BRIO aposta em jornalismo independente e aprofundado para engajar leitores
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Projeto investe em jornalismo aprofundado e independente
Leandro Araujo | 29/07/2015 17:00
Com a crise nas redações e as demissões em massa, três jornalistas que já passaram por tradicionais meios jornalísticos do Brasil, como Folha de S.Paulo, resolveram criar um site que aposta no jornalismo independente.
O BRIO se caracteriza por ser uma plataforma multimídia na qual jornalistas independentes e produzem reportagens reais e aprofundadas sobre diversos assuntos. O projeto é tocado por seis sócios: os jornalistas Fernando Mello, Felipe Seligman e Breno Costa, que se conheceram na Folha e decidiram criar a plataforma; e os responsáveis pela execução do projeto Marc Sangarné, Tomas Silva e André Kano, que cuidam da área de marketing.
Seligman afirma que a ideia do site surgiu depois que ele e seus colegas começaram a ter dúvidas sobre o futuro do jornalismo. “Tínhamos uma preocupação sobre como a nossa profissão irá se reinventar para lidar com as dificuldades atuais. Percebemos que poderíamos seguir o caminho do empreendedorismo para responder nossas dúvidas”, explica.
O jornalista alega também que o site não é considerado um portal de notícias, já que o BRIO não foca na produção em tempo real. “Queremos produzir um conteúdo de qualidade, da melhor forma possível. Acreditamos que existe um espaço para um conteúdo aprofundado e relevante”, afirma.
Processo de seleção e edição de reportagens
Os responsáveis pelo conteúdo publicado têm um processo “rigoroso” para escolher e editar as matérias produzidas. Nas reuniões de pauta semanais são discutidas as ideias em mente, além de outras possíveis pautas.
Durante esses encontros são analisadas todas as pautas que chegam até os editores. Como a maior parte do conteúdo publicado foca na produção multimídia — textos, infográficos e vídeos —, uma história pode demorar até seis meses para ser produzida e editada pela equipe.
Para sugerir uma ideia de pauta, um ou mais jornalistas independentes que desejam trabalhar em conjunto podem entrar no site e enviar a sugestão. Se o tema for aprovado pelos editores, os repórteres começam a produção.
Para fazer isso, os profissionais devem prestar atenção ao código editorial criado pelos fundadores da plataforma. Nele, constam informações como o tamanho ideal de um texto, os elementos que devem conter na matéria e o compromisso com a análise da história.
Seligman diz que todo tipo de reportagem que tenha análise e profundidade pode ser publicada no site e afirma que o grupo quer expandir sua área de atuação nos próximos. “Devemos focar em outros formatos, sempre buscando a melhor forma para chegar a um público que quer consumir conteúdo jornalístico que vá além do factual”, alega.
Suporte financeiro
Durante a criação do projeto, os sócios investiram e contaram com a ajuda de amigos e familiares. O valor arrecadado consegue manter o site nessa primeira fase de testes. Nela, está sendo analisada a melhor maneira de chegar à sustentabilidade financeira e jornalística.
Para “estreitar a relação entre produtores e consumidores”, a plataforma optou por não depender de ajuda publicitária. Assim, o site precisa que suas histórias cativem os leitores que, num futuro próximo, podem se tornar assinantes e pagar pelo conteúdo adquirido.
Seligman diz que, neste primeiro momento, todas as reportagens podem ser lidas gratuitamente. “Entendemos que precisamos testar o interesse das pessoas. Acredito que a sustentabilidade passa, com certeza, pelo retorno do internauta”, explica.
Ele alega também que os modelos de micro-pagamento são exemplos que serão testados, mas ainda não sustentam a empresa. No entanto, para ele, o internauta precisa ver o BRIO como algo relevante e necessário.
Adesão dos profissionais
O jornalista conta que pessoas importantes já fizeram boas críticas ao conteúdo publicado pelo BRIO. Seligman ainda revela que uma série de reportagens sobre projetos desenvolvidos por empresas brasileiras no exterior teve impacto na mídia desses países.
Com isso, ele e a equipe percebem que muitos profissionais ficam cada vez mais com vontade de escrever grandes histórias para o BRIO. “Percebemos que os jornalistas receberam muito bem o projeto, propondo boas reportagens e colocando para nós um grande desafio de selecionar grandes histórias entre as propostas que recebemos”, finaliza. (Com o Portal Imprensa)
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