Quem fica sentado muito tempo pode ter problemas circulatórios, alerta entidade

                                                                               

Alana Gandra (*) 

Pessoas que ficam sentadas durante longos períodos, em especial em viagens de avião, ônibus e carro, e mesmo em escritórios, estão mais propensas a ter problemas circulatórios. O alerta é da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, que está lançando campanha nacional de orientação à população. A ação será reforçada em agosto, quando se comemora o Dia do Cirurgião Vascular, no dia 14.

“A posição sentada não é anatômica para o ser humano. Anatômico é caminhar ou deitar. O sentar é uma imposição da sociedade e da evolução do ser humano”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Pedro Pablo Komlós. Ele destacou que mesmo quando senta no escritório, no restaurante, em casa para assistir à TV, a pessoa costuma levantar de tempos em tempos, inclusive para ir ao banheiro, e cruza e descruza as pernas. “Existe um movimento. O coração das pernas, que são as panturrilhas [chamadas de barrigas ou batatas das pernas], se movem constantemente no dia a dia”, acrescentou.

Porém, quando a pessoa faz uma viagem longa, em espaços apertados, a movimentação se torna difícil. Há imobilidade, “e aí começam a surgir os problemas”, ressalta. Com o movimento reduzido, a tendência é a pessoa se desidratar, em função do ambiente seco, com ar refrigerado permanentemente ligado e ingestão de quantidade pequena de líquidos. Segundo o especialista, todos que ficam muitas horas sentados tendem a inchar e, depois que levantam, sentem desconforto, “as pernas ficam doloridas, pesadas”.

“Depois de ficar muito tempo sentado em uma mesma posição, sem movimentar as pernas, com os joelhos dobrados, sem sequer cruzar (as pernas) porque não cabe, desidratando, a pessoa tem dificuldade de retorno do sangue nas veias, dos pés ao coração”, diz o presidente da entidade. A partir disso, pode acontecer trombose, embolia no pulmão, que eventualmente podem ser fatais.

Se a pessoa tem uma história familiar de trombofilia, essa é uma característica que tende a se repetir. O mesmo ocorre se há deficiência de algum fator de coagulação. Outro elemento desencadeante de trombose é a presença de varizes volumosas, que precisam ser tratadas, não só por serem feias ou provocarem dores, mas também por serem potencialmente perigosas e favorecerem o aparecimento de trombose.

Há ações simples que podem ser feitas para evitar os problemas. O programa de check-up vascular da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, que será divulgado para a população leiga de todo o país, pode ser permanentemente atualizado, chamando a atenção dos profissionais da área para a existência de doenças vasculares. As pessoas sadias passarão a fazer também check-ups vasculares, que envolvem exames físicos e de coagulação sanguínea, além de ecografia.

Com esses procedimentos avalia-se a condição da pessoa. O tratamento das varizes nesse contexto vai ser um elemento importante na vida do indivíduo, por ser um "tratamento preventivo, que vai evitar que ele tenha outras complicações no futuro”, acrescentou.

Para viagens com duração acima de oito horas, ele disse que o uso de meia elástica de média compressão ajuda muito a prevenir inchaço e dores, além de prevenir da trombose. Segundo o especialista, quando existe preocupação ou conhecimento de enfermidade prévia na família, a indicação é que a pessoa procure um angiologista ou cirurgião cardiovascular.

Existe também a possibilidade de uso de alguns medicamentos, como flebotônicos (substância para estimular o funcionamento das veias) e até anticoagulante oral simples, de curta duração. Os medicamentos devem, entretanto, ser prescritos por especialistas.

Caminhar de tempos em tempos é recomendável. Além disso, estando em um mesmo lugar, a pessoa deve procurar mexer os pés, como se estivesse acionando o pedal de uma máquina de costura. “É um exercício bom, que vai movimentar a panturrilha. Com isso, você está bombeando as veias”, ressaltou.

(*) Alana Gandra  é repórter da Agência Brasil

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