Companhia Siderúrgica Nacional inicia demissões
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) anunciou oficialmente ao sindicato Metabase Inconfidentes que pretende cortar 20% dos postos de trabalho entre as minas Casa de Pedra e Namisa. São aproximadamente 950 trabalhadores sem emprego. “Com este ato a CSN mostra sua face autoritária, gananciosa, sem nenhum compromisso social com os trabalhadores ou com a cidade de Congonhas e região.
O sindicato tomando conhecimento do fato em primeiro lugar rechaçou o processo de demissão deixando claro que não concorda em nenhuma hipótese como saída da crise implantar um processo criminoso destes, se querem fazer economia cortem o repasse bilionário aos acionistas, queremos garantir todos os postos de trabalho.
Soltamos um informativo para todos os trabalhadores, estamos comunicando aos movimentos sociais, igreja, associações de bairro, sindicatos, MPT, autoridades das cidades para articularmos um grande movimento para barrar este ataque aos nossos empregos”, relata Valério Vieira, presidente do Sindicato Metabase Inconfidentes (MG).
Os trabalhadores da CSN de Volta Redonda (RJ) e da Mineração Casa de Pedra, em Congonhas (MG), se preparam para resistir à ameaça de cortes, que pode chegar a até 3 mil trabalhadores destas plantas. A leva de demissões já começou e na última sexta-feira (8), 300 trabalhadores foram dispensados pela empresa em Volta Redonda.
Segundo informações de Elton Correa, ativista da CSP-Conlutas de Volta Redonda (RJ), há indícios de que até o fim dessa semana, mais de dois mil trabalhadores serão desligados da empresa.
Devido à inércia do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda, que é dirigido pela Força Sindical, a base decidiu junto aos movimentos sociais formar um fórum de resistência contra as demissões, que conta com a participação da CSP-Conlutas, para tentar barrar essas demissões e os ataques que podem se aprofundar.
“O Sindicato, que deveria representar a categoria, está desacreditado. Se já é difícil combater os ataques das empresas quando o sindicato é combativo, imagina em sindicatos que tem como política a conciliação?”, questiona o companheiro.
Desde o anúncio das demissões, esse fórum tem atuado junto aos trabalhadores, com panfletagens na porta da fábrica convocando para a resistência. “A CSP-Conlutas e as entidades e movimentos sociais que compõem esse fórum estão na linha de frente dessa luta.”
Os trabalhadores reclamam que a empresa quer retirar direitos históricos da categoria, como a jornada de seis horas, com a desculpa de evitar as demissões. No entanto, a categoria não se deixa enganar e segue exigindo nenhum direito a menos, dizem não para a redução de salários e não ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que o Sindicato tenta impor como medida de manutenção do emprego, mas que os trabalhadores sabem que serve só para proteger os empresários.
Nesta segunda-feira (11), o fórum se reúne para preparar os próximos passos para a luta.
Está prevista uma manifestação na quinta-feira (14), às 17h, contra as demissões. “É hora de os trabalhadores abrirem o olho e se mobilizarem contra cerca de 30% de demissões previstas na empresa, essas demissões ocorrem nacionalmente e podem respingar em outras plantas. Convocamos a todos a se somarem a essa luta. Vamos unificar as nossas lutas”, salientou o ativista, citando exemplos como os dos trabalhadores da Petrobrás e empreiteiras, que prestam serviço para a estatal, e que também estão sendo dispensados.
Como as ações não são isoladas, a CSP-Conlutas e o Sindicato Metabase de Congonhas e Região dos Inconfidentes (MG) estão também em luta contra a ameaça de demissões na Mineração Casa de Pedra, que pertence à CSN, e atua naquela região.
Segundo o membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas e dirigente do Metabase Inconfidentes, Rafael Ávila, o Duda, a empresa anunciou hoje a demissão 950 trabalhadores em Congonhas e região.
“Deixaram claro que as demissões vão acontecer ainda essa semana. Estamos tomando todas as iniciativas para impedir as demissões. Vamos entrar com uma denúncia no Ministério Público para suspender as demissões antes que elas ocorram. Vamos ainda fazer uma forte agitação com panfletagem na mina para alertar os trabalhadores e convocar a luta”, destacou o dirigente. “Vamos buscar articular uma luta conjunta, e tentar unificar nossas ações contra as demissões tanto na planta de Congonhas quanto na planta de Volta Redonda”, ressaltou.
De acordo com Duda, o último dado econômico da empresa de novembro de 2015 aponta lucro de 39%, e a empresa CSN não tem motivos para demitir. “Desde a privatização da CSN a empresa tem lucrado absurdamente com o aumento da receita e da produção. Quem paga são os trabalhadores com a redução de salários, demissões e retirada de direitos”, alerta. Por isso, a luta pela manutenção do emprego e pela reestatização da empresa estão entre as reivindicações dos trabalhadores.
Gráficos de BH também estão em luta
Se os ataques contra os trabalhadores diretos avançam, para os terceirizados o quadro é ainda mais desolador. Os trabalhadores gráficos do Jornal Hoje em Dia de Belo Horizonte (MG) encaram a enrolação da empresa que demitiu os funcionários alegando crise na empresa, mas até o momento não pagou os salários atrasados referentes ao mês de dezembro.
“A empresa disse que fechou o setor, mas na verdade está em conluio com outro jornal para rodar o material, é uma verdadeira maracutaia”, explicou a dirigente da Federação Nacional dos Gráficos e membro do Conselho Fiscal da nossa Central, Eliana Lacerda.
Para cobrar o pagamento deste atrasado, nesta segunda-feira, os gráficos radicalizaram suas ações e ocuparam a empresa. Conseguiram pressionar a empresa que se comprometeu a efetuar o pagamento.
Eliana explica que a luta agora é para que as demissões sejam revertidas e os trabalhadores reintegrados. Na manhã desta terça-feira (12), os trabalhadores realizaram uma manifestação na porta do Jornal contra as demissões.
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