Convenção do PCB de Ipatinga lança candidato a prefeito, a vice e a vereadores. Ao final haverá comemoração dos 90 anos do PCB


                                                             

O Partido Comunista Brasileiro , de Ipatinga, promove sua convenção municipal nesta quinta-feira, dia 21. Na ocasião estarão sendo debatidas as possibilidades de lançamento de candidato a prefeito e vice-prefeito de Ipatinga bem como o lançamento de candidatos a vereador. O horário da convenção será das 20h02 às 21h02. Logo após será realizada uma homenagem aos 90 anos do Partido Comunista Brasileiro. A convenção e as homenagens ao PCB serão realizados no plenário da Câmara Municipal de Ipatinga.

No dia 7 de outubro, dia das eleições, haverá um ato cívico em Ipatinga relembrando o massacre de trabalhadores da Usiminas na mesma data, em 1963. 

O Partido Comunista Brasileiro , de Ipatinga, promove sua convenção municipal nesta quinta-feira, dia 21, dua Convenção Municipal. Na ocasião estarao sendo debatidas as possibilidades de lançamento de candidato a pefeito e vice-prefeito de Ipatinga bem como o lançamento de candidatos a vereador. O horário da convenção será das 20h02 às 21h02. Logo após será realizada uma homenagem aos 90 anos do Partido Comunista Brasileiro. A convençao e as homenagens ao PCB serão realizados no plenário da Câmara Municipal de Ipatinga. 
Cinco casos do Massacre de Ipatinga

