de semana, o grupo de pescadores montou novo acampamento na Ilha do Cão, área que não pertence à Norte Energia e de onde não podem ser despejados, e retomaram a pesca-protesto nas imediações da barragem.

Terça pela manhã, oito barcos – simbolizando os oito dias do acampamento – fizeram novo protesto em frente às obras em forma de desfile que atravessou o Xingu de margem a margem. De acordo com relatos, funcionários do CCBM se aproximaram do acampamento em atitude intimidadora, filmando e fotografando, mas não chegaram a usar nenhum tipo de violência.

Segundo o pescador Donato, o ato teve o objetivo de mostrar que os pescadores não recuaram. “Estamos a oito dias nessa luta e não recebemos nenhuma resposta oficial às nossas denuncias e demandas. Queremos a Norte Energia e o Ibama aqui no acampamento pra discutir com a gente. Eu, por exemplo, moro abaixo da barragem e não tenho acesso a Altamira se não for pelo rio. Como vamos faze depois que fecharem? Ninguém explicou isso pra gente. Ninguém falou como a gente ia ser indenizado. Ninguém falou como faz agora que o peixe está acabando”.

De acordo com o pescador, o CCBM vem efetuando uma série de detonações nas ilhas do Xingu, o que oferece grande perigo para os pescadores. “A gente tem autorização legal de pescar no Xingu. Mas aí eles vem de voadeira, intimidando, e enxotam a gente  de onde estamos pescando. Isso eles não podem fazer”. O pescador também afirma que o volume de peixes mortos tem aumentado. “Toda semana eu passo pela barragem pra levar meu pescado pra Altamira, e toda vez vejo peixe morto boiando no local”.

A direção da Colônia de Pescadores de Altamira informou hoje que uma representante do Ministério da Pesca convocou uma reunião para esta quarta, 26, as 10 h. A proposta dos pescadores acampados é que esta reunião ocorra no local do protesto, mas ainda não há confirmação sobre a questão.

Greve na Funai

Servidores da Funai em Altamira estão em greve desde segunda, 24, por melhores condições de trabalho. Segundo os funcionários, há mais de duas semanas foi enviado à presidência do órgão em Brasília vários ofícios apontando os problemas e as reivindicações, mas até esta semana não houve nenhuma resposta.

Sobrecarregados em função dos problemas advindos da construção de Belo Monte, os funcionários, que ontem fizeram um protesto em Altamira, reivindicam medidas como: construção de prédio próprio e adequado que comporte todos os funcionários da Funai loca; mais orçamento; contratação de mais funcionários; construção de uma nova Casa do Índio; e o cumprimento de uma série de acordos com a Norte Energia, que até agora não atendeu nenhuma das condicionantes previstas no Plano Básico Ambiental (PBA). (Com o Movimento Xingu Vivo para Sempre)

Comentários