Entidade de defesa dos direitos da mulher lança ferramenta digital para jornalistas

                                                             

Cláudia Souza


A ONG Instituto Patrícia Galvão – Mídias e Direitos divulgou  quarta-feira, 29, o “Dossiê Violência contra as Mulheres”, que reúne pesquisas atualizadas, serviços e fontes especializadas em violência de gênero no Brasil. Os dados integram uma plataforma digital direcionada a profissionais de imprensa. 

O objetivo é qualificar e promover a cobertura jornalística do tema. O material, que poderá ser acessado a partir da segunda semana de agosto pelo público em geral, já está sendo disponibilizado para profissionais de comunicação.

— Reunimos um banco de fontes de especialistas que podem contribuir com informações e análises estratégicas, além das pesquisas mais recentes sobre o tema. A ideia é mantermos a atualização permanente da plataforma e, desta forma, auxiliarmos a mídia na contextualização da violência contra a mulher, no repasse de informações e caminhos para a denúncia, assistência jurídica e social às vítimas, explicou Débora Prado, representante do Instituto Patrícia Galvão.

De acordo com Jacqueline Pitanguy, da ONG Cidadania, Estudo, Pesquisa Informação e Ação – Cepia, a cobertura da mídia brasileira sobre a violência de gênero avançou nos últimos anos, mas precisa melhorar.

— O salto de qualidade seria deixar de lado o aspecto do escândalo e do crime para uma abordagem contextual da violência incluindo questões relacionadas ao papel de homens e mulheres na nossa sociedade e as estruturas de poder fundamentais ao trabalho de prevenção.

A jornalista Sueide Kintê, do Coletivo de Mulheres Negras Flores de Dan, acredita que a plataforma digital resultará no aumento da produção de reportagens sobre o tema nas mídias alternativas e em grandes veículos:

— Será um grande desafio oferecer pautas que contribuam para a realidade das mulheres dentro de suas casas e para a elaboração de estudos sob a temática das mulheres negras no Brasil.

A ferramenta digital contribuirá para a visão mais ampla do assunto por parte da mídia, na opinião de Maíra Kubik, professora em Estudos de Gênero e Diversidade, do Departamento de Ciência Política, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

— A plataforma digital vai contribuir para a eliminação de preconceitos quando o tema surge na cobertura dos veículos de comunicação. Podemos situar a violência como a ruptura de qualquer forma de integridade, seja psíquica e sexual. Da forma como a sociedade está constituída, encontramos determinados grupos em posições de superioridade e inferioridade.  Nas relações de gênero as mulheres comumente são vistas como inferiores.

A Secretária de Política para as Mulheres da Presidência da República, Aline Yanamoto, destacou o crescimento de casos de feminicídio no País, morte violenta de mulheres por razão de gênero, e a importância do papel da imprensa para o entendimento da questão:

— O percentual de mulheres assassinadas entre as mortes violentas é 10% no Brasil, onde as mulheres estão mais vulneráveis justamente por serem mulheres. Cerca de 16 países já tipificaram o feminicídio. A América Latina apresenta preocupante taxa de elevação deste crime. O debate qualificado na mídia será relevante para discutirmos estratégias de combate à violência de gênero.

Dossiê foi apresentado esta semana (Imagem: Divulgação/Agência Patrícia Galvão)

(Com a Associação Brasileira de Imprensa)

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