Na manhã de 7 de outubro de 1963, rajadas de metralhadoras foram disparadas contra mais de cinco mil operários que protestavam contra
as condições indignas a que estavam submetidos na siderúrgica Usiminas, inaugurada um ano antes, em Ipatinga, Minas Gerais. Por volta
das 10 horas, uma pedra foi lançada em direção à coluna de policiais militares chamados para sufocar a greve, ferindo um dos soldados. A
PM abriu fogo contra a multidão de trabalhadores, metalúrgicos da empresa e operários da construção civil. Na versão oficial, o saldo foi
de 78 feridos e oito mortos, entre eles um bebê. Durante o tumulto, os tiros eram desferidos a esmo e atingiram a menina Eliane Martins,
de apenas três meses, levada pela mãe para ser vacinada no ambulatório da empresa.
Antes de ter início a construção da Usiminas, no final dos anos 50, Ipatinga era um minúsculo distrito do município de Coronel Fabriciano,
com 60 casas e 300 habitantes. Por isso, a construção da siderúrgica foi saudada como sendo a chegada de um verdadeiro
Eldorado. A população pulou para 10 mil pessoas, mas o vilarejo não tinha infra-estrutura para suportar essa sobrecarga e a empresa
não realizou os necessários investimentos sociais para suprir as carências dos operários. O quadro de penúria era agravado pelas
condições salariais oferecidas.
Matéria publicada no jornal Binômio, tablóide independente criado em Belo Horizonte em 1952, conta que os funcionários de baixa hierarquia da
Usiminas moravam em alojamentos apertados, revezando-se com os colegas para poder dormir, já que as camas eram compartilhadas. Transporte
e alimentação não eram melhores. Viajavam em caminhões sempre lotados e, na comida, tocos de cigarros e baratas eram encontrados com freqüência.
Também eram comuns os abusos de autoridade, existindo registro de violências físicas contra os trabalhadores. O protesto ocorreu como
manifestação espontânea em resposta às agressões praticadas por vigilantes e policiais contra alguns colegas na noite anterior. Sem o arrimo de
uma organização partidária ou sindical, os operários agiram movidos pela indignação e foram metralhados.
Para apreciação na CEMDP, foram encaminhados cinco processos em 2004. Segundo os relatores, a Lei n° 10.875/04 introduziu duas novas
possibilidades de indenização, propostas pela própria Comissão Especial, necessárias para complementar os efeitos de pacificação pretendidos
pela lei. Uma delas se refere às passeatas e manifestações reprimidas pela polícia durante o período fixado em lei. Para os relatores,
não seria possível distinguir vítima de repressão à manifestação que estivesse dela participado ou vítima casual. Os relatores entenderam
que não importava saber quem determinou ou como se originou o comportamento da tropa policial militar convocada para manter a ordem
e a segurança das pessoas: “a ação ou reação policial de disparar contra uma multidão desarmada não poderia ter outra conseqüência senão
as várias mortes e inúmeros feridos”.
Os cinco processos foram deferidos por unanimidade, conforme relatado a seguir, não sendo apresentados requerimentos relativos à criança
de três meses, Eliane Martins, nem aos dois outros mortos relacionados pela direção da empresa: Aides Dias Carvalho, filho de João Dias de
Carvalho e Maria Motta, e Gilson Miranda, da empresa EBSE.
Casos anteriores a abril de 1964
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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE
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ALVINO FERREIRA FELIPE (1921-1963)
Número do processo: 130/04
Filiação: Maria do Patrocínio Silva e Antônio Felipe
Data e local de nascimento: 27/12/1921, Ferros (MG)
Organização política ou atividade: não definida
Data e local da morte: 07/10/1963, Ipatinga (MG)
Relator: Belisário dos Santos Jr.
Deferido em: 26/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29/10/2004
Alvino morreu em decorrência de ferimentos causados por disparos de arma de fogo. Segundo relato da filha Maria da Conceição Gomes
Felipe, Alvino fazia um tratamento de saúde devido a um acidente em que foi atingido pela roda do caminhão que transportava operários
para o trabalho. Naquele dia de 1963, ele se dirigia à sede do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), em Acesita,
para se submeter a uma perícia médica. Ao passar nas imediações do conflito, foi atingido por uma bala que perfurou seu crânio na região
occipital. Morreu antes de ser socorrido. O corpo foi levado para o escritório central da Usiminas e depois encaminhado à família.
Funcionário da empreiteira A.D. Cavalcanti, Alvino foi tido pelas autoridades como indigente, por causa das roupas que usava, um paletó
muito simples, diferente do uniforme dos colegas. Porém, um funcionário da usina reconheceu o corpo na sala da empresa e avisou a família.
Maria da Conceição soube que o pai, a caminho do IAPI, chegou a ser avisado da greve na portaria da Usiminas. Segundo ela, ele não
acreditou no que estava acontecendo e continuou a caminhar em direção ao escritório central, onde foi atingido pelo tiro. O legista Hercílio
