Carlos Gardel é francês, mostra documento recém-descoberto por pesquisadores
Nacionalidade do cantor era questionada, por ele ter usado certidão de nascimento uruguaia
Um grupo de pesquisadores encontrou um documento que confirma que o lendário cantor de tangos Carlos Gardel, cuja nacionalidade é foco de disputa há décadas, nasceu na França.
Wikicommons
"Encontramos a certidão de nascimento original de Gardel, da prefeitura de Toulouse, na França", disse nesta quarta-feira (19/09) o argentino Juan Carlos Esteban, quem junto com os franceses Georges Galopa e Monique Ruffié, acaba de editar o livro "El padre de Gardel" (ainda sem título em português), com novas revelações da misteriosa vida do cantor.
Esteban assegura que a tese do "Gardel francês" não é totalmente "uma surpresa", já que ele mesmo encontrou anos atrás documentos que indicavam que o cantor, falecido em um acidente de avião em Medellín (Colômbia) no dia 24 de junho de 1935, tinha nascido em Toulouse.
"No testamento de Gardel de 1933, que foi depositado em um cofre de um banco, aparece o certificado de nascimento de Gardel como Charles Romuald Gardés, nascido em 11 de dezembro de 1890 em Toulouse", afirmou o pesquisador argentino.
Além disso, em uma ação sobre a herança aberta no Uruguai em 1937, um juiz declarou a mãe do cantor, a francesa Berthe Gardés, como única herdeira dos bens de Charles Romuald Gardés, que, segundo consta também nesse documento, nasceu na França.
História
Com apenas dois anos e três meses de idade, Gardel chegou a Buenos Aires junto com sua mãe, solteira. Ele se naturalizou argentino em 1923, quando já estava consagrado como ator e cantor de tangos e sua fama internacional começava a crescer.
Sua morte inesperada, no topo da carreira, o tornou uma lenda no mundo artístico. Mas sua figura tornou-se eixo de polêmicas a partir de 1967, quando foi divulgado um documento segundo o qual o Uruguai outorgava ao artista um certificado que o declarava como nascido naquele país, na cidade de Tacuarembó, em 1887 e com sobrenome Gardel, e não Gardés.
O cantor utilizou esse certificado uruguaio para tramitar depois documentação na Argentina.
"Isso ocorreu porque Gardel não estava documentado na Argentina como francês por ter idade para o serviço militar durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). E, para viajar à França, se tivesse ido como francês, teria sido declarado desertor", explicou Esteban.
Gardel teve que comparecer à embaixada francesa em Buenos Aires e se registrar, mas não o fez. Dois anos depois que a guerra acabou, em 1920, registrou-se na embaixada uruguaia com o certificado que lhe havia sido dado, e com ele solicitou a nacionalidade argentina.
O livro, que demandou cinco anos de pesquisas, foca a história do francês Paul Jean Lassere, apontado, segundo diversos testemunhos, como pai de Gardel.
De acordo com Esteban, Lassere foi detido e condenado em Paris em 1892 por roubo. Ele foi posto em liberdade em 1894 e, quatro anos depois, se casou. Paul Jean Lassere, que morreu em 1921, deixou um testamento no qual reconhece unicamente suas duas filhas naturais, às quais deixou uma fortuna de 200 mil francos.(Com Opera Mundi)
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