Portugal
Um candidato ficcional,
Um presidente da direita
A eleição de Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta é um muito preocupante resultado. A Presidência da República continuará a ser assumida por um personagem da direita. Agora por alguém cujo passado de ligação ao regime fascista e de combate ao Portugal de Abril se conjuga com uma habilidade para a intriga política incomparavelmente superior à de Cavaco Silva.
O balanço destas eleições exige uma profunda reflexão crítica acerca de como foi possível este sucesso da direita. Sucesso que não pode ser apenas atribuído aos factores que o favoreceram, mas também à ineficácia dos que o tentaram evitar.
Esta eleição é a preocupante conclusão de uma campanha eleitoral que manifesta novos traços de uma crise política e democrática. Uma campanha em geral desprovida de real conteúdo político, conduzida - no fundamental e para a grande maioria dos candidatos - através da construção de personagens cuja ligação ao país e aos portugueses ou não existe ou é essencialmente mediática.
Um espectáculo que permitiu que vários candidatos mentissem, ocultassem comportamentos e compromissos, formulassem impunemente as maiores e mais reaccionárias enormidades. Um espectáculo que permitiu, desde o início, esconder o perigo real que representaria a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa, e que constituiu um elemento central do seu sucesso. E que penalizou severamente a única candidatura que procurou apontar os riscos em causa.
O primeiro cargo do Estado foi entregue, pelo voto, a um personagem de ficção. Para mal do povo português, o desempenho do cargo irá colocar em evidência o personagem real.
Os Editores de odiario.info
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