Costa Lage assinou o óbito, atestando “hemorragia interna devido a ferimento penetrante no crânio, por projétil de armas de fogo”.
ANTÔNIO JOSÉ DOS REIS (1925-1963)
Número do processo: 120/04
Filiação: Almerinda Antônio dos Reis e Manoel Celestino dos Reis
Data e local de nascimento: 15/12/1925, Mantena (MG)
Organização política ou atividade: não definida
Data e local da morte: 07/10/1963, Ipatinga (MG)
Relator: Belisário dos Santos Júnior
Deferido em: 26/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29/10/2004
No laudo da necropsia de Antônio José dos Reis, assinado pelo legista Hercílio da Costa Lage, está escrito: “fratura na base do crânio devido
a projétil de arma de fogo”. Ele trabalhava na Convap, empresa de construção civil, há dois meses. Naquele dia, havia saído de casa no
horário de costume, quatro da manhã, para pegar a condução. A esposa, Tereza Gomes, acordou com o chamado do sogro, que a avisou
dos graves acontecimentos na portaria da Usiminas. No primeiro momento ninguém se preocupou, pois Antônio José certamente já estaria
dentro da empresa. Ao final do dia, Tereza percebeu que ele demorava demais para chegar em casa. Ficou então sabendo da morte do marido
por meio de um colega de serviço, Irineu, presente no local na hora dos tiros.
COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS
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GERALDO DA ROCHA GUALBERTO (1935-1963)
Nº do processo: 121/04
Filiação: Maria Tereza da Rocha e Romeu Gualberto
Data e local de nascimento: 01/03/1935, Braúnas (MG)
Organização política ou atividade: não definida
Data e local da morte: 07/10/1963, Ipatinga (MG)
Relator: Maria Eliane Menezes de Farias, com vistas de Belisário dos Santos Júnior
Deferido em: 07/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 11/10/2004
O alfaiate Geraldo da Rocha Gualberto saiu de casa na manhã do dia 07/10/1963 para comprar material de trabalho em uma loja de Ipatinga
(MG). No caminho, deparou-se com a manifestação de funcionários da Usiminas e parou para conversar com um primo, quando ambos
tentaram se proteger das balas disparadas em todas as direções. A Polícia utilizava até mesmo uma metralhadora com tripé, instalada na
carroceria de um caminhão. Uma das centenas ou milhares de balas atingiu o alfaiate mineiro, que morreu na hora.
Documentos anexados ao processo na CEMDP relatam que Geraldo foi enterrado em sua terra natal sem exame de necropsia, o que ensejou
a necessidade de exumá-lo algumas semanas depois, para corrigir tal ilegalidade.
JOSÉ ISABEL DO NASCIMENTO (1931-1963)
Nº do processo: 151/04
Filiação: Maria Claudina de Jesus e Joaquim Isabel do Nascimento
Data e local de nascimento: 08/07/1931, Timóteo (MG)
Organização política ou atividade: não definida
Data e local da morte: 17/10/1963, Coronel Fabriciano (MG)
Relator: Belisário dos Santos Júnior
Deferido em: 26/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29/10/2004
José Isabel do Nascimento, fotógrafo amador e funcionário da empresa Fichet, empreiteira da Usiminas, era casado com Geralda Aguiar do
Nascimento, com quem teve cinco filhos. Segundo a família, José Isabel saiu de casa, no centro de Coronel Fabriciano, para mais um dia
de trabalho na área de montagem e construção. Ficou junto aos operários grevistas no piquete organizado em frente à portaria principal
de acesso à usina.
Como trazia a máquina fotográfica, José passou a registrar a movimentação em frente à fábrica. Fotografou um soldado com uma metralhadora de
tripé, momentos antes do inicio do tiroteio. Na verdade, José teve tempo de bater um filme inteiro, tirá-lo da máquina e colocar outro. Quando ia
bater a primeira foto do novo filme, foi atingido por disparo de fuzil e caiu. José Isabel foi submetido a duas cirurgias, mas morreu dez dias depois,
no Hospital Santa Terezinha, em Coronel Fabriciano. O legista José Ávila diagnosticou “abscesso subepático devido a projétil de arma de fogo”.
DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE
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SEBASTIÃO TOMÉ DA SILVA (1943-1963)
Nº do processo: 161/04
Filiação: Geralda Cristina da Silva e José Tomé de Araújo
Data e local de nascimento: 20/08/1943, Guanhães (MG)
Organização política ou atividade: não definida
Data e local da morte: 07/10/1963, Ipatinga (MG)
Relator: Belisário dos Santos Júnior
Deferido em: 26/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29/10/2004
Morto aos 20 anos, Sebastião mudou-se para Ipatinga em busca de melhores condições de vida, pois era arrimo de família. Assim que conseguiu
um emprego na Usiminas como ajudante, buscou a mãe, viúva, e seus seis irmãos menores. Como fazia todos os dias, chegou para
trabalhar e foi impedido de entrar nas dependências da empresa. Resolveu, então, ficar nas imediações da usina até que a chefia resolvesse,
por meio de negociações, a volta ao trabalho. Enquanto esperava, foi atingido por uma bala no crânio, morrendo no local. O legista Hercílio
Costa Lage definiu como causa mortis “lesões encefálicas, dando ferimento penetrante no crânio por projétil de arma de fogo”.

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