Facebook e Twitter lançam ferramentas para facilitar o trabalho de jornalistas

                                                                      

O Facebook e o Twitter andam praticamente em uma disputa – saudável – para ganhar o amor e atenção dos jornalistas. Choveram lançamentos em 2015 voltados para esse público. Em março, o Twitter lançou o Periscope, aplicativo que faz transmissões em vídeo ao vivo. Cinco meses depois, a rede de Zuckerberg expandiu a ferramenta Live, de mesma função, para profissionais de mídia, antes disponível apenas para figuras públicas.

Mais recentemente, em setembro, o Facebook apresentou o Signal, também no Instagram, onde jornalistas podem acompanhar as tendências e os tópicos mais populares que circulam na rede. Dois meses depois, o microblog divulgou o botão Moments, que traz uma lista de assuntos mais relevantes no momento e organiza conteúdos em ícones específicos.

Crédito:Freepik.com

O menu de aplicativos é farto, basta escolher. “Acho que essas funcionalidades facilitam o trabalho da mídia. O Facebook, assim como o Twitter, Apple e Snapchat, perceberam que as notícias estão migrando para uma distribuição não centralizada. Isso significa que estão sendo consumidas em mais lugares e em formas nunca vistas. Com as iniciativas, eles tentam se posicionar como um ponto central para a coleta e distribuição de notícias”, diz Benjamin Mullin, jornalista e produtor de mídia no Instituto Poynter.

Muitos veículos de comunicação já adotaram em sua rotina ferramentas das redes sociais. O Olhar Digital, por exemplo, passou a publicar diariamente o “Olhar Digital News”, uma reportagem em vídeo curta com as principais informações do dia. Com produção exclusiva para o Facebook, o veículo obteve 34% de aumento no alcance médio diário entre janeiro e abril de 2015.

“Isso facilita o consumo de notícias para quem não quer sair do Facebook para se informar. Além disso, o formato vídeo é mais convidativo que o texto, o que aumenta as chances de engajamento do público [cresceu em 38% entre janeiro e abril deste ano]”, ressalta Marcelo Gripa, editor-chefe do Olhar Digital.

APROXIMAÇÃO

De acordo com Mattheus Rocha, sócio-fundador e diretor-executivo da agência Fizzy Marketing Digital e idealizador do projeto Novo Jornalismo, o Facebook tem uma estratégia de negócios ambiciosa e fica perceptível a sua vontade em deixar de ser apenas uma rede social para se tornar um site de conteúdo social – e isso passa, segundo ele, por publicações nativas.

“Dois fatos levam a crer que a estratégia tem surtido efeito. Um é a popularização do Facebook Ads, sua plataforma de links patrocinados e anúncios, que foi muito bem aceita pelos usuários e gera uma enorme receita para a empresa. O outro é o estímulo à publicação de vídeos hospedados diretamente no Facebook. Em outras palavras, ele não quer que seus usuários saiam da rede social”, opina Rocha.

Seguindo esse raciocínio, o uso de vídeos nativos do Facebook também é uma estratégia do Esporte Interativo desde outubro de 2015. De acordo com Maurício Portela, vice-presidente de mídias digitais do veículo, considerando toda a cadeia de produção, desde casting, equipe de redes sociais, produtores, designers e editores, são mais de cinquenta pessoas envolvidas no projeto. “O Esporte Interativo fechou o mês de junho com um impressionante total de sessenta milhões de interações. Além disso, vemos o público do Facebook cada vez mais próximo e conhecedor da nossa programação na TV.”

Ao mesmo tempo em que avalia com interesse todos os lançamentos e novidades, Gripa também expõe a sua dose de cautela. “Se por um lado o Facebook amplifica o conteúdo jornalístico, ampliando o alcance dos veículos, por outro, concentra o mercado e enfraquece a influência comercial das empresas de mídia. Sobre as ferramentas, acredito que, se bem usadas, podem cortar caminhos nas reportagens e revelar possibilidades novas.”

O Moments, do Twitter, já aterrissou no Brasil, seu segundo mercado logo após a estreia nos Estados Unidos, com a parceria de veículos de comunicação, responsáveis pela maior parte do conteúdo. São eles:BuzzFeed, EGO, Esporte Interativo, Estadão, “Fantástico”, G1, GloboEsporte.com, Gshow, jornalismo da Band, Multishow, Rede Globo e Veja. Além disso, uma equipe com formação em jornalismo organiza as narrativas a partir de tweets já publicados – manualmente, sem uso de algoritmos.

“Nós estamos criando uma nova experiência de consumo para os usuários do Twitter. O conteúdo já estava na plataforma, mas as pessoas tinham que procurar por ele, seguindo contas específicas, buscando por hashtags ou outros termos. Agora, os melhores vídeos, fotos e os tweets mais importantes estão à distância de um clique”, disse Leonardo Stamillo, diretor editorial do Twitter para a América Latina,durante apresentação do aplicativo.
(Com o Portal Imprensa)